sexta-feira, 9 de abril de 2021

Pelo Xurés e não só... em busca das memórias de Vilarinho da Furna

 


O dia nasceu com nuvens, embrulhado ali para os lados da Curvaceira e o cheio a ar húmido preenchia as primeiras horas da manhã. Neste dia rumava a terras Galegas, terras irmãs de sangue que compartem uma nacionalidade sonegada e uma História que se vai esquecendo por entre as sombras dos dias.

Na demanda dos segredos de Vilarinho da Furna, o objectivo era juntar duas vontades: encontrar os currais ou espaços perdidos de Vilarinho por aquelas paragens e registar para memória futura do Xurés as «chibanas» que íamos encontrando.

Pelas 9h00 encontrei-me com as companheiras de caminhada já do outro lado da fronteira e logo iniciamos a jornada. A primeira paragem foi logo ali em baixo, em Lama do Picão (Lama do Picón) onde avistamos o que poderá ser os restos de um velho abrigo pastoril. A disposição das rochas assim o fazia crer e o facto de o local ser registado como uma das paragens de Vilarinho da Furna, fez com que merecesse um olhar mais atento.

Seguindo a Via Nova, Geira para os nossos lados, passamos a Milha XXXV e um pouco mais adiante entravamos na estrada florestal que termina em Sta. Eufémia. Muitos dos troços da Via Nova estão mal tratados devido à criminosa passagem de caminhos que foram sendo abertos para a recolha das árvores que ali foram ardendo no incêndio de 2017. É o que acontece quando a economia e o dinheiro se sobrepõe ao património. O resultado? Uma paisagem violada em todos os sentidos.

A paragem seguinte deu-se em Cabanas de Calvos. O topónimo parece indicar a presença de várias cabanas na zona, mas não conseguimos encontrar nada mais do que a cabana que está já assinalada. Mais uma vez, a abertura de acessos levou à descaracterização da zona que não faz lembrar a presença de um curral.

Tendo como objectivo encontrar o maior número possível de cabanas naquela zona do Parque Natural, penso que todos estavamos mais ou menos expectantes perante a «descoberta» de algo em Onde Morreu Martinho (Onde Morreu Martiño / Donde Morreu Martiño). Mais uma vez, a abertura de acessos tornou a zona muito descaracterizada e a busca inicial pelo curral foi infrutífera. Porém, após a sugestão de observarmos um pequeno carvalhal mais acima da área onde procuramos, levou-nos a encontrar o velho Curral Onde Morreu Martinho com o seu forno pastoril alagado e sendo ocupado por um carvalho que nasceu no seu interior, e com a sua delimitação perfeitamente visível.


Esta terá sido a descoberta mais interessante do dia, pois mesmo os pastores que haviam dado indicações sobre vários currais, não se recordavam de ali existir qualquer cabana ou abrigo pastoril. Este foi de facto um bom registo!

Ladeando a Fecha da Abella até ao Coto da Fecha da Abella, acabamos por fazer uma pequena pausa junto das ruínas do refúgio do Salgueiro seguindo depois para A Chan de Onás. Aqui, a tentativa de definir a localização de uma cabana não deu qualquer resultado, ficando as buscas mais atentas para uma próxima oportunidade.

Voltando atrás no caminho, seguimos para As Eiras de Abaixo e depois para o Cesteiro das Eiras (Xesteiro das Eiras) onde acabamos por definir a localização de um outro abrigo pastoril que em tempos foi também utilizado pelas vezeiras de Vilarinho da Furna. Continuamos para As Eiras de Pedra onde acabariam por ser localizados os restos de dois abrigos antes de prosseguirmos para a Chã de Touro e baixar para Banhadouro (Banhadoiros / Bañadoiros), indicando um abrigo recentemente identificado. O mesmo aconteceria n'A Espera Fria e em Os Palheiros (Os Palleiros), referenciando aqui dois abrigos não muito afastados do antigo posto de vigia de incêndio.

Ficam algumas fotografias do dia...












Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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