Mais uma vez a manhã de Verão estava de feição para um «longo» percurso. A caminhada levou-me ao Curral de Curiscada e depois ao Curral de Arrocela na sombra do pico granítico do mesmo nome, antes de entrar no fabuloso vale do Rio Conho. Aqui, entra-se numa das muitas paisagens únicas da Serra do Gerês com a parte posterior do vale guardada pelo imenso Cutelo de Pias e ao fundo a imponente Roca Negra. Havia de passar no seu sopé ao lado do abandonado Curral do Cando depois de percorrer um longo caminho na ladeira do vale.
Entramos num imenso e grandioso anfiteatro que nos faz lembrar paisagens de outras paragens. Porém, quem se quer lembrar de outras paisagens quando temos isto que nos enche a alma? A nossa dimensão torna-se infinitamente pequena perante tal absolutismo. Ali, naquele local, somente com o constante cantar do riacho somos chamados a uma descoberta de nós mesmos. Os nossos olhos têm a oportunidade única de contemplar aquele magnífico local e fazer-nos entender o verdadeiro significa dos valores que este parque pretende proteger.
O trilho abandona rapidamente o fundo daquele anfiteatro para nos fazer subir em direcção ao prado da Rocalva que nos recebe com as suas pastagens e o seu abrigo bem cuidado. Deixando a Rocalva, decidi percorrer uma parte do Trilho da Vezeira de Fafão passando de seguida pelo Videirinho em direcção ao Estreito onde decidi «cortar» em direcção ao Rio Conho descendo por um trilho que se percorre com extremo cuidado. Em certas zonas só se notam as mariolas que nos guiam na direcção certa, porém já perto do final da descida o caminho torna-se mais definido e facilmente se entre no vale. Seguiu-se depois em direcção ao Poço Verde e depois Pinhô e Ponte de Cervas, passando pela Tribela e Malhadoura em direcção ao ponto de partida.
Uma última nota... já aqui fiz referência ao corte de pinheiros junto do Curral de Pinhô. Certamente que uma coisa é ler os relatos e ver algumas fotografias do local; outra coisa é conhecer a zona e ter o impacto de uma paisagem desnuda. É algo demasiado violento. Como não sou perito em agronomia não posso comentar o que ali foi feito, penso que alguém com formação o saiba. Porém, a paisagem foi totalmente descaracterizada com aquele corte e o pinhal de Pinhô deixou de o ser.
Fotografias: © Rui C. Barbosa
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3 comentários:
Tenho visitado o seu blogue ultimamente...
Costuma visitar estes locais magníficos sozinho?
Por vezes, sim, ou em grupos pequenos.
Este percurso coincide em grande parte com parte do que fiz em autonomia em Junho do ano passado. A descida do vale do rio do Conho é realmente fabulosa, constantemente vigiados pelo imponente Cutelo de Pias.
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