A Corga da Abelheira é uma verdadeira porta de entrada para as profundezas selvagens da Serra do Gerês. A sua subida leva-nos a Entre Caminhos e daqui o panorama que se nos depara é de uma imensidão e grandeza só descritível em emoções. Aliás, todo o Gerês assim o é: montanhas de emoções!
Tínhamos a ideia de atingir o topo serrano do Pico da Nevosa, mas as condições de caminhada impediram de atingir o objectivo, chegando apenas até aos Currais das Negras já debaixo de uma trovoada que ecoava pelas paredes nuas de granito ao longo dos vales e corgas. A chuva acabaria também por chegar, tornando o granito escorregadia e fazendo redobrar os cuidados.
Ora, vencida a Corda da Abelheira encetou-se a descida para os Currais de Biduiças e daqui, ao longo da margem direita do Ribeiro da Biduiça, seguimos em direcção ao Curral de Rochas de Matança. Os caminhos serranos vão-se mantendo por onde os animais (e alguns aventureiros) vão passando; porém outros caminhos vão desaparecendo e apenas a presença das valiosas mariolas (não de montes de pedras colocadas ao acaso) assinalam as passagens. Assim, deixando o alagado abrigo pastoril de Rochas de Matança para trás, seguimos encosta acima em direcção à Matança, ladeando-a a Nascente em direcção do Marco K.
Os tímidos caminhos que se vão mantendo na memória levaram-nos então para as Negras com os seus currais verdejantes num dia que, nascendo com céu azul, se enchia de tons plumbeos e com o ribombar dos trovões que se rasgavam montanha acima. Encontramos refúgio no velho abrigo pastoril das Negras e ali tomamos o repasto por entre memórias e histórias.
Desistindo do nosso objectivo, era hora de voltar seguindo na direcção do Ribeiro de Lamelas e cruzando as suas margens à sombra do Compadre, chegávamos de novo ao Curral de Rochas de Matança. Daqui, seguimos o caminho inverso em direcção à Corga da Abelheira, terminando assim mais um dia no mais belo local da Criação.
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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