sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Trilhos PNPG - Grande Rota da Peneda-Gerês (Etapa 15 e 16 - De Fafião ao Refúgio Mountain Raiders)

 


Durante quatro dias percorri a Grande Rota da Peneda-Gerês (GR50) ligando o Campo do Gerês a Pitões das Júnias.

O terceiro dia levou-nos a percorrer a Etapa 15 (Fafião - Cabril) e a Etapa 16 (Cabril - Sirvozelo), num total de cerca de 29,00 km com a extensão até ao Refúgio Mountain Raiders.

O texto a seguir é retirado da página da Grande Rota da Peneda-Gerês, sendo editado quando necessário.

A primeira parte do dia desenvolveu-se entre Fafião e Cabril, com passagem por Pincães, percorrendo um pouco mais de 8 km, em ambiente rural e de montanha.


Iniciamos a caminhada e ainda o Sol se escondia por detrás das serranias, saudando-nos à saída de Fafião. Passando no Largo da Sobreira do Chão, e subindo o arruamento asfaltado, continuamos passando uma série de construções novas, e tomamos a bifurcação à direita, junto do campo de futebol. Atravessamos uma zona de pinhal até que chegamos ao entroncamento com a estrada principal que liga Fafião a Cabril. Viramos à nossa esquerda e percorremos cerca de 100 metros de estrada, até que entramos no caminho florestal, à esquerda, que nos conduz à Roca das Cabreiras, onde a rota atinge o ponto mais elevado desta etapa, 730 metros. Este caminho atravessa uma grande área florestal, essencialmente de pinhal, do baldio de Fafião. Já próximo da Roca das Cabreiras, a rota entra numa parcela vedada, sendo necessário abrir portões / cancelas para continuar o percurso. Não esquecer de os fechar novamente! 

Quando passamos o segundo portão, o caminho transforma-se num trilho mais estreito e irregular. Mais 500 metros e atingimos a Roca das Cabreiras, contornando o conjunto granítico. Deste ponto elevado temos já uma boa perspetiva do vale do rio de Pincães e da aldeia, onde chegaremos daqui a 2,5 quilómetros.

Continuamos caminho, ora lajeado, ora em saibro, acompanhados de uma paisagem magnífica e desafogada. Nesta parte do caminho, passamos zonas de matos, evidenciando-se os urzais, tojais e tomilhais, alguns dos habitats naturais caraterísticos da serra do Gerês e que qualificam o mel da região.



O próximo ponto alto da rota é a passagem da cabeceira do Rio de Pincães, de onde perspetivamos a altura da Cascata de Pincães. Não se aproxime da vertente, poderá ser perigoso! Mais abaixo, a rota sugere a visita à cascata por um caminho mais seguro e de onde terá uma melhor vista.

Cerca de 200 metros depois de passar a cabeceira do Rio de Pincães, entramos num trilho à direita que nos faz descer até ao velho caminho da Pala Doce, que nos colocará na aldeia de Pincães. Encontraremos sinalética que nos indica a possibilidade de visitar a Cascata de Pincães, bem como o caminho a seguir para continuar para aldeia. Se optar por visitar a cascata, tome as devidas precauções para evitar quedas! Em Pincães não deixe de apreciar o casario tradicional, os espigueiros, os moinhos, as cortes do gado e a Pedra d’Água, que nos contam muito da cultura desta comunidade e da região.

Saímos de Pincães pela estrada municipal, passando em frente à Capela de Pincães, e logo depois entramos num caminho rural, à esquerda, penetra num bosque de folhosas. Seguimos por este caminho paralelo à estrada, entrando nesta novamente mais à frente e desviando depois à direita, para um caminho mais estreito, também em asfalto, que atravessa uma área de pinhal. Poucos metros depois voltamos a mudar de direção, seguindo agora pelo caminho paralelo à albufeira de Salamonde, até alcançar a ponte sobre a ribeira de Cabril. Atravessamos a ponte e seguimos à esquerda pela estrada até ao centro do lugar da Vila, em Cabril, onde terminamos a etapa.



Em Cabril encontramos alguns serviços de apoio, nomeadamente hoteleiros (alojamento e restauração). Não deixe de visitar o lugar, que se dispersa ao longo do vale da ribeira do Cabril, com uma envolvente paisagística única, marcada pelo mosaico de lameiros e campos agrícolas, o plano de água da albufeira de Salamonde e pelos maciços graníticos da serra do Gerês.

Após uma já merecida paragem em Cabril, iniciamos a segunda parte do dia percorrendo a Estapa 16 que se desenvolve entre Cabril e Sirvozelo, ao longo de 16,5 quilómetros, com passagem por várias povoações que nos revelam a riqueza da serra e a cultura das comunidades do Barroso. É uma etapa particularmente longa, mas é possível fazê-la em mais do que um dia, pois passa em várias localidades onde existem serviços de alojamento, entre outros.

Começamos a caminhada no centro do lugar da Vila, Cabril, junto do Largo 1.º de Maio, onde ainda se preservam a antiga fonte e o lavadouro da comunidade. Seguimos para Norte, pela estrada asfaltada que atravessa o lugar, mudando de direção depois de passar o café Águia Real, onde entramos numa rampa com corrimão metálico, que surge à nossa direita. Depois de passar os degraus, seguimos novamente à direita, subindo a encosta, por carreiros e estradões florestais. Percorremos cerca de um quilómetro, passando por áreas florestadas e de matos, até chegar a uma zona de campos agricultados, onde mudamos de direção. Tomamos o caminho à nossa direita, para sul, percorrendo a costa de S. Lourenço, até inverter novamente a direção, desviando no caminho à esquerda, junto à encruzilhada onde existem umas Alminhas. Continuamos e cerca de 600 metros depois entramos no caminho agrícola que nos leva ao lugar de S. Lourenço.



Depois de visitar S. Lourenço, onde podemos apreciar o casario de arquitetura tradicional, a eira comunitária, os espigueiros, as fontes, o lavadouro e a capela, retomamos a rota, saindo da aldeia pelo caminho empedrado da Rua da Tapada, que rapidamente se transforma num carreiro. Continuamos, para Norte, atravessando zonas de pinhal e matos, tendo como cenário o vale da ribeira de Cabril e a serra do Gerês. Mais à frente alcançamos outro caminho, numa espécie de encruzilhada, junto às ruínas do antigo lagar de S. Lourenço. Continuamos passando em frente ao velho lagar, e 200 metros depois desviamos no caminho que se abre à nossa esquerda e que nos leva ao encantador lugar de Chelo. Passamos o Largo do Rigueiro, onde permanecem o cruzeiro, a fonte e o lavadouro, saindo da aldeia pelo caminho no extremo Norte do lugar e entrando depois no estradão que nos leva à encosta do Fojo do Lobo de Xertelo. Continuamos com a soberba perspetiva do vale do Cabril e penedias da serra.

Subimos a encosta do fojo de Xertelo pelo lado nascente até atingirmos o ponto onde convergem os grandes muros de pedra, próximo do fosso. Depois da penosa subida, temos oportunidade de descansar e de apreciar o magnífico Fojo do Lobo de Xertelo, antes de seguir para a aldeia. Em Xertelo, onde as poucas famílias ainda dependem da agropecuária, podemos apreciar a rusticidade profunda do barroso. Percorremos a aldeia pelo arruamento da parte de cima do lugar, apanhando o caminho da Rua da Cortinha, junto à Capela de Xertelo, para sair da povoação e tomar o carreiro que nos levará à estrada municipal. Aqui, voltamos à esquerda, seguimos cerca de 300 metros pela estrada, até virar à direita seguindo o trilho que encurta caminho para o lugar de Azevedo, um verdadeiro miradouro para o vale do rio Cávado.

Em Azevedo deparamo-nos com os mesmos traços dos restantes lugares de Cabril. O mesmo tipo de casario, a capela de arquitetura semelhante, os arruamentos, a mesma rusticidade. Chama a atenção o edifício da antiga escola primária, sinal de que já existiram mais crianças nesta aldeia! Saímos da aldeia pelo extremo Norte, subindo a encosta por um trilho que nos coloca novamente na estrada asfaltada. Depois de passar o cemitério, desviamos à direita no caminho em calçada para entrar em Lapela, percorrendo uma zona de lameiros. Mais um lugar típico do Barroso, com o casario tradicional, capela, tanque comunitário e o habitual largo com o Cruzeiro, com fonte e bebedouro para os animais. Na aldeia merece destaque a Casa Cabrilho, onde terá nascido o navegador português João Rodrigues Cabrilho, supostamente o primeiro europeu a desembarcar no atual Estado da Califórnia.

Saímos da aldeia por um caminho entre campos agrícolas e começamos a descer para a Corga de Trás da Meda, atravessando o ribeiro na ponte de madeira. Continuamos o caminho, com o rio Cávado à nossa direita, e em breve atingimos a ribeira das Cavadas, onde podemos fazer um pequeno desvio para conhecer a famosa cascata de Cela Cavalos, descansando um pouco antes de iniciarmos a subida para Cela. De novo na rota, espera-nos uma subida de cerca de 1,5 quilómetros até chegarmos à Capela de Santa Luzia, situada num local ermo e de vista desafogada para o vale do rio Cávado. Daqui a escassos metros chegamos à bela aldeia de Cela, onde novamente nos esperam bonitas casa de granito, o largo com o cruzeiro, o bebedouro e o lavadouro. Saímos do lugar pelo caminho em calçada que surge à direita do arruamento principal (em asfalto), descendo até passarmos uma pequena ribeira, para depois fazer a última subida até Sirvozelo, onde terminamos esta longa caminhada. O cansaço não nos impedirá de visitar esta fantástica aldeia, onde grandes blocos graníticos se confundem com o casario e velhos carvalhos centenários se agigantam.

O objectivo do dia era o de chegar e pernoitar no Refúgio Mountain Raiders e assim entramos já em parte da Etapa 17 que liga Sirvozelo e Outeiro. A Mountain Riders Ass foi constituída a 15 de Outubro de 2018, com o objetivo de promover o Desporto de Montanha, Cultura Recreativa e Ambiental. Mantendo o refúgio junto da Barragem de Paradela, é um apoio muito importante para quem quiser ter uma experiência de montanha naquela zona. Dispondo de camarata, o refúgio tem serviço de bar e refeições simples, além da simpatia do Manuel Monteiro sempre disposto a ajudar no que for necessário.





























Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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