Após um período de estagnação nos trabalhos realizados na Serra do Gerês entre 1891 e 1896, o ano económico de 1896-1897 assiste já à execução de vários trabalhos culturais e de construções por parte dos Serviços Florestais, retomando-se assim a actividade dos primeiros anos desta instituição.
Tude de Sousa refere que assim se inaugura "um período mais fecundo pelo sossego e tranquilidade que de alguma maneira se iam conquistando" ("Mata do Gerês - Subsídios para Uma Monografia Florestal", 1926, pág. 82).
(A fotografia mostra a ponte sobre o Rio Forno na Mata de Albergaria em finais do século XIX)
Neste ano económico, nomeadamente em Fevereiro, realizaram-se várias sementeiras em Palheiros e na Galeana, tendo-se plantado 1.422 castanheiros e 800 carvalhos na encosta do Vidoeiro, 1.788 castanheiros na Albergaria, 1.546 castanheiros e 1.296 carvalhos na Galeana, e 77 árvores diversas no caminho da Chã da Pereira.
A 25 de Outubro de 1896 é lavrado um auto de entrega de terreno na Portela do Homem para a construção de um quartel da Guarda Fiscal. A «cerimónia» ocorre na secretaria dos Serviços Florestais, nas Caldas do Gerês, sendo assinado pelo silvicultor António Mendes de Almeida (que ali se encontrava a realizar trabalhos topográficos) e pelo chefe de secção da Guarda Fiscal do Gerês, Albano Augusto Pereira (mais sobre este tema em A Guarda Fiscal instala-se na Portela do Homem)
O terreno havia sido solicitado a 23 de Agosto de 1892 pela Direcção Geral das Alfândegas, tendo na altura pedido 500 metros quadrados para uma casa para o Posto Fiscal. Este pedido havia sido diferido a 9 de Setembro de 1896, com a condição de reverter para a Mata Nacional quando as Alfândegas dele não necessitassem, com as "benfeitorias realizadas e sem direito a qualquer indemnização."
A 17 de Janeiro de 1896, os Serviços Florestais cediam também a Emilio Biel uma porção de terreno (de 45 x 95 metros) com a obrigação de o arborizar, para a regularização das extremas da sua propriedade na Galeana.
Apesar de as relações entre os Serviços Florestais e as populações locais se irem acalmando, por vezes surgiam pretensões que poderiam criar conflitos desnecessários. Foi o que aconteceu a 11 de Novembro, quando o silvicultor chefe do 2.º grupo, Mário Viana, enviou à Direcção Geral de Agricultura um requerimento, datado de 6 de Agosto, em que uma comissão pedia gratuitamente, para a edificação de uma igreja, os terrenos denominados do Capitão Mor, que o Estado então comprara por 800$00 em Junho de 1890, para ali edificar uma casa destinada ao Secretariado dos Serviços Florestais no Gerês.
O requerimento era assinado pelo P.de António Joaquim da Rocha, António Joaquim Martins Ribeiro, Francisco Gomes Marques, Joaquim José da Silva Araújo, Joaquim Anselmo Pires, Francisco Estevão d'Almeida Maia, Manoel Barroso, Vicente Paulino da Silveira (por D. Maria Nascimento Salgado) e pelo cónego José Joaquim de Sena Freitas.
Na entrega do requerimento, o silvicultor informou que o requerimento deveria ser indeferido, pois o terreno tinha sido comprado para um fim já determinado e o que urgia era dar-lhe a devida aplicação e "não qualquer outra de alheia cobiça."
Assim, o requerimento seria indeferido, mas isto não impediu que posteriormente a pretensão fosse renovada, sendo apresentado um novo requerimento para o mesmo fim em Fevereiro de 1898. Desta vez, o requerimento era assinado por Vicente Paulino da Silveira, Clemente Pinto Guedes, Manoel Barroso, António Joaquim Eiras e João Baptista de Aguiar Machado. Tal como em 1896, o requerimento seria indeferido.
De facto, outros terrenos haviam sido indicados à comissão, mas somente aquele a religiosidade pretendia, no que não apresentava mau gosto, pois seria aí que seria edificado o edifício da repartição florestal.
Ainda em Janeiro de 1896, Clemente José Silvério Pinto Guedes, requeria que lhe fosse cedida uma parte do terreno de 140 metros de comprimento e 26 metros de largura, confrontando de Nascente e Sul com um terreno seu e com a estrada distrital n.º 11 e a Norte e Poente com o antigo caminho do Gerês. O pedido acabaria por não ter seguimento, pois o referido terreno servia de consolidação à estrada, por estar a servir de talude.
Bibiografia: "Mata do Gerês - Subsídios Para Uma Monografia Florestal" (Tude Martins de Sousa, 1926)
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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