segunda-feira, 23 de abril de 2007

104!


Carris, 22 de Abril de 2007

Já há muito tempo que conhecia a entrada para a Mina dos Carris localizada na Garganta das Negras. No seu artigo "Mineria e Carbón na Raia Seca" publicado na revista "Arraianos", Primavera 06, o arqueólogo David Lopéz Pérez refere que esta saída seria uma saída de emergência localizada no sexto nível da mina. O objectivo de mais esta subida a Carris foi o de registar o ambiente em torno dessa entrada para a mina, a única que se encontra fechada.


Nesta caminhada utilizei o que denomino por 'caminho clássico' sem utilizar no final a derivação para o Salto do Lobo. A caminhada foi iniciada com um dia fantástico dia de Primavera. Pelo caminho vai-se observando a transformação da paisagem. Ao chegar perto do Cabeço do Madorno deparei-me com quatro veículos todo-terreno cuja passagem era impedida pela presença de um enorme bloco de pedra que havia caído no caminho em resultado de um desmoronamento no passado mês de Novembro. O bloco de pedra acabou por ser deslocado do sítio para permitir a passagem dos veículos.


Após uma paragem no Penedo da Saudade dirigi-me ao local onde se situava a antena de comunicação e comecei por descer o vale que origina na represa dos Carris. Para ter acesso ao Vale das Negras existem duas hipóteses, sendo a segunda hipótese a descida até ao Corgo da Lamalonga e depois a passagem ao lado de Matança até ter acesso ao Vale das Negras. Este é o caminho mais fácil, sendo no entanto o mais demorado (porém é o que eu aconselho). Porém, desta vez decidi descer pelo vale da represa. A descida foi complicada pelo mato alto e inclinação do terreno. Qualquer trilho que lá pudesse existir há muito que se perdeu.

Junto à entrada observam-se duas pequenas escombreiras e muitos detritos metálicos para além de vários vagões ferrugentos e rodados que caminho-de-ferro. A entrada para a mina em si está totalmente inundada e aparentemente fechada com um gradeamento. Não tenho a certeza se esta selagem é permanente ou se a porta está somente na posição fechada devido à corrente de água que por ali passa. O ar proveniente do interior da mina é muito frio e a corrente de ar forte. Toda a zona em redor da entrada tem sofrido os efeitos da erosão pelos elementos. A entrada na mina é escavada no granito e não mostra sinais de desmoronamento. Tal como já referi, é notável a presença de vários vagões de minério nas proximidades (tal como se pode ver nas fotografias).


Após registar fotograficamente o local dirigi-me para o topo da Garganta das Negras em direcção ao Pico da Nevosa. É uma caminhada por um trilho único e de paisagens interessantes e peculiares. A Ribeira das Negras corre rápida por um vale encaixado e a presença que pequenas lagoas e quedas de água é frequente. Existe uma queda de água interessante muito perto da abertura da mina. Um local que não conhecia e que me fez parar por vários minutos.


A subida ao Pico da Nevosa cria em nós a sensação de alcançar o topo de uma grande montanha. A inclinação é acentuada em vários locais, mas o caminho é relativamente fácil. Atingindo-se o sopé do promontório granítico que assinala os pontos mais altos da Serra do Gerês é também facilmente distinguível a delapidação que a serra sofreu há muitos anos atrás com aqueles que buscavam as preciosidades geológicas do Gerês. Uma busca sem escrúpulos que marcou a serra para sempre.


O acesso ao ponto mais alto é feito por um pequeno trilho que ladeia os marcos de fronteira e que dá acesso a uma rampa bastante inclinada por detrás do pico. Na parte final convém ter um certo cuidado para subir os metros finais até ao topo de onde se disfruta de uma paisagem fantástica que alarga os horizontes.



Após regressar do Pico da Nevosa dirigi-me à represa dos Carris para fotografar as antigas explorações a céu aberto ali existentes. Esta parte da caminhada foi já feita com chuva e sobre um espectáculo electromagnético fantástico!!!

Fotografias © Rui C. Barbosa

1 comentário:

Anónimo disse...

Bela Caminhada...e fotos espectaculares. O Gerês é mesmo fantástico e tem tanto para descobrir...