sábado, 4 de dezembro de 2021

Trilhos PNPG - Entre Lindoso e Germil pela GR50

 


Um magnífico percurso que começou com uma alvorada de tormenta no Campo do Gerês. Chovera toda a noite e, apesar da previsão meteorológica indicar uma melhoria partir do meio da manhã, os céus enfadonhos e o nevoeiro que cobria toda a paisagem na viagem até Entre Ambos-os-Rios, não trazia a perspectiva de uma caminhada seca.

Felizmente, a chegada a Lindoso trouxe o tão desejado Sol e apesar do frio, o dia manteve-se seco com as paisagens únicas do nosso único Parque Nacional.

O dia iria trazer duas etapas ao longo da GR50 Grande Rota da Peneda-Gerês: a primeira entre Lindoso e Ermida e a segunda entre Ermida e Germil, num total de cerca de 19 km.

Parte deste texto é baseado nos textos disponíveis nas ligações indicadas.

A primeira parte da jornada iniciou-se em Lindoso num trajecto que nos levou à povoação da Ermida, por um percurso com cerca de 12 km que atravessa uma boa parte da Serra Amarela. Embora não ultrapasse os 1000 metros de altitude, o percurso desenvolve-se na sua maioria em ambiente de montanha, sem qualquer apoio entre os dois lugares populacionais. 

A caminhada iniciou-se junto ao Cruzeiro de Lindoso, seguindo depois na direcção da Porta do PNPG e da Igreja Matriz. Continuando cerca de 150 metros, viramos à esquerda já no interior da aldeia e seguimos em direção à serra.

Ao longo dos próximos quatro quilómetros a progressão é sempre ascendente, atingindo-se na zona do Carqueijal o ponto mais elevado da etapa (cerca de 910 m), próximo do alto da Louriça, onde se regista a maior elevação da Serra Amarela (1359 m).

Saindo de Lindoso, vamos passar perto da Chã do Fojo e a seguir Lameira, continuando a subir até ao estradão florestal. Depois de cruzar o estradão florestal, continua-se pelo trilho marcado que conduz à antiga Casa de Guarda Florestal de Porto Chão (e à área do antigo viveiro florestal), passando entre a Escuralha e o Cabeço de Peixerrão. Como curiosidade, o topónimo 'Porto Chão' estará associado à existência de um antigo povoado de montanha, possivelmente medieval. A partir daqui, seguiu-se pelo estradão mais largo na vertente da Encosta da Aradoira até passar o ribeiro de Mulas e os abrigos de Bugalhedo. Duzentos metros depois, já perto das Chãs, surge indicação da direção para a Ermida, iniciando uma longa descida que eventualmente nos conduziria para a aldeia.


Um pouco mais à frente, atravessamos uma pequena ponte. São as cabeceiras do Rio do Porto, onde conflui também o Rio da Perdiz. Logo depois, encontramos o simpático curral e abrigo de Escaravelheira ou Escravilheira.

A seguir vamos atravessar zonas essencialmente de matos baixos e pequenos bosquetes, cruzando áreas de chã que se formam nos sítios de escorrência da encosta. Nestas áreas de chã, mais húmidas e abrigadas, formam-se pequenos bosquetes e habitats higroturfosos onde ocorrem valores importantes da fauna e da flora do Parque Nacional. Nesta zona, e como protecção dos valores naturais, evitou-se o pisoteio das zonas mais húmidas.

A próxima paragem obrigatória é na Branda de Bilhares, uma antiga povoação temporária de montanha, que guarda ainda vestígios da ocupação romana do território. Na envolvente da branda destacam-se os lameiros e as levadas que conduzem a água para os campos. Em altura própria (de Maio a Agosto), florescem nestes lameiros três espécies de orquídeas selvagens que ocorrem no Parque Nacional.

Saímos da Branda de Bilhares e cerca de duzentos metros depois tomamos o caminho à direita para ver, mais de perto, o vale profundo do Rio Froufe. Finalmente, surgem os sinais de povoação e entramos na aldeia de Ermida, uma das mais isoladas do Parque Nacional, já que aqui termina a estrada municipal que serve este lado da Serra Amarela.

Na Ermida não deixe de visitar o Núcleo Museológico, que guarda importantes achados que testemunham a ocupação antiga da serra Amarela: a Estátua-Menir (datável do 2.° Milénio a. C., a mais antiga escultura antropomórfica conhecida no território do Parque Nacional) e a Pedra dos Namorados (romana).

Saindo da aldeia, tomamos a estrada municipal e terminamos a etapa no miradouro da Ermida, uma fantástica varanda para o vale do Froufe e a extensa área agrícola disposta em socalcos.

O percurso entre Ermida e Germil desenvolve-se na vertente poente da serra Amarela, em pleno ambiente de montanha. 

Saindo do Miradouro da Ermida, de onde se observa a magnífica paisagem do vale do Rio Froufe, embelezada pelo escadório de campos em socalcos e alguns bosquetes de folhosas, iniciamos o caminho em direção à ponte de Carcerelha, um ribeiro de montanha, de vale profundo e lagoas cristalinas, muito frequentado pelos praticantes de canyoning. Seguimos sempre a estrada municipal. 

Depois de passar a ponte do ribeiro de Carcerelha, a rota desvia à esquerda, subindo um trilho íngreme para cotas mais altas. Cerca de um quilómetro e meio à frente, já após cruzar um pequeno ribeiro (corga), encontramos um estradão florestal, junto de pequenos campos agrícolas, murados, aparentemente abandonados. Cerca de 50 metros à frente, saímos do estradão e continuamos para Sul. Pouco depois cruzamos outro caminho florestal, que surge perpendicular ao sentido da nossa marcha. Continuamos a subir para passar a Corga das Mestras já próximo das suas cabeceiras, onde a topografia não é tão exigente. Finalmente, mais uma pequena subida para alcançar o Eido e Giadela, onde a etapa atingirá a sua cota mais alta (704 m). Aqui a topografia torna-se mais suave. É uma zona de portela, de cabeceira de linhas de água, dominada por matos, com destaque para os urzais-tojais, um dos habitats naturais caraterísticos do Parque Nacional. À nossa direita, direção sudoeste, na margem esquerda do Rio Germil, pode avistar-se o Fojo do Lobo de Germil, que os antigos utilizavam para perseguir, encurralar e caçar os lobos.

Por fim, passamos a caminhar sobre a calçada de Germil, acompanhados de uma fantástica paisagem, construída pelo Homem ao longo dos séculos em perfeita harmonia com a natureza. Após atravessar o ribeiro do Chão da Ponte, rapidamente chegamos ao aglomerado de Germil (que em tempos se designou São Vicente de Germil), enquadrado numa magnífica composição de socalcos, fundamental para a exploração agrícola das encostas da montanha. 






























Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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