sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Trilhos PNPG - Regresso ao Trilho Castrejo

 


Ainda nos nossos dias se diz que a Serra da Peneda é a serra mais selvagem de Portugal; eu digo ser a serra onde o religioso e o profano melhor se combinam para nos proporcionar um ambiente único e muito peculiar engrandecido pela paisagem agreste do granito que parece rasgar a terra de onde brota.

As alminhas nos cruzamentos transportam-nos para um ambiente onde a crença religiosa vai buscar forças ao oculto. Uma floresta de carvalhos à luz do Sol por entre o nevoeiro, carrega-nos com um misticismo que nos faz caminhar mais depressa pois a noite vai chegando por entre os curtos dias de Inverno. O lusco fusco de uma vela que ilumina a figura santificada, o Cristo sangrento que afugenta as forças do Demónio. É assim Castro Laboreiro com as suas casas em pedra, altivas e seguras por entre um vento frio que corta a pele e gela a alma. Os campos estão agora silenciosos, pois o Inverno por aqui assentou praça e a neve resiste por entre os dias e noites gélidas. As mulheres vestidas de um negrume que marca, um negro que se destaca...

O Trilho Castrejo é um trilho de pequena rota que nos leva a percorrer paisagens peculiares da Serra da Peneda ao longo dos seus mais de 18 km de extensão (marcados pelo GPS), acompanhando a parte inicial (ou final) da GR50 Grande Rota da Peneda-Gerês. Iniciando com uma subida suave a sair da vila, o trilho vai flectir para esquerda nas fraldas da serrania em direcção à aldeia do Barreiro passando por bosques de carvalhos alvarinho onde também se encontram azevinhos, loureiro e medronheiros. Encontramos também teixos, vidoeiros e carvalhos negral. O trilho vai descendo, por vezes de forma acentuada, até atingir uma velha ponte e finalmente cruzar as silenciosas casas do Barreiro. Atingimos depois uma linha de água onde podemos encontrar espécies como o freixo, o salgueiro, amieiro e choupo.

Ao se cruzar esta linha de água convém ter em atenção á direcção do trilho que apesar de estar bem sinalizado em quase todo o seu percurso, pode por vezes induzir em erro o caminhante mais distraído.

Subimos depois para a aldeia da Assureira que nos vai levar a cruzar a estrada entre Ribeiro de Baixo e Castro Laboreiro para nos dirigirmos à belíssima Ponte Nova, ou Ponte Cavada Velha, sobre o Rio Laboreiro. Prosseguimos passando ao lado das Cabeçãs e em direcção à aldeia da Curveira após cruzarmos a estrada em direcção à Ameijoeira. Após sairmos da aldeia entramos num trilho de pé posto em direcção ao Bico do Patelo. Aqui as vão-nos enchendo a alma as belas paisagens à medida que a característica formação geológica se vai tornando cada vez maior. O Bico do Patelo faz-nos lembrar o bico de uma ave petrificada que vigia para toda a eternidade o vale.

Após atingir uma das partes mais altas do vale, o trilho inicia a descida até ao estradão que nos poderá levar ao santuário da Sra. de Anamão. Neste cruzamento seguimos á esquerda em direcção à aldeia da Seara seguindo-se Padrosouro e, por entre campos, Caínheiras. O percurso passa depois pela aldeia de Varziela. Após cruzar a pequena Ponte de Varzea, subimos para a estrada e pouco depois entravamos em Castro Laboreiro fechando assim o trilho.

A noite é passada na Just Natur AL.

O Trilho Castrejo é um percurso pedestre que se recomenda, estando bem sinalizado em toda a sua extensão, tendo no entanto de se ter especial atenção após a passagem do Bico do Patelo e em direcção à Seara.

Ficam algumas fotografias do dia...




























































Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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