segunda-feira, 31 de maio de 2021

O BES e a colaboração Nazi em Portugal

 


A história da colaboração do Governo de Oliveira Salazar com o regime de Adolf Hitler está bem estudada nos anais da nossa História do Século XX.

As próprias Minas dos Carris faziam parte do conjunto de explorações mineiras das quais se retirava o volfrâmio que era utilizado na máquina de guerra da Alemanha Nazi, com o país a receber carregamentos de ouro e outros pagamentos pelo vil metal.

Ricardo E. Santo e Oliveira de Salazar «procederam» à destruição de muita documentação relevante relacionada com o financiamento Nazi já antes de Setembro de 1947. Porém, os serviços secretos britânicos e franceses conservaram muita documentação que não foi destruída então, e que provam esta relação entre o Banco Espírito Santo e o financiamento por parte da Alemanha de Hitler.

De facto, o London Times chegou a publicar um processo de tribunal que clamava pela prisão de Ricardo E. Salgado por parte dos franceses, com uma recompensa de 25.000.000$00. Na altura, era também suspeito de compra e comercio de peças de arte que haviam sido roubadas durante a ocupação Nazi dos vários países europeus.

A Sociedade Mineira dos Castelos, Lda., era uma sociedade comercial por quotas com sede social na cidade do Porto e que tinha como sócio gerente Hans Carl Walter Thobe.

Foi a Sociedade Minero-Silvícola, Lda. que a partir de meados da Segunda Guerra Mundial impulsionou o aproveitamento das concessões mineiras em Carris. A Sociedade Mineira dos Castelos, Lda., de Walter Thobe, está na Sociedade Minero-Silvícola (empresa propriedade da Alemanha Nazi através da denominada holding Rowak/Sofindus) passando a ser sócio gerente desta a partir de 1943. Segundo Gilberto Gomes, a Sociedade Minero-Silvícola, Lda. fazia parte de um grupo  de companhias mineiras cuja produção estava consignada à Alemanha. Ainda segundo João Paulo Avelãs Nunes, na sua obra “O Estado Novo e o Volfrâmio (1933-1947)”, a Minero-Silvícola, Lda. era “propriedade do Gabinete do Plano Quadrienal e do Ministério da Economia do Terceiro Reich através da Rowak (de Berlim) e da Sofindus (de Madrid), dedicando-se à produção e venda para a Alemanha de matérias primas, tais como o estanho e o volfrâmio. A sociedade fora criada em Lisboa a 17 de Dezembro de 1938, transformando-se posteriormente numa “…entidade gestora e coordenadora da actividade de, pelo menos, 12 sociedades com explorações ou com oficinas de tratamento de minérios em Portugal continental.” Citando ainda João Avelãs Nunes “nos anos de 1941 e 1942 a holding Minero-Silvícola, Lda. adquiriu, assim, quotas ou lotes de acções maioritárias na Companhia Mineira das Beiras, Lda.; Empresa Mineira de Folgar, Lda.; Fomento Nacional da Industria, SARL,; Mata da Rainha, Lda.,; Sociedade Mineira dos Castelos, Lda.,; Sociedade Mineira do Couto, Lda.,; Sociedade Mineira de Nelas, Lda.; Tungsténia, Lda.; e Volfrestânio, Lda. (ex-Schwarz & Morão, Lda.).”

O papel de Walter Thobe seria fulcral no desenvolvimento das concessões nos Carris, “participando na criação das condições para o desenvolvimento e exploração da Mina dos Carris, tais como a difícil abertura e reacondicionamento do estradão de acesso, desde a Portela do Homem, até ao centro nuclear da mina, a concessão do Salto do Lobo, a construção dos edifícios sociais e industriais, e a instalação e posta em marcha dos equipamentos para as operações de extracção e tratamento de minério.” 

O documento em cima mostra uma relação dos pagamentos feitos por parte da Alemanha a várias pessoas e entidades já nos meses finais da Segunda Guerra Mundial. A Sociedade Mineira Lisbonense era uma das empresas mineiras ligadas à Alemanha.

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