A Serra da Peneda dá-nos a sensação dos espaços selvagens, quase intocados e onde o religioso e o profano melhor se combinam para nos proporcionar um ambiente único e muito peculiar, engrandecido pela paisagem agreste do granito que parece rasgar a terra de onde brota.
As alminhas nos cruzamentos transportam-nos para um ambiente onde a crença religiosa vai buscar forças ao oculto. Uma floresta de carvalhos à luz do Sol por entre o nevoeiro, carrega-nos com um misticismo que nos faz caminhar mais depressa, pois a noite vai chegando por entre os curtos dias de Inverno. O lusco-fusco de uma vela que ilumina a figura santificada, o Cristo sangrento que afugenta as forças do Demónio. É assim Castro Laboreiro com as suas casas em pedra, altivas e seguras por entre um vento frio que corta a pele e gela a alma. Os campos estão agora silenciosos, pois o Inverno por aqui assentou praça e o frio vai resistindo. As mulheres vestidas de um negrume que marca, um negro que se destaca...
O Trilho Castrejo é um trilho de pequena rota que nos leva a percorrer as paisagens peculiares da Serra da Peneda ao longo dos seus mais de 18 km de extensão (marcados pelo GPS), acompanhando a parte inicial (ou final) da GR50 Grande Rota da Peneda-Gerês. Desenhado para mostrar a peculiaridade das brandas e inverneiras de Castro Laboreiro, o percurso inicia-se com uma subida suave a sair da vila, o trilho vai flectir para esquerda nas fraldas da serrania em direcção à aldeia do Barreiro passando por bosques de carvalho-alvarinho onde também se encontram azevinhos, loureiro e medronheiros, encontrando também teixos, vidoeiros e o carvalho-negral. O trilho desce, por vezes de forma acentuada, até atingir uma velha ponte e finalmente cruzar as silenciosas casas do Barreiro. Atingimos depois uma linha de água onde podemos encontrar espécies como o freixo, o salgueiro, amieiro e choupo.
Ao se cruzar esta linha de água convém ter em atenção à direcção do trilho que apesar de estar bem sinalizado em quase todo o seu percurso, pode por vezes induzir em erro o caminhante mais distraído.
Passando Podre, subimos para a inverneira da Assureira que nos vai levar a cruzar a estrada que liga Ribeiro de Baixo a Castro Laboreiro, para nos dirigirmos à belíssima Ponte Nova, ou Ponte Cavada Velha, sobre o Rio Laboreiro. Aqui, deixa-se a companhia da GR50 e prosseguimos, passando ao lado das Cabeçãs e em direcção à aldeia da Curveira após cruzarmos a estrada em direcção à Ameijoeira. Após sairmos da aldeia entramos num trilho de pé posto em direcção ao Bico do Patelo. Aqui as paisagens vão-nos enchendo a alma à medida que a característica formação geológica se vai tornando cada vez maior. O Bico do Patelo faz-nos lembrar o bico de uma ave petrificada que vigia para toda a eternidade o vale.
Após atingir uma das partes mais altas do vale, o trilho inicia a descida até ao estradão que nos leva ao santuário da Sra. de Anamão, seguindo à direita num entroncamento. Ao regressar do santuário, seguimos em frente neste entroncamento em direcção à aldeia da Seara, seguindo-se Padrosouro e, por entre campos e bosques, Caínheiras. O percurso passa depois pela aldeia de Varziela. Após cruzar a pequena Ponte de Varzea, subimos para a estrada e pouco depois entravamos no lugar da vila, fechando assim o percurso castrejo.
A noite é passada na Just Natur AL.
O Trilho Castrejo é um percurso pedestre que se recomenda, estando bem sinalizado em toda a sua extensão, tendo no entanto de se ter especial atenção após a passagem do Bico do Patelo e em direcção à Seara.
Ficam algumas fotografias do dia...
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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