terça-feira, 31 de maio de 2016

Uma infinidade de concessões mineiras na Serra do Gerês


O que mais tarde viria a ser conhecido por 'Minas dos Carris' teve a sua génese numa disputa entre dois grupos que se desencadeou na área do marco geodésico dos Carris em 1941 e 1942.

Com dois grupos a requererem várias concessões mineiras com o intuito de impedir o acesso às concessões que se julgavam mais rentáveis, o diferendo viria a ser resolvido em Março de 1943 com a compra por parte da Sociedade Mineira dos Castelos, Lda. de todas as concessões mineiras existentes naquela área.

Porém, outras concessões mineiras na vizinhança do Salto do Lobo despertaram o interesse desta Sociedade. Uma dessas concessões é a Corga das Negras n.º 1 cujos direitos são endossados a Artur Gonçalves Pereira a 3 de Junho de 1943, que por sua vez endossa os direitos à Sociedade Mineira dos Castelos Lda. a 8 de Junho. A 5 de Julho é solicitado o alvará de concessão para a mina da Corga das Negras n.º 1 e no mesmo dia é proposto o Eng. de Minas Francisco da Silva Pinto como Director Técnico.

Outras empresas ambicionam o volfrâmio daquela zona e com esse intuito a Sociedade Mineira de Cadeiró, Lda. vai requerer a concessão da mina de volfrâmio denominada Carris de Cima tendo por base o registo mineiro n.º 302 feito na Câmara Municipal de Montalegre a 21 de Junho de 1941  (Processo 1:172-M). Este registo seria mais tarde anulado. Da mesma forma, Aníbal Pereira da Silva endossa todos os direitos da concessão Lamalonga n.º 1 à Sociedade Mineira dos Castelos a 8 de Junho.

De facto, a Serra do Gerês é literalmente passada a pente fino em busca dos minérios que a indústria de guerra mais ambicionava, o volfrâmio e o molibdénio. Numa verdadeira campanha em busca desses minérios, a Sociedade Mineira dos Castelos irá requerer dezenas de concessões mineiras com a apresentação de um igual número de manifestos mineiros com 27 registos a 23 de Março, 54 registos a 24 de Março e 51 registos a 5 de Abril. Muitos dos registos mineiros apresentados resultaram em pequenas explorações espalhadas pela zona central da Serra do Gerês e das quais ainda hoje se podem encontrar vestígios, tais como as explorações da Lomba de Pau, Cova da Porca (actual Torrinheira), Arrocela e Lamas de Homem.


Outros registos mineiros já haviam sido feitos anteriormente em zonas perto das concessões mineiras dos Carris como é o caso dos registos mineiros n.º 57 ‘Lage do Sino’ e n.º 58 ‘Medas Altas’ feitos a 4 de Junho de 1942 por Adriano Bessa Brito Gonçalves para minas de molibdenite, registo mineiro n.º 21 ‘Altar de Cabrões’ ou ‘Cabreirinha’ feito a 21 de Agosto de 1941 por José Dias, registo mineiro n.º 24 ‘Altar de Cabrões’ feito por Jaime da Cunha Guimarães, registo mineiro n.º 25 ‘Curral das Amoreiras’, feito por António José Antunes de Almeida ou o registo mineiro n.º 27 ‘Encosta da Cabreirinha ou Cabroeirinha’, feito por António José Antunes de Almeida. Surgiram também registos mineiros para a mesma área, mas registando minérios distintos como foi o caso do registo mineiro n.º 16 ‘Cidadelhe’ realizado a 23 de Agosto de 1937 por José de Oliveira em representação da Empresa Hoteleira do Gerês, Lda. (berílio) e o registo n.º 19 ‘Cidadelhe’ realizado a 22 de Julho de 1941 por António Joaquim de Morais Caldas (volfrâmio).

Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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