Os dias que nos separam por entre os ecos do silêncio...
Um rio de palavras soltas…
...e por um momento, parar no tempo... contornar a brisa que sinto no cabelo...
...saltar o raio de luz... fugir do mundo...
...ficar nas entranhas da terra, lá no fundo escuro... junto da torrente fria que lava a pedra...
...ou subir ao ponto mais alto da Nevosa e sentir o frio que enregela a pele...
...matar a saudade... que entranha a alma, lembrar o sorriso de outros tempos...
...ficar escondido na sombra, escutar as memórias que passam... o som dos seus passos na erva que cresce por entre a neve, procura a luz... Estranhos rostos, familiares encontros... a imensidão dos espaços...
...mirar o infinito, as nuvens que insistem em correr, soltas... enfim, livres...
...saltar a torrente, procurar a solidão por entre as encostas íngremes e agrestes...
...sentir o silêncio do recanto, ao longe o murmúrio das almas que percorrem os Carris... eternas...
...sentir o silêncio e a calmaria eterna do lento passar das eras...
...sentir a montanha, o calor do Sol reflectido num sorriso prometido...
...recolher do chão as lágrimas caídas, o toque no rosto, o beijo que se sente ao de leve...
Abrir os olhos, olhar as serras... montanhas traçadas no horizonte para lá do Homem...
A neve que cai, o vento que sopra... forte, intenso, majestoso...
...a saudade que aperta, a passagem para a mina... o salto, a escuridão, os outros que te aguardam...
...a amargura dos tempos idos, dos dias que não chegam, daqueles que custam a passar...
...a dor do tempo que nos corrói, a areia que desliza... o vale que cresce... a tempestade no horizonte, o relâmpago que cai, o som que se propaga...
...a saudade que aperta num rio de palavras soltas.
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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