Temos os heróis de sempre e os criminosos do costume.
E quando falo em "criminosos" não falo somente naqueles que ateiam os fogos, falo - sobretudo - naqueles que mantêm o cenário desde que me lembro. Um ano com mais área, um ano com menos área, como se a revelação dos números no final da tragédia trouxesse algum alívio a quem sofre com ela.
Vêm os políticos (criminosos por manter o cenário e viver dele todos os anos) com declarações de circunstância e promessa efémeras como uma chama; vêm os comentadores a comentar o que se comenta todos os anos; vêm os opinadores nas redes sociais subitamente doutorados em qualquer assunto que se note no momento.
Estamos todos - de novo - a assistir, mais ou menos incrédulos, a (mais) uma tragédia num país pobre que tem a mania que é rico e que até tem uma "época de fogos". Nem com as nossas tragédias somos capazes de aprender... "vai ficar tudo bem!"
Todos os anos o mesmo cenário; todos os anos as mesmas declarações, mas no final nada se faz e tudo acontece, mais cedo ou mais tarde.
No final restam vidas (todas elas) destruídas; floresta (a pouca) perdida - sim, porque uma monocultuta extensivamente criminosa de eucaliptal não é uma floresta; resta a esperança que no próximo ano o fogo não nos bata à porta; e um país queimado, triste e desolado. Mas continuamos felizes e contentes porque em breve teremos mais futebol mundial e um '7' que só nos dá «alegrias».
Temos os criminosos do costume, mas felizmente temos os heróis de sempre.
Fotografia: Mike McMillan/USFS
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