A 23 de Março de 2014 escrevi este artigo sobre a tomada popular das casas florestais. Hoje, e depois de ver o miserável estado da Casa Florestal de Albergaria, resolvi publicar novamente este texto que fica mais actual a cada dia que passa!
A posse popular das casas florestais e de outros edifícios abandonados pelo estado (escolas, estações de caminho de ferro, postos da guarda fiscal, postos de fronteira, etc.) só não acontece porque somos cobardes e não temos a coragem de nos levantarmos contra um Estado despesista e que é parasitado por técnicos e decisores políticos que decidem em lesa pátria.
Quem não estuda a História corre o sério risco de a ver repetir-se. Se analisarmos em larga escala os sinais que nos nossos dias nos espreitam através dos recantos obscuros dos media controlados, veremos que os sinais estão todos aí.
Recentemente, o Governo apresentou na Assembleia da República uma proposta de lei que visa transformar os baldios em bens privados, eliminando assim os últimos resquícios de comunitarismo que estas parcelas comunitárias de natureza colectiva representam.
Este é mais um passo na destruição do usufruto popular dos nossos meios rurais e florestais. E isto não se aplica somente às populações locais, pois o ataque surge em larga escala ao limitar o nosso acesso a muitas áreas protegidas.
Em consequência deste longo ataque, as nossas florestas transformam-se em espaços desorganizados e vítimas fáceis dos vorazes fogos estivais com a sua consequente transformação em zonas de plantação de eucalipto tão celeremente aprovada pelos sucessivos Governos.
Uma outra consequência destas políticas foi o abandono das Casas Florestais e dos espaços abrangentes. A extinção da figura do Guarda Florestal, verdadeiro zelador da floresta, abriu a porta à desordem da floresta e posteriormente ao abandono e vandalismo de um património que hoje se vai degradando a cada dia.
Em termos patrimoniais, o abandono das Casas Florestais constitui um crime perpetrado aos olhos de todos pelo Estado! Um crime de lesa pátria! Assim, é urgente que se tomem medidas para evitar esta degradação e recuperar este património, transformando-o numa mais valia para as populações locais.
Assim, e na ausência de uma atitude por parte da tutela que resolva esta situação, é um imperativo que haja uma tomada deste património por parte das populações que se devem unir e reclamar a posse destes edifícios. Devem-se constituir comissões populares que discutam entre todos o melhor destino a dar cada edifício, evitando assim a sua perda e com ele podendo retirar o proveito através do qual possam melhorar a sua vida!
A tomada popular das Casas Florestais é um imperativo, um passo na recuperação das nossas florestas e espaços rurais!
Não à concessão turística das casas florestais! Não à usurpação pelos grandes grupos turísticos das casas florestais!
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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