A 6 de Setembro de 1952 ocorre um novo acidente no interior da mina do Salto do Lobo que resultará na morte de António de Carvalho (natural de Morreira, Braga), escombreiro (era funcionário da Sociedade desde o dia 3 de Setembro de 1952, ganhando um salário de 22$50) de 19 anos de idade, três dias mais tarde enquanto se encontrava internado no Hospital de S. Marcos, Braga. O acidente ocorre às 5h30 e resulta numa queda nas escadas no interior do poço desde uma altura de 12 metros. Não havendo uma explicação para esta ocorrência, em carta enviada ao Engenheiro Chefe da Circunscrição Mineira do Norte a 9 de Setembro por Eurico Lopes da Silva, é referido que “…na realidade, sendo o poço, na parte destinada à circulação do pessoal, completamente vedado, não se compreende o que ocasionasse uma queda tal brutal.”
O auto de inquérito elaborado após uma visita à mina realizada a 12 de Setembro, dá-nos uma descrição das circunstâncias do acidente: “o desastre ocorreu no poço 3-A, entre o 1º e o 2º piso. Este poço tem 11 metros de altura. Ao dar sinal de cessar o turno todo o pessoal se retira sem aguardar qualquer outra ordem. E assim a vítima que andava a trabalhar de parelha com Francisco Baltazar na carga e transporte de vagonetas até ao poço, ao ser dado o sinal foi ao topo da galeria buscar o gasómetro enquanto os outros iam subindo as escadas e o capataz ia a outra frente da mesma galeria carregar e picar o fogo. Quando o capataz ia a retirar, ao chegar às escuras viu um vulto no chão tendo dado o alarme e pedido para o ajudarem a transportar o ferido para o exterior, o que foi feito por ele capataz, Joaquim Rodrigues Angelino, e pelo mineiro João António Fernandes . Chegado ao exterior foi transportado para o hospital de Braga, onde faleceu a 9 de Setembro. As causas do desastre são desconhecidas por falta de testemunhas. No entanto, julgamos que ao atravessar a passagem destinada ao pessoal sobre o poço, com cerca de 80 centímetros e resguardada por um varal se deve ter desviado precipitando-se no poço, de que lhe resultou a morte.”
Não se sabe quais terão sido as consequências para a Sociedade bem como as recomendações resultantes do inquérito levado a cabo. Mais tarde, outros acidentes terão ocorrido como foi o caso do safreiro que tinha a alcunha de 'Cavalo Malandro’ que ao arrumar escombro no fundo da mina sofreu a explosão dum detonador que não tinha deflagrado, sofrendo em consequência graves ferimentos em três dedos tendo-lhe sido amputadas as falangetas. Depois de curado foi transferido para um serviço leve na lavaria onde tinha como função a lubrificação das máquinas. Porém, por falta de cuidado e desobediência às normas de segurança, acabou por ser apanhado por uma correia de transmissão, tendo como resultado uma perna ter-lhe sido amputada. Jovem de 18 ou 19 anos, quis voltar a trabalhar, tendo ficado como guarda do paiol dos explosivos, lugar que desempenhou até ao encerramento das actividades em 1957. Segundo o Virgílio de Brito Murta , Chefe dos Serviços Técnicos à altura, “…era um rapaz muito alegre e mesmo com o problema dos dedos passava os turnos a tocar concertina.”
Adaptado de "Minas dos Carris - Histórias Mineiras na Serra do Gerês" (Rui C. Barbosa, Dezembro de 2013)
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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