quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Histórias dos povos do Gerês: a extinção do Ibex-Português ou Cabra Pyrinaica Lusitanica e a Serra do Gerês descrita como um lugar de cabras bravas com ferozes cabrões


A cabra brava ou pyrinaica que agora abunda nas altas montanhas e fragas da Serra do Gerês, é uma reintrodução feita com sucesso, mas a verdadeira cabra da Serra do Gerês foi declarada extinta a 17 de Setembro de 1908. Era o Ibex-Português, conhecida em Portugal apenas por cabra montesa. A cabra pyrinaica lusitanica é uma subespécie extinta da ibex Espanhola que habitou as grandes penedias da Serra do Gerês. 

Era uma espécie que na coloração e tamanho era bastante semelhante à espanhola, embora as manchas fossem mais para o castanho do que para o preto. As hastes eram diferentes de qualquer subespécie Ibérica. Eram apenas metade do comprimento das ibex-dos-pireneus cerca de 50 cm, mas eram o dobro em largura. 

A última foi capturada pelo pessoal florestal em 20 de Setembro de 1890, na Albergaria, sendo enviada à Direcção Geral de Agricultura no dia 23 do mesmo mês. 

No dia que foi apanhada chovia torrencialmente e na Albergaria trabalhava-se na preparação de terreno para viveiros e a cabra veio de cima do Rio Forno, caminhando sossegada e atravessou a terra cavada, os trabalhadores estavam recolhidos da chuva e ao a avistarem começaram a gritar e cercaram o animal, chegaram a disparar um tiro que não a atinge, porém a cabra sobe a terra amolecida acabou por se enterrar e permitiu desta forma que os trabalhadores lhe deitassem a mão, apanhando assim a última cabra pyrinaica lusitanica que foi vista na serra do Gerês. 

O conhecido naturalista e geógrafo alemão, Link que passou e estudou a serra do Gerês teve um exemplar adquirido pelo seu companheiro, o conde Hoffmansegg, que depois ele descreveu minuciosamente. 

Finalmente a 17 de Setembro de 1908 no terceiro e último dia da grande expedição em busca das últimas cabras do Gerês organizada pela "Ilustração Portuguesa" e que contou com duzentos caçadores e cem acompanhantes entre os quais se contava um grupo de cientistas convidados, regressavam da serra com a certeza que a cabra pyrinaica lusitanica estava extinta. 

Os incêndios e a caça desregulada terão sido as principais causas do desaparecimento desta espécie, que durante séculos foi das mais presentes na região do Gerês. 

Exemplo disso é um relato do século XVII ,onde o padre Carvalho da Costa descreve a serra do Gerês como um lugar diferente de "CABRAS BRAVAS COM FEROZES CABRÕES "

Texto de Ulisses Pereira

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