terça-feira, 16 de abril de 2024

Serra Amarela e Serra do Gerês - À volta da Barragem de Vilarinho das Furnas

 


Uma caminhada por duas serras do Parque Nacional da Peneda-Gerês com início e fim no Campo do Gerês em volta da albufeira das Barragem de Vilarinho das Furnas.

Foi uma jornada de 29,8 km com um desnível positivo de 1.180 metros que nos oferece diferentes perspectivas de paisagens já conhecidas.

A costa onde se inicia a verdadeira trepada até às alturas da Serra Amarela, não é fácil e põe à prova a capacidade cardíaca logo nos primeiros 2 km do percurso. O Peito de Gemesura não é para desafiar se duvidamos da montanha, pois ela irá, mais cedo ou mais tarde, cobrar o desafio e de certeza que não somos nós que vamos ganhar!



Subindo em curvas ou por vezes num demoníaco festo, o caminho vai-nos fazer ganhar altitude à medida que a paisagem se afunda atrás de nós e os horizontes se alargam para as serranias geresianas. Por outro lado, as vertentes alcantiladas das profundas corgas levam-nos para um cenário de grandes montanhas. À medida que vamos subindo, a Corga de Gemesura encrespar-se, a montanha ganha corpo e a albufeira da barragem que queria roubar o nome a Vilarinho da Furna torna-se num grande lago que desejamos mergulhar a cada pingo de suor, mesmo neste dia primaveril onde a brisa fresca da manhã esconde o Sol que nos vai queimando a pele!

A primeira grande subida vai terminar no Couto da Aguieira que nos permite um cenário em contra-luz para a Serra do Gerês. À nossa esquerda, elevam-se os altos da Amarela e afundam-se as medonhas corgas que abrigavam Vilarinho da Furna, lá no fundo! Aqui, o caminho vai-nos dar tréguas e desce para a Chã de Baixo (Chão de Baixo), antes de iniciar a subida pela Lomba do Alto para Chã de Cima (Chão de Cima) e empinar-se de novo para a Chã de Mimpereira (Chão de Mimpereira).


Em Chã de Mimpereira encontramos as enigmáticas Casarotas, velhas construções que algumas teorias apontam como sento antigos postos de vigia da quase invisível (daquele ponto) Geira Romana ou os restos de uma velha branda, memória de transumâncias de outros tempos. Creio, no entanto, tratar-se dos abrigos utilizados pelas gentes de Vilarinho da Furna por alturas das batidas ao lobo, possivelmente em conjunto com os habitantes da Ermida (Ponte da Barca).

Até Chã de Mimpereira segue-se o traçado da GR34 que aqui se deixa para seguir na direcção do Fojo do Lobo de Vilarinho da Furna, testemunho da eterna luta entre Homem e Lobo, e depois prosseguir para a Chã do Muro, ladeando o Alto do Velho Tojo.


Esta parte do percurso é fácil e, mesmo não havendo marcações de GR ou PR, torna-se instintiva a prossecução do caminho assinalado com mariolas. De referir que até este ponto na caminhada são escassos ou mesmo inexistentes os pontos de água e que a nascente existente na área do fojo do lobo pode estar imprópria para consumo.

Na Chã do Muro volta-se a encontrar as marcações da GR34 que subindo para o Couto do Muro vai passar pelo topo da Encosta dos Colados de Araújo, acima do Colado de Araújo e até ao Alto da Casa da Feira e Louriça, o ponto mais elevado da Serra Amarela. Plantado com várias antenas de comunicações e com vários edifícios de apoio, a sombra que estes proporcionam é já muito agradável ao Sol que aquece a paisagem. 

Neste ponto, e olhando a Norte, apruma-se a imensa Serra de Soajo até perder de vista e notam-se os recortes graníticos da Serra da Peneda.

Deixando a Louriça, prossegue-se a caminhada até ao Curral de Ramisquedo, passando nas vertentes voltadas ao Vale do Rio Cabril e às fragas e granitos galegos já do outro lado da fronteira. O percurso vai prosseguir pela Chã da Fonte e daqui dirige-se pela Encosta de Ramisquedo, baixando para a Chã de Ramisquedo onde se encontra o Curral de Ramisquedo...




Deixando o abrigo pastoril do Curral de Ramisquedo, seguimos a Nascente até encontrar o muro de pedra solta que coroa o Vale do Rio Cabril. O caminho leva-nos para as Lamas de Bruites e daqui vamos seguir à Corga de Fento, caminhando à sombra das Eiras. O tímido carreiro vai ladear a Encosta do Fento para nos conduzir à encosta do Corisco, seguindo depois pelo velho caminho sobre Gramelas que vai passar no topo da Corga das Cabanas e da Corga de Calvos até chegar à Chã de Calvos, descendo depois para a Portela do Homem.

Chegando à Portela do Homem, segui na direcção do Vale de S. Miguel e, caminhando já na Geira, entrava na Mata de Albergaria passando então a Ponte de S. Miguel e seguindo pela Estrada da Geira na direcção do Campo do Gerês, percorrendo também parte do traçado do Trilho da Águia do Sarilhão.

Ficam algumas fotografias do dia...




































Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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