A noite prometia uma manhã fria, pois os ventos que sopravam em Castro Laboreiro eram frios e arrebatadores. Porém, a noite estrelada deu lugar a uma manhã húmida e coberta de nuvens. Apesar de parecer que a chuva ia aparecer, o dia foi-se transformando e os céus cinzentos deram lugar a tons de azul a ser passeados por nichos de algodão.
O objectivo do dia era percorrer as duas primeiras etapas da Grande Rota da Peneda-Gerês começando na fronteira da Ameijoeira e terminando em Lamas de Mouro, passando perto de Castro Laboreiro.
Para uma informação completa sobre a Grande Rota da Peneda-Gerês visite esta ligação.
Os textos a seguir são retirados dos conteúdos disponíveis na ligação referida.
Etapa 1: Ameijoeira - Castro Laboreiro
Esta etapa inicia-se no lugar da Ameijoeira, freguesia de Castro Laboreiro, no local que marca a fronteira entre Portugal e Espanha, onde se encontra instalado o painel de início de etapa, com a informação pertinente para realizar o percurso.
Partindo do painel de início de rota, o percurso segue por estrada, na direção da aldeia, virando no primeiro entroncamento, à esquerda, na direção da Inverneira de Pontes. Depois de passar o rio Castro Laboreiro, a rota continua por estrada até ao lugar de Pontes, uma das várias Inverneiras que existem ao longo do vale do Laboreiro.
As Inverneiras são pequenos aglomerados de residência temporária, utilizados nos meses mais frios do ano. Localizam-se nas zonas mais abrigadas dos vales, por oposição às Brandas, situadas nas zonas mais altas, nas franjas do planalto de Castro Laboreiro, onde as pessoas vivem durante os meses mais quentes. Hoje já poucas famílias mantêm a deslocação da branda para a inverneira. Noutros tempos, nenhuma família passava o Natal em cima (na branda) ou a Páscoa em baixo (na inverneira). As deslocações eram rigorosamente efetuadas em função das duas datas mais importantes do calendário litúrgico.
Deixando Pontes, a rota segue na direção Norte, pelo antigo caminho que a população e animais utilizavam para efetuarem a migração das Brandas para as Inverneiras. Cerca de 250 metros, depois da aldeia, encontram-se o cruzeiro e antigo aqueduto de Pontes, construído pelos habitantes em meados do século XX.
Continuando rumo a Norte e acompanhando o rio, quase numa linha paralela perfeita, atinge-se o velho caminho que ali atravessa a ponte romana da Cava da Velha (ponte de estrutura Romana adaptada na época medieval) e que segue do lado da margem esquerda do rio. Esta será provavelmente uma das mais belas pontes construídas nestes vales do Laboreiro. A rota não atravessa a ponte! Continua em frente no mesmo caminho, cruza a estrada, e sobe na direção da Inverneira da Assureira, uma das maiores do vale, e, logo depois, surge a Inverneira de Podre. O percurso segue daqui em direção às inverneiras de Ponte do Barreiro e do Barreiro.
A partir daqui o caminho acompanha o carvalhal do Barreiro, subindo à linha de cumeada, onde chega a atingir os 1000 metros de altitude. Nestas cotas mais altas obtém-se uma vista privilegiada do vale e montes do Laboreiro e também da aldeia de Castro Laboreiro (Vila). Em frente, na vertente oposta (direção Este) é possível identificar a ruína do Castelo de Castro Laboreiro, perfeitamente integrada na paisagem. Por fim, a rota atinge o lugar da Vila, Castro Laboreiro, onde tem início a etapa seguinte. Não deixe de visitar o Núcleo Museológico de Castro Laboreiro e a Casa Castreja, a ponte velha de Castro Laboreiro e o centro histórico.
Nesta caminhada não fiz o desvio para a vila, seguindo logo na direcção de Veigas.
Etapa 2: Castro Laboreiro - Lamas de Mouro
A partir deste ponto, a rota segue um antigo caminho que liga a Vila aos lugares localizados mais a norte e que corresponde à continuação do antigo eixo de ligação entre as brandas e as inverneiras da margem direita do rio Castro Laboreiro. Aqui o caminho apresenta-se muito suave, seguindo sensivelmente à mesma cota, proporcionando alguma amplitude de observação. Vai cruzar o ribeiro do Porto Seco, na velha Ponte das Veigas, e atravessar toda a zona de chã, em paralelo com o rio, até voltar a mudar de direção junto aos edifícios da zona de lazer das Veigas, continuando pelo caminho que liga aos lugares de Vido e Portelinha.
Um pouco antes do lugar de Vido, a rota inflete para Oeste (mudança à esquerda), em direção à colina, subindo gradualmente dos 1000 para os 1100 metros de altitude. À medida que subimos, o piso e o meio envolvente alteram-se, passando a rota a seguir um trilho de pastoreio, de acesso aos prados mais altos, atravessando uma zona essencialmente de matos.
O ponto mais alto (1100 metros) é atingido numa zona de bosque, com carvalhos, pinheiros-silvestres e vidoeiros, um importante local de abrigo para várias espécies faunísticas. Logo depois do bosque, o percurso orienta-se para norte, ladeando uma pequena zona húmida (complexo higroturfoso) e, poucos metros depois, deriva novamente para oeste (viragem à esquerda), descendo gradualmente, por entre matos e afloramentos rochosos, até à Porta de Lamas de Mouro. Esta Porta dispõe de um conjunto diversificado de serviços e equipamentos de apoio, nomeadamente a nível informativo e turístico.
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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