Os trabalhos mineiros desenrolavam-se a partir do poço mestre (ou de extracção) e a partir do qual eram abertas galerias em direcção (de rolagem) por onde o material desmontado (tout-venant) era conduzido àquele poço e daí para a lavaria. Dois metros acima de cada galeria e com algum atraso, eram abertas galerias paralelas (ou recortes), que serviam como início dos desmontes, que se desenvolviam atrás e na mesma direcção. Entre os recortes e as galerias de rolagem abriam-se, a distâncias regulares, pequenas chaminés que após colocação de "boquetes" de madeira, constituíam as denominadas "torbas" de enchimento das vagonetas que transportavam o material desmontado para o poço mestre e daí para a lavaria. O desmonte fazia-se pelo método dos "degraus invertidos" sem enchimento dado que o granito encaixante era muito duro e estável. À medida que se ia desmontando a rocha, os "hasteais" (designação dada às paredes das galerias, poços, chaminés ou qualquer abertura, à parte de cima de uma galeria ou desmonte é dada a designação de “céu” e “piso” era a parte de baixo das galerias ou quaisquer outros trabalhos. Designa-se “entivação” os reforços em madeira ou aço), eram cuidadosamente "saneados" para evitar futuros desprendimentos. O desmonte era feito por painéis limitados por chaminés distanciadas de algumas dezenas de metros.
Nas palavras de Augusto Vieira, “a mina trabalhava por dois turnos, um das 8h00 às 17h00 e outro das 20h00 às 4h00, fazendo-se fogo nas horas de intervalo. Trabalhava nos dois turnos e ao final do mês já não era eu que empurrava a vagona, era a vagona que me empurrava a mim pois dormíamos pouco. As refeições tínhamos sempre: chegávamos às 4 da manhã, comíamos alguma coisa e íamos descansar. Pegávamos outra vez às 8 da manhã e ao meio-dia é que recebíamos a refeição no fundo da mina que vinha em marmitas. Largávamos às 5 da tarde e logo que tocava a gaita pegávamos nas nossas coisas e começávamos a subir as escadas com os gasómetros engatados no peito… Cheguei a trabalhar no 7º piso que na altura diziam que estava a 250 metros de profundidade!!!”
A imagem em cima mostra o corte transversal das galerias da concessão do Salto do Lobo com os trabalhos levados a cabo nos anos de 1952 e 1953.
Texto adaptado de "Minas dos Carris - Histórias Mineiras na Serra do Gerês", Rui C. Barbosa - Dezembro de 2013.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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