quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A nossa maldade ou um epitáfio de um fundamentalista

Vilarinho da Furna, Verão de 2009

Achei pertinente compartilhar com os leitores deste blogue um email que me foi enviado peo Agostinho Costa na sequência das fotografias que anteriormente aqui publiquei e mostravam uma cobra nas Minas dos Carris.

Poderiam ser muitas as razões que me levariam a publicar este email e a respectiva fotografia, mas uma delas é a de que já me acusaram de ser muito fundamentalista na defesa do meio ambiente em geral e do Parque Nacional da Peneda-Gerês (como verdadeiro parque nacional) em particular.

Este texto relata um episódio ocorrido com o próprio Agostinho Costa junto das ruínas de Vilarino da Furna no Verão passado. Assim, e com a devida autorização, aqui vai...

"(...)

Sabes, as serpentes carregam consigo um estigma associado ao mal, à morte, mas são essenciais ao equilíbrio dos ecossistemas. O Homem criou mitos sobre alguns animais, que são o caminho mais rápido para a sua extinção. Sem defesa possível carregam etiquetas que só de ouvi-las dá vontade de rir, mas que são transmitidas de geração em geração cultivadas pelo ódio. Os animais têm direito a seu espaço natural, agem por instinto e nunca por maldade. A maldade é característica de uma espécie apenas: A nossa!

No Verão, em Vilarinho das Furnas, presenciei algumas cenas que exemplificam bem a ignorância da maior parte das pessoas. Uma serpente de água viperina, completamente inofensiva, com a audácia e a curiosidade que lhes são características, aproximou-se dos banhistas. O pânico foi geral, saindo toda a gente da água como se um tsunami se aproximasse. Então, alguns pensaram logo em linchar o animal, buscando pedras e paus para arremessar sobre a serpente. Gritei para que parassem, alegando que o animal jamais atacaria as pessoas e que era inofensivo (apenas uma espécie de serpente que existente no Parque é venenosa - a víbora). A custo, muito a custo, lá aceitaram o meu pedido, mas muito pouco convencidos das "boas intenções" do medonho bicho.

Naquele dia, fui advogado e salvador de um pobre animal que nadava no seu meio natural, estranhando aquelas criaturas que a seu lado chafurdavam as águas com muito barulho à mistura. Mas, na maior parte das vezes, no meio destes "artistas", não se consegue vislumbrar uma única alma bondosa e sensata. Aí, o bichinho que se cuide. Enfim, é o que temos. Depois ainda somos acusados de fanatismo ecológico. Afinal, quem são os fanáticos? Vamos remando contra a corrente, que parece aumentar o caudal, mas nunca devemos esmorecer.

(...)"

Mais palavras para quê? Façam-me um epitáfio...

Fotografia: © Costa (via Agostinho Costa)

2 comentários:

MEDRONHO disse...

O budismo diz que TODOS os seres vivos são criaturas....E que não devemos mata-las.
(explicando mt superficialmente)


Pergunto: quem já não se incomodou com uma mosca?! abelha!?!?
(ok. é diferente da estória da cobra)

p.s.: apoio totalmente a atitude
de ilucidar os menos incautos.


NOTA: fundamentalismo ecológico (sem apontar o dedo a ninguém) é outra estória....Digo eu!

trepadeira disse...

Tenho,por aqui,um"autarca" que diz alto e péssimo som,deve ser do alcool,"borboletas e passarada é p'ra matar tudo",isto dentro da Rede Natura 2000,PNSE.
Agora entregaram-lhe a gestão de uma -zona de caça MUNICIPAL! imagine-se,o ICNB é claro!
O novo 102 para o PNSE também é digno de leitura!!!!!

Hoje deixo um grande abraço de solidarisdade aos corajosos VEGAN.
Em vossa honra,hoje,só "Macrolepiota procera" com arroz biológico.
mário