A Casa do Facho é um dos temas que está presente no imaginário de todos aqueles que têm um conhecimento mais acentuado da Serra do Gerês. Envolta em lenda ou mistério, a sua história embrenha-se nos planos de defesa da nacionalidade possivelmente fazendo parte do um sistema de aviso que se estenderia dos píncaros Geresianos até Braga!
O Vale do Rio Homem torna-se vulnerável às invasões com a abertura da Via XVIII, o Itinerário Antonino que ligava Bracara Augusta (Braga) a Asturica Augusta (Astorga) na vizinha Espanha.
Já no século XIII a Portela do Homem tem a sua importância reconhecida na defesa do reino e as inquirições de 1220 assinalam a isenção de serviço militar os moradores daquela zona, mas referindo a obrigatória defesa do Castelo de Bouro e da Portela do Homem.
Iria Gonçalves, no seu artigo "Entre a Peneda e o Barroso: uma fronteira Galaico-Minhota em meados de duzentos" (1998), cita "(...) ao primeiro alarme havia, de imediato que acorrer aos lugares mais vulneráveis da fronteira. Estendia-se ao longo de serras, as possibilidades de penetração localizavam-se em pontos bem determinados, os mais acessíveis. E esses, necessário se torna serem bem vigiados. Pelo menos, por este meio, seriam impedidos os ataques de surpresa. Montanheses que eram aquelas populações, conheciam bem tais caminhos, de muitas vezes os trilharem na múltipla utilização quotidianamente feita (...). Sabiam bem estas gentes como vigiá-los e quais os sítios mais apropriados para isso, onde melhor se podiam esconder na sua função de atalaias."
Em Terras de Bouro existiam sete elementos de defesa que foram estruturados, sendo estes o Castelo de Bouro (de construção em madeira), a Casa do Facho, a Casa da Guarda, a Casa das Peças, a trincheira de Campo do Gerês, a trincheira da Serra Amarela e as Casarotas.
Ponto de importância na defesa daquele território, o Castelo de Bouro seria abandonado já antes do século XVI possivelmente devido às alterações às artes da guerra. Segundo Rosa F. M. da Silva no seu livro "Serra do Gerês - De Bouro a Barroso," possivelmente "(...) a Casa das Peças passou a assumir o ponto fulcral na defesa deste vale fronteiriço."
Ainda segundo o que Rosa F. M. da Silva refere na mesma obra, "(...) a função de controlo e de coordenação entre os diferentes elementos desta célula defensiva era assumida pela Casa do Facho (...) edificada numa posição sobranceira no monte de Picote, entre os 750 e os 760 metros de altitude, e daí usufruir de uma ampla visão do vale do rio Homem para montante de Vilarinho da Furna."
Nos nossos dias todos estes elementos de defesa outrora importantes na defesa de Portugal, estão reduzidos a ruínas e a sua identificação é difícil.
O mesmo acontece à Casa do Facho agora bem localizada, mas que não passa de um amontoado de pedras de uma construção alagada.
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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