Um passeio atento pela Mata de Albergaria mostra-nos que este recanto da Serra do Gerês, muitas vezes apontada como a razão de ser do nosso único Parque Nacional, tem muito mais para nos «dar» do que a preservação deste espaço único em Portugal.
O património ali existente viaja num caminho temporal de quase dois mil anos. A presença do invasor romano é óbvia (a Geira, os marcos miliários, as ruínas das pontes, etc.), mas podemos questionar se a presença humana não será posterior, certamente que o é!
Este espaço territorial foi ocupado por tribos nómadas que terão deixado as suas marcas nos actuais currais de pastoreio, posteriormente ocupados pelos povos que se estabeleceram nesta serranias; vemos os efeitos da Guerra da Restauração e as marcas da Revolução Repúblicana nos restos da trincheira existente na Mata de Albergaria. A presença dos Serviços Florestais desde 1888 e a visita da que terá sido a primeira expedição científica à Serra do Gerês preconizada por Hermenegildo Brito Capelo e Leonardo Torres - membros da Sociedade Geográfica de Lisboa - em Setembro de 1882.
Muitas destas memórias estão registadas tanto em texto como em fotografia, memórias que já mereciam um espaço museológico de preservação da memória. O espaço físico da Mata de Albergaria deveria, em si mesmo, ser um museu em céu aberto com a preservação não só do património faunístico e florístico, mas também na preservação do património edificado através da conservação dos edifícios ali existentes, na referenciação das velhas ruínas (abrigos pastoris, colmeais, abrigo do Clube Académico, ruínas das casas dos guardas fiscais e das casas florestais, património histórico romano, etc.).
A Mata de Albergaria é a essência do Parque Nacional da Peneda-Gerês com os seus tesouros, só temos de o saber preservar... mas esse é o grande problema!
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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