sábado, 20 de junho de 2009

Para uma história das Caldas do Gerês, pelo Dr. Ricardo Jorge (IV)

Continuo a reprodução dos textos do Dr. Ricardo Jorge com os quais pretendia em 1891 traçar uma história das Caldas do Gerês. Estes textos foram publicados nesse ano na obra "Caldas do Gerez - Guia Thermal" e são uma primeira aproximação, que chamarei de académica, para um traçado histórico da vila termal.

Para manter o rigor do texto, decidi não o adaptar ao português actual mantendo assim as características da nossa língua mãe em finais do Século XIX.

"(...)

A primeira serie de cubículos abrange, de cima oara baixo, o Forte, o Contraforte, Aguas-Novas, em tempo chamado o Terceiro, e enfim o Fresco ou Figueira. Na padieira do Forte lê-se em má orthographia a expressiva inscrição latina

ÆGRI SURGUNT SANI

(Os doentes sahem sãos); e na cornija que cinge as casinholas apruma-se uma lapide que reza o seguinte em arrevesada epigraphia:

Estas obras mandou fazer el-rei Nosso Senhor D. João V, à custa dos povos, sendo superintendente d'ellas o dr. Gaspar Pimenta de Avellar provedor da Comarca de Guimarães e para se fazer concorreu com muito zelo o dr. Francisco Pereira da Cruz deputado do Santo Officio e desembargador da Casa da Supplicação de Lisboa, Abril 11 de MDCCXXXV.

Foi pois em 1735 a data do monumento que havia d'affrontar a incuria de mais de seculo e meio.

Ergueram mais dois póços pelo mesmo risco com seu tecto pyramidal sobre as nascentes do Figado e Bica. Esta canalisaram-na por uma caleira coberta até à testada da casa, onde jorra por uma bica sobre uma concha de pedra. Tal é a tão simples, quento famosa FONTE DA BICA - ao presente o palladio do Gerez.

(...)"

Fotografia: ilustração retirada do livro "Caldas do Gerz - Guia Thermal", de Ricardo Jorge, e que mostra um aspecto geral das Caldas do Gerês no início do Século XX.

Sem comentários: