Caminhar por uma floresta onde todos os sentidos ficam em alerta: respiramos baixo para escutar os sons das árvores e dos animais que nelas habitam, ouvimos a brisa do vento por entre a folhagem e o rugir dos rios lá ao fundo por entre corgas e vales. Absorvemos cada cor na sua própria tonalidade e a nossa pele arrepia-se com o leve toque dos ramos das árvores e dos arbustos. O cheiro dos bosques primordiais mistura-se com um aroma a quase Primavera e o som das botas na folhagem confunde-se com o forte bater do nosso coração.
É assim que nos sentimos ao percorrer a Costa de Bargiela (Varziela) subindo por entre a Mata de Albergaria na Serra do Gerês. Esperamos que um olhar sentido se cruze fugazmente com o nosso e sustemos a respiração numa esperança vã, mas profunda, de vermos as vozes que ecoam por entre os velhos troncos cobertos de musgo.
Deixando o Rio de Maceira para trás vamo-nos embrenhar no passado, subindo por um velho carreiro atapetado de velhas folhas e que aos poucos vai sendo tomado pela floresta. Aqui e ali vão nascendo e crescendo novos azevinheiros... a floresta renova-se.
O carreiro, serpenteando encosta acima, vai-nos levar à Bargiela e mais adiante ao velho curral do mesmo nome. Para trás ficou já a subida e as vistas para a Serra Amarela e para o lado Nascente da Serra do Gerês vão-se agigantando. Chegando ao Alto de Bargiela vemos à nossa frente os rochedos de Bemposta e depressa chegamos, por entre a vegetação que toma o carreiro, ao Curral de bargiela. Daqui pode-se baixar já para o vale por onde corre o Rio Maceira ou então prosseguir caminho em direcção ao Mourinho. Foi isso que fiz.
Deixando para trás o bosque, chega-se a alturas de rocha nua e o cinzento granítico toma conta da paisagem enquanto o colosso do Pé de Cabril vai ganhando forma. Chegando ao Curral do Mourinho, segui depois para o Prado Marelo e pelo bordo da Quelha Direita, subindo depois para a Portela do Confurco e baixando para a estrada que me levaria de volta à Albergaria.
Algumas fotografias do dia...
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Sem comentários:
Enviar um comentário