segunda-feira, 13 de abril de 2009

As velhas questões...

Carris, 1970

Quase 40 anos nos separam da fotografia que ilustra esta entrada no blogue. Nela vemos dois edifícios que hoje talvez sejam difíceis de identificar nas Minas dos Carris. Porém, mesmo que eu dissesse que só haviam passado 20 anos entre esta foto e o tempo actual, a verdade não andaria muito longe. A degradação das instalações nas Minas dos Carris deu-se de uma forma exponencial até determinada data e essa evolução não continuou até aos nossos dias pelo simples facto de que se atingiu um ponto de ruína para lá do qual somente uma intervenção mais profunda fará alterar de forma significativa aquilo que vemos no terreno.

Quem se der ao trabalho de ler as inúmeras entradas neste blogue verá que já por muitas vezes perguntei a quem atribuir uma responsabilidade por tamanha destruição? É sabido que já antes do abandono irrevogável das concessões mineiras nos Carris a 28 de Abril de 1989, as instalações já se encontravam em ruína. Esta surgiu pelo simples abandono das instalações, pelo aproveitamento feito pelos locais de muitos materiais lá existentes, e pela destruição e vandalismo puro e simples. No entanto, e tendo em conta do aproveitamento que se fez de outras instalações mineiras no país e no estrangeiro, é legítimo mais uma vez perguntar porque é que nunca se utilizou as instalações para proveito do próprio Parque Nacional da Peneda-Gerês ou de outras entidades que nelas pudessem ter interesse. Parece que a área dos Carris é uma zona conscrita, isolada... uma terra de ninguém na qual não se pode ou deve sequer falar / aproveitar / investir.

Parece-me triste que assim seja. Sei que em tempos um dos directores do Parque Nacional da Peneda-Gerês chegou a colocar a hipótese de se abrir / reutilizar um velho trilho pela margem direita do Rio Homem no Vale do Alto Homem para se ter acesso às velhas minas abandonadas. A ideia não singrou, talvez infelizmente. O Parque Nacional da Peneda-Gerês na sua forma de relacionamento com a sua própria realidade, continua a ignorar o simples facto de a zona ser talvez uma das mais visitadas a pé por aqueles que procuram um contacto mais directo com a sua Natureza em estado bruto.

Por quanto tempo irá continuar esta situação? Por quanto tempo mais o Parque Nacional da Peneda-Gerês será considerado uma coutada de biólogos extremistas e radicais na opinião de muitas pessoas. Para que serve um parque nacional de costas voltadas para quem o financia e o visita, ignorando a opinião de muitos daqueles que em pouco fazem tempo fazem mais do que muitos que passam lá um ano dentro de um gabinete? Não deveríamos ser nós a levantar estas questões...

Fotografia: © António Ribeiro / Rui C. Barbosa

1 comentário:

Jorge Nogueira disse...

Olá Rui,

Uma excelente reflexão!
Mas a culpa morreu solteira!

Qualquer dia vai aparecer um "guru" e os CARRIS vão passar centro do Universo!

Dá tempo ao tempo!
Mas continua o teu magnifico trabalho, porque água mole em pedra dura... E já se começam a sentir resultados do teu trabalho :)

Abraço e muita admiração!

P.S. Em Fafião há lá uma pessoa que tem em seu poder carimbos das minas dos Carris e penso que alguma documentação! O Pai e a mãe dele trabalharam lá muitos anos... e ele nasceu lá, se quiseres mais pormenores envia-me um mail!

Jorge Nogueira