Este é um relato reciclado da mais recente incursão pelas serranias Geresianas que me levaram de volta a Porta Roibas que em mundos de fantasia imagino encimado por uma pequena torre onde se ergue uma pira pronta a ser acendida num chamamento de auxílio. Certamente, influências de muita leitura fantástica e dos mundos de J. R. R. Tolkien, mas não deixa de manter o fogo da imaginação acesso a cada jornada.
Vejo a Serra do Gerês, toda ela, como um lugar único composto de paisagens ímpares em Portugal. Para lá das imagens de promoção desta montanha, verdadeiros tablóides visuais, encontram-se lugares que, por si só, são eles também únicos no mosaico que compõe toda esta singularidade. Ninguém que visite o Gerês e não se disponha a percorrer os seus trilhos a pé, diga que o conhece... eu, que o percorro, não o conheço e isso faz-se sentir cada vez com mais vontade de me «perder» nos seus recantos misteriosos, percorrer os seus carreiros enigmáticos, calcorrear as suas corgas e olhar para lá dos seus alcantilados graníticos que o transformam num conto a ser vivido a cada visita. A Estrela pode ter a fama do Algarve, mas falta-lhe a magnificência do Gerês. E o Gerês é isto mesmo, magnificente!
É quase infindável a lista de locais nos quais nos podemos maravilhar com esta conjugação de lugares e estados que criam o Gerês. Desta lista haverá alguns que são especiais pelas suas particularidades e um desses lugares é Porta Roibas (ou Porta Ruivas). Foi aqui onde regressei na minha mais recente incursão na imensidão do Gerês.
Desconhecido de muitos e confundido por outros tantos, Porta Ruivas apresenta-se quase como um marco montanhoso em toda a Serra do Gerês. Digno das melhores paisagens do 'Senhor dos Anéis', da fantástica imensidão de 'Silmarillion' ou de um enredo da 'Guerra dos Tronos', Porta Roibas leva-nos a percorrer uma das zonas mais selvagens da serra, seguindo por um percurso que iniciado nos Prados da Messe e dirigindo-se para Este nos poderá levar a Borrageiros e à mina que se abriga à sua sombra. Porém, nesta altura não fomos tão longe...
Em Porta Roibas encontramos um pequeno, mas peculiar curral, exemplo do aproveitamento dos espaços por parte do homem serrano que viu ali como que uma fortaleza para guardar os seus animais durante os longos dias de vezeira. Se uma parte está defendida pelo promontório granítico que o caracteriza à distância, o curral abre-se para o abismo da Corga de Valongo encimado pelas Quinas da Arrocela. Mesmo ali adiante, o alto de Borrageiros é um outro ponto distinto na paisagem, um colosso titânico adormecido e para o qual olhamos com reverência e respeito.
O percurso para chegar a Porta Roibas iniciou-se na Portela de Leonte passando pela Chã do Carvalho após ultrapassar o inclinado caminho que ora nos surpreende pelo ziguezaguear encosta acima, ora nos surpreende para dimensão de uma «calçada», fruto de árduo trabalho do homem da vezeira. Para lá da chã, e num declive mais suave, chegamos ao Vidoal contemplando a imponência do Pé de Medela e Carris de Maceira na continuação de um quadro rochoso que nos assombra ao passar pelas profundezas dos Cantaros e pela verticalidade de Lavadouros. Deixando o Vidoal para trás, e ladeando o Outeiro Moço a Norte, chegamos à Preza. Daqui, sobe-se à Chã da Fonte (Alto das Ruivas) depois de contemplar o comprido vale entre o Cambalhão e Teixeira, e continua-se para o Curral do Conho através de Lamas de Borrageiro, Chã de Gralheira e Lomba de Pau.
O percurso para chegar a Porta Roibas iniciou-se na Portela de Leonte passando pela Chã do Carvalho após ultrapassar o inclinado caminho que ora nos surpreende pelo ziguezaguear encosta acima, ora nos surpreende para dimensão de uma «calçada», fruto de árduo trabalho do homem da vezeira. Para lá da chã, e num declive mais suave, chegamos ao Vidoal contemplando a imponência do Pé de Medela e Carris de Maceira na continuação de um quadro rochoso que nos assombra ao passar pelas profundezas dos Cantaros e pela verticalidade de Lavadouros. Deixando o Vidoal para trás, e ladeando o Outeiro Moço a Norte, chegamos à Preza. Daqui, sobe-se à Chã da Fonte (Alto das Ruivas) depois de contemplar o comprido vale entre o Cambalhão e Teixeira, e continua-se para o Curral do Conho através de Lamas de Borrageiro, Chã de Gralheira e Lomba de Pau.
O regresso foi feito utilizando parte do percurso anterior, porém, baixando ao Curral de Bezerros ao mesmo tempo que contemplávamos um céu que entretanto se havia transformado em algo de magistral com farrapos de nuvens sopradas pelo vento a tingirem o azul. Um pouco mais adiante, e mesmo na zona onde o Ribeiro do Porto de Vacas flecte para Sul, tomamos um desconfiado carreiro discretamente mariolado que nos levará por uma íngreme e alucinante descida que umas dezenas de metros mais adiante nos fará atravessar o leito zangado do referido ribeiro, dando o prazer aos nossos olhos de contemplar uma queda de água apetecível nos dias mais quentes.
O carreiro levar-nos-à ao Curral de Fechinhas já nos domínios de Fafião e enveredando por parte do Trilho da Vezeira de Fafião, vamos chegar ao Curral da (?) Mourisca onde voltamos à direita seguindo para o Curral do Conho. Daqui até à Portela de Leonte o caminho é já vosso conhecido...
Algumas imagens do dia...
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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