sexta-feira, 15 de junho de 2018

As cavernas escuras do teu ser


Vivo...
...nas cavernas escuras do teu ser
Como uma sombra quase disforme que resulta da refracção do amor
Sou...
...uma memória quântica de um passado distante que se esvai, moribundo de pensamentos
Resisto como um espectro, um fogo fátuo na escuridão do teu olhar que perscruta o vazio por entre as estrelas 
A saudade dos nossos dias agita-se ao vento arrastada como a espuma das marés 
Uma onda que se esvai na infinitude de um areal perdendo força numa cornucópia sem fim
Sou...
...um ser fractal que se repete na interminavel rotação de um vinil
Uma capa negra que esvoaça no vazio da minha existência. A memória de um filne a preto e branco...
Deixo de existir na torrente dos dias para te trazer a serenidade das noites quentes de Verão 
Sou...
...uma noite de Inverno
Uma longa escuridão inexistindo no espaço que ocupo
Apenas um singelo cristal de gelo que se formou no esquecimento dos dias de um calendário numa velha parede
Um cometa fugaz que mergulha no espaço profundo dos teus sentimentos para nunca mais voltar.
Uma rosa e a saudade da tua pele que se esvai na singularidade do momento
Procuro nas nuvens que correm no firmamento o vislumbre do teu rosto e o teu sorriso que um dia iluminou os meus dias 
O teu olhar, Medusa, transformou o meu coração em mármore frio...
Somos...
...sombras fugazes que se projectam nas cavernas escuras do teu ser.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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