quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Serra do Gerês - Da Pedra Bela ao Borrageiro e Fraga do Cando

 


Os dias anteriores haviam sido cinzentos e de chuva, um prenúncio de Inverno que se transformou numa manhã quase primaveril e numa tarde de Verão neste dia em que me lancei para mais uma caminhada pela Serra do Gerês. Queria caminhar pelos topónimos perdidos por entre a penedia e voltar a percorrer o magnífico carreiro que, bordejando a imensidão do Cando, percorre o topo da sua encosta.

Saí (não muito cedo, é verdade) da Pedra Bela onde reinava uma maravilhosa tranquilidade de um quase silêncio trespassado pelo chilrear e cantarolar dos pássaros de Outono. O ar ainda húmido da noite deixava-se riscar pelos raios de Sol que fintavam a ramada dos pinheiros decorados com as gotas de orvalho. Mochila às costas e com tudo pronto, deslocava-me o mais silenciosamente possível sobre a terra batida e molhada, mas não o suficiente para não alerta a corça que correu num profundo silêncio por entre a vegetação; nem um quebrar de ramo, nem uma ondulação - a corça parecia flutuar na paisagem do bosque à medida que se tornava indistinta por entre a ramada. Foi um momento que valeu o dia e se a caminhada ali terminasse, já teria o «dia ganho».


Passando acima do Curral de Espinheira, o caminho levar-me-ia ao Curral da Carvalha das Éguas e depois ao Curral da Lomba do Vidoeiro, seguindo depois para o imenso Vale de Teixeira. O Curral de Teixeira ainda se encontrava resguardado do Sol, mas a maior parte do vale já se deleitava à luz e ameno calor de um dia outonal. Passado o Rio de Teixeira, segui para o Curral do Cambalhão e de seguida ataquei a subida da garganta da Preza, ultrapassando depois os fraguedos do Enfragadouro antes de chegar à Chã da Fonte. Daqui, tomei o carreiro mariolado pelas Lamas do Borrageiro em direcção ao alto do tempo do Gerez Thermal.

Com um dia limpo de nuvens a paisagem era soberba, abrangendo as quatro serras do Parque Nacional e muito mais além. No entanto, era um vento frio que se fazia sentir à altitude do destruído centenário marco geodésico e a paragem que ali havia previsto ficou para mais tarde.


Seguindo em direcção a Nascente, baixei para a Chã das Rocas Negras com o seu abrigo pastoril alagado e, passando a Oeste dos dois cabeços granítico, segui em direcção à orla do Vale do Cando. O carreiro vai-nos levar a passar pelo cimo da Corga dos Fitoiros Negros e perto da Eira Bonita, chegando depois à Fraga do Cando. A paisagem é única na Serra do Gerês e presenteia-nos com a vista de um vale encimado pela Roca Negra e Meda de Rocalva que tornam minúsculo o abrigo pastoril do Curral do Cando. 

Depois da Fraga do Cando, o carreiro vai levar-nos para uma descida que termina no topo da Corga de Giesteira à sombra do alto da Arrocela., seguindo então para o Curral de Coriscada e descendo ainda mais pela Corga do Urso até chegar às margens do Ribeiro de Giesteira que mais adiante se juntará ao Rio do Arado. Continuando, vamos então descer para o Miradouro da Cascata do Arado e Ponte do Arado, tomando por algumas dezenas de metros a estrada florestal até seguirmos para o traçado da Grande Rota da Peneda-Gerês (GR50), subindo o Cocão. A GR50 leva-nos até perto do Curral de Espinheira por onde teremos de passar para então voltamos ao ponto de partida na Pedra Bela.

Ficam algumas fotografias do dia...


















Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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