domingo, 29 de agosto de 2021

Serra do Gerês - De Junceda pelas encostas do Covelo

 


Já várias vezes referi que não são necessárias grandes caminhadas para termos as imensas paisagens da Serra do Gerês. Por vezes, elas estão à distância da soleira da porta e mesmo numa caminhada matinal podemos nos maravilhar com a contraluz da montanha ou a imensidão dos vales.

É isto que acontece quando caminhamos em pouca distância saindo de junto da Casa Florestal de Junceda e seguindo por alguns metros o Trilho das Silhas dos Ursos. Na divisão do percurso, seguimos à esquerda em direcção ao Vale do Meio e Manga da Tojeira para depois ficarmos com a vista sobre o Curral de Gamil lá ao longe por detrás do qual já espreitam as vertentes da Serra Amarela. Antes de iniciar a descida para o Ribeiro da Roda, vamos reparar numa pequena placa de madeira que nos indica a direcção do Pé de Cabril: é neste sentido que temos de seguir.

A muitos que me perguntam se tenho os tracks de gps destes percursos, acabo por responder que a sensação da descoberta desaparece quando passamos mais de metade da caminhada a olhar para o aparelho. Os caminhos estão lá, as mariolas lá estarão e o estudo do mapa antes de iniciarmos o caminho dar-nos-á a sensação da descoberta que se esvai quando seguimos uma rota já traçada por outros. Fazendo a vossa gestão do risco, aventurem-se e descubram a montanha!

Passando então a pequena placa, inicia-se um curta descida até a um pequeno curso de água e depois inicia-se a subida para a Fenteira do Prado que vai antecipar em algumas centenas de metros a chegada ao Prado com o seu abrigo pastoril. Com os seus carvalhos mortos e as paredes graníticas, este prado torna-se muito agradável para um pequeno descanso antes de prosseguirmos em direcção à base dos espigões do Pé de Cabril. O carreiro vai-nos levar a passar por uma laje granítica onde se encontra uma rocha que nos faz lembrar um trono a partir do qual podemos apreciar as vertentes Nascentes do Vale do Rio Gerês. Aqui, já nos surgem os grandes picos geresianos do Pé de Medela, Carris de Maceira, Borrageiro, Pé de Salgueiro e Junco.

O caminho vai-nos levar sem dificuldade na direcção do vale no topo do qual se erguem os dois colossos que forma a parte superior do Pé de Cabril. Aqui, o granito foi-se esculpindo como um trabalho de Hércules que ergueu duas colunas para o céu em honra da magnificência de toda a serra! Aos poucos, aproximámo-nos destes colossos que se agigantam à nossa passagem. A aproximação dá-se numa subida do caminho que nos leva até Onde Cria a Pássara e a uma varanda que nos permite observar a imensidão que se abre a nossos pés e nos leva até à albufeira da Caniçada para os lados de Rio Caldo.

Continuando, vamos então passar de encontro às faces Nascentes do Pé de Cabril sem tentar subir aos seus cumes, descendo na direcção do Curral de Tirolirão para tomar o carreiro que nos levará a passar a Portela do Perro e seguir para o profundo vale do Covelo por onde se desenvolve um carreiro que nos levará ao Covelo de Cima. Daqui, segue-se para o Curral de Gamil e toma-se o traçado do Trilho das Silhas dos Ursos para voltar ao ponto de partida em Junceda.








Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)