sábado, 8 de outubro de 2022

Trilhos PNPG - Grande Rota da Peneda-Gerês (Etapa 17 e 18 - Do Refúgio Mountain Raiders a Pitões das Júnias)

 


Durante quatro dias percorri a Grande Rota da Peneda-Gerês (GR50) ligando o Campo do Gerês a Pitões das Júnias.

O quarto e último dia levou-nos a percorrer a Etapa 17 (Sirvozelo - Outeiro) e a Etapa 18 (Outeiro - Pitões das Júnias), num total de cerca de 19,00 km.

O texto a seguir é retirado da página da Grande Rota da Peneda-Gerês, sendo editado quando necessário.



Após uma retemperante noite de descanso no Refúgio Mountain Raiders era hora de iniciar o último dia desta jornada. Com a pernoita no Refúgio Mountain Raiders estavamos já na Etapa 17 que liga Sirvozelo e Outeiro. A Mountain Riders Ass foi constituída a 15 de Outubro de 2018, com o objetivo de promover o Desporto de Montanha, Cultura Recreativa e Ambiental. Mantendo o refúgio junto da Barragem de Paradela, é um apoio muito importante para quem quiser ter uma experiência de montanha naquela zona. Dispondo de camarata, o refúgio tem serviço de bar e refeições simples, além da simpatia do Manuel Monteiro sempre disposto a ajudar no que for necessário.

A Etapa 17 desenvolve-se entre Sirvozelo e Outeiro, duas aldeias que partilham a vista para a albufeira de Paradela. Tem uma extensão de 11 km, realizados na sua maioria em caminhos rurais, passando pelos lugares de Loivos, Fiães do Rio e Paredes do Rio. O percurso tem como ponto alto a diversidade paisagística, revelando a cada passagem alguns dos mais belos cenários da paisagem rural e do património cultural da região do Barroso e do Alto Cávado.


Durante a GR50 convém estar atento às marcas e à sinalização vertical, pois vão surgir vários cruzamentos e bifurcações ao longo das etapas, bem como outros percursos marcados. Os equipamentos de sinalização vertical da GR50 estão identificados e, por exemplo, nesta etapa, encontram-se numerados de 17.1 a 17.44 (chapa afixada no poste da placa direcional/ informativa ou balizas de marcas direcionais com código numérico). Siga sempre as marcas da GR 50 e as placas que indicam a direção “Outeiro”.

Saindo então do nosso refúgio, e segundo pelo parque adjacente ao paredão da Barragem de Paradela, temos a oportunidade de apreciar a distinta forma de construção desta barragem, do tipo “enrocamento”, com paredão feito de rochas acumuladas a granel.

Depois de atravessar o paredão da barragem, entramos num caminho estreito, por entre os camacíparis, marcado por uns degraus em granito, cobertos de musgo, passando em antigas instalações de apoio aos funcionários da EDP, e uns metros a seguir estaremos de novo na estrada, já no lugar de Paradela do Rio, a aldeia que deu o nome à barragem. Para conhecer Paradela é necessário entrar no lugar e percorrer os arruamentos do núcleo mais antigo, pois não se conhece a genuína aldeia da estrada.


De Paradela seguimos para Loivos, entrando no primeiro caminho à esquerda, já depois de termos passado a rotunda. Seguimos o caminho sempre paralelo à estrada municipal e, em pouco tempo, contornamos o mosaico de lameiros e de campos de Loivos, de onde admiramos a fantástica paisagem que se abre na envolvente. Na aldeia, os pormenores da ruralidade prendem a nossa atenção. Saímos do lugar pela Rua da Pala em direção a Fiães do Rio, sempre por caminhos agrícolas que atravessam a extensa área de campos e lameiros, cruzando também alguns bosquetes de carvalho. Em Fiães do Rio repete-se a riqueza cultural e a diversidade paisagística proporcionada pela mancha autóctone de carvalhal, os lameiros e mosaico agrícola. Saímos do lugar tomando um antigo caminho, ainda com vestígios de uma velha calçada, que nos conduz à ponte de madeira que atravessa o rio Cávado.

Segue-se a subida até Paredes do Rio, sempre por carreiro ou caminho agrícola, numa encosta preenchida por carvalhais e lameiros. A rota não entra propriamente no interior da aldeia, mas recomenda-se o desvio para conhecer uma das aldeias mais tradicionais do Parque Nacional, onde podemos visitar o conjunto de moinhos de água, as antigas estruturas de regadio e o pisão.

Seguimos por fim para Outeiro, saindo de Paredes do Rio pela Rua da Cruz, o caminho superior às alminhas que se encontram no cruzamento. Fazemos o caminho estreito rudimentarmente asfaltado e que depois passa a caminho em terra batida, atravessando áreas de lameiros em mosaico com carvalhais. Este caminho entronca mais à frente com outro, que passamos a seguir em direção ao lugar de Outeiro, que conseguimos avistar do local, assim como novamente a albufeira de Paradela, encimada pelas vertentes graníticas da serra do Gerês. Um pouco mais à frente encontramos a estrada municipal, da qual desviamos logo a seguir, junto de um bebedouro, continuando pelo caminho rural empedrado, que nos coloca à entrada de Outeiro. Junto da bonita Igreja de Outeiro podemos descer ao interior do lugar, onde nos espera um núcleo rural bastante bem preservado, com muitas construções na sua traça original e vários elementos do património coletivo, como a eira, as fontes, o tanque e o bebedouro. A atividade económica mais importante para esta comunidade continua a ser a criação de gado bovino, em complemento com agricultura e o fumeiro. Mais recentemente têm surgido iniciativas ligadas à atividade turística, oferecendo novas facilidades aos turistas que vêm apreciar a extraordinária paisagem e harmonia do local.



A meio da jornada, fizemos uma paragem na Casa Albelo do Gerês que seria, aliás, o local da nossa pernoita no final deste dia. Recebidos com a infinita simpatia da D.a Fernanda e do Sr. Miguel, estávamos então prontos para a última parte deste desafio.

A etapa desenvolve-se entre Outeiro e Pitões das Júnias, percorrendo cerca de 9 km entre as duas aldeias do Barroso. Todo o percurso é realizado por trilhos e caminhos rurais, percorrendo o vale do Beredo e o seu extenso carvalhal, tendo como pano de fundo a serra do Gerês. Não existem serviços de apoio entre as duas aldeias. Abasteça-se antes de partir.

A aldeia de Outeiro está enquadrada numa paisagem de rara beleza, marcada pelo grande espelho de água da albufeira de Paradela e pelo verde dos prados de lima. Descemos pelo interior da aldeia, onde podemos admirar o edificado mais antigo e os elementos do património rural coletivo, como a eira, as fontes, o tanque e o bebedouro. Passamos a Rua das Lajes e saímos da aldeia pelo caminho empedrado que nos encaminha para o fundo do vale, onde atravessaremos a ponte (mais pequena) sobre o rio Meão, junto ao Moinho do Canto. Mantemo-nos no caminho que atravessa o bonito mosaico de lameiros e campos agrícolas. Um pouco mais à frente, passamos uma nova ponte e os últimos lameiros de Outeiro. Segue-se um caminho mais agreste, pela encosta da margem esquerda do ribeiro do Beredo, que nos levará ao termo de Pitões das Júnias. O percurso atravessa o bucólico carvalhal do Beredo, passando a Portela da Fairra onde temos oportunidade de apreciar um belo exemplar de silha dos ursos e o fojo de cabrita.

Depois de passar o fojo da Portela da Fairra, retomamos a direção Norte, continuando a meia encosta, na margem esquerda do Beredo, entrando numa zona de carvalhal mais denso. Mais à frente, descemos ligeiramente para atravessar o ribeiro de Campesinho na pequena ponte de madeira e passamos a subir a encosta de carvalhal em direção a Pitões das Júnias. Pouco depois, a rota entra no passadiço do miradouro da cascata de Pitões das Júnias, de onde podemos visualizar a famosa queda de água. Continuamos subindo o passadiço até que chegamos ao caminho em calçada que nos conduz até Pitões das Júnias.

Entramos na aldeia pela veiga agrícola, onde nos espera uma das mais belas fotografias do Parque Nacional! O cenário é de facto único, com o mosaico de campos de cultivo dispostos em torno da aldeia e ao fundo os picos da serra do Gerês. Ao entrar no lugar, a rota leva-nos ao largo da antiga escola primária, um excelente miradouro de onde podemos apreciar o vale do Beredo e a Albufeira de Paradela, precisamente o percurso que fizemos. Calmamente, podemos agora visitar a aldeia e usufruir da tranquilidade do lugar, sem deixar de experimentar a gastronomia típica. No Pólo do Ecomuseu de Barroso podemos encontrar informação adicional.

Chegados a Pitões das Júnias e depois do almoço na Casa do Preto, regressamos a Outeiro, pernoitando na Casa Albelo do Gerês. A Casa Albelo do Gerês encontra-se a 14 km de Montalegre e disponibiliza acomodações (quartos e bungalows), um restaurante, uma piscina exterior sazonal, um bar e um jardim.




























Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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