domingo, 2 de outubro de 2022

Trilhos seculares - Bosques de Pitões

 


A caminhada Bosques de Pitões foi promovida por Rui Barbosa - Hiking & Trekking e levou os participantes desde a transmontana aldeia de Pitões das Júnias até ao alto do S. João da Fraga, passando pelos belos e misteriosos bosques que completam os vales sobranceiros à aldeia e que esconde as ruínas da aldeia velha do Juriz, o Fojo do Lobo de Pitões das Júnias e o Mosteiro de Sta. Maria das Júnias.

A caminhada levou-nos então a visitar alguns dos bosques mais interessantes daquela zona, nomeadamente o Carvalhal do Beredo, o Carvalhal do Teixo e o Carvalhal da Tulha, além da passagem pelo Castelo e aldeia velha do Juriz, a Capela de S. João da Fraga e o Fojo do Lobo de Pitões das Júnias.


Saindo do centro da aldeia e tomando o caminho em direcção ao Bosque das Fadas, vamos percorrer os lameiros junto à aldeia à vista dos bosques da aldeia velha. Caminhando num misto de penedia e bosquetes, chegamos à base do Castelo. O Castelo é uma elevação que se encontra a pouca distância da aldeia de Pitões das Júnias e que exibe as marcas do que poderá ter sido uma fortificação que existiria há época da aldeia Medieval de Sancti Vincencii de Gerez, referida nas Inquirições Afonsinas de 1258, cuja ocupação se terá desenvolvido durante a Idade Média até inícios da Idade Moderna. A cerca de 1.000 metros para Sudoeste da aldeia de Pitões das Júnias e camuflado por um denso carvalhal encontra-se este povoado. Aqui conservam-se vestígios de cerca de 40 casas de planta quadrangular, construídas com blocos graníticos, alguns toscamente aparelhados. Os arruamentos entre as casas estão também bem conservados, sendo que ainda mantêm o lajeado. O espaçamento entre as casas é de cerca de 3/4 metros, algumas conservam pouco mais de um metro de parede, mas consegue-se imaginar, sem grandes esforços a arquitectura desta aldeia. Os carvalhos vão invadindo, pouco a pouco o interior de cada casa, conferindo a este sítio uma beleza rara. Situa-se na encosta do monte do Castelo, relativamente abrigada e rodeada de linhas de água. Relativamente ao abandono desta aldeia os motivos apontados, como a peste, não passam de meras especulações, pois não temos evidências que o possam comprovar. A poucos metros do povoado e junto à linha de água encontram-se abundantes restos de escória.

Para visitar estas ruínas temos de abandonar momentaneamente o traçado do Trilho do Fojo e depois regressar ao mesmo, seguindo então por um carreiro que percorre Soengas até entroncarmos no caminho que segue para a Capela de S. João da Fraga. 


Continuando pela Corga da Tulha e atravessando pequenos bosques e linhas de água, chegamos ao Carvalhal da Tulha com o seu abrigo pastoril. Daqui, iniciamos a subida para a Fraga de S. João encimada pela sua pequena capela branca, enquanto que a paisagem se tornava imensa à medida que íamos ganhando altitude. Abarcando os Cornos da Fonte Fria com os seus inúmeros picos a rasgar os céus outonais, o olhar estendia-se também para Poente, decifrando as montanhas geresianas. Após um curto descanso, iniciou-se a descida que nos levou a ladear o colosso granítico por Poente e seguir depois para o Fojo de Pitões das Júnias (fojo de cabrita). Semelhante ao Fojo da Portela da Fairra, Parada de Outeiro, tem um desenho circular no interior do qual era colocado um cabrito que se sentindo indefeso começava a balir, chamando assim a atenção aos lobos. Estes, saltavam para o interior do recinto murado, mas não conseguiam sair, sendo posteriormente abatidos. Hoje em desuso, os fojos existentes na área do Parque Nacional da Peneda-Gerês são monumentos à eterna luta entre o Homem e os rudes elementos que o foram moldado ao longo dos milénios de ocupação do território.

Deixando o fojo para trás, começamos a baixar para a Ponte de Pereira e após atravessar o Ribeiro do Beredo, enveredamos pelo bosque, subindo para a zona de merendas e de seguida para o Porto da Laje. O caminho vai então subir por entre bosques e lameiros, levando-nos de volta à aldeia, mas a certo ponto, tomamos a direcção do Mosteiro de Santa Maria das Júnias.

O Mosteiro de Santa Maria das Júnias é  um "mosteiro Cisterciense com igreja composta por uma nave poligonal, românica e capela-mor, gótica, com dependências conventuais desenvolvidas a S., de que conserva troço de arcada gótica do claustro e outras construções. A nave foi alteada na época renascentista conforme atesta a cornija. Fachada principal da igreja terminada em empena de cornija truncada por dupla sineira, tendo portal de arco de arco pleno. Interior com púlpito no lado do Evangelho, dois retábulos colaterais e retábulo-mor barroco, de estilo nacional de transição."

Regressando então à aldeia, a caminhada terminou com a degustação das Bolas de Berlim da D. Gracinda na Padaria de Pitões.





































Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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