domingo, 6 de julho de 2014

As galerias das Minas dos Carris (V)


Como já referi por várias vezes, visitei pela primeira vez as Minas dos Carris num dia de nevoeiro no já distante Setembro de 1989. Naquele dia, e com a percepção de uma distância física que mais tarde se encurtou, como que decorei cada recanto e cada pormenor daquelas ruínas.

Na altura eram escassas as histórias que se contavam do local. Uma aldeia perdida num Portugal desconhecido; um guarda misterioso aprisionado entre as serranias; histórias da guerra cada vez mais distante; ...tudo contos de uma memória turva e enevoada como aquele dia de Setembro.

Para além das ruínas, visitamos as galerias. Como sempre todos os cuidados nos pareceram poucos, mas a ideia de não molhar as botas e deixá-las na boca mina, pareceu-nos uma óptima ideia... as coisas que a adrenalina e a vontade de explorar fazem. A água parecia como facas a penetrar na pele e a estilhaçar os ossos das pernas, e a sensação de sentir a lama e madeira podre a passar entre os dedos dos pés é algo que jamais me esquecerei e tonar-se-á mais claro quando a doença chegar.

Regressado a casa, foi de memória que desenhei dias mais tarde uma planta dos locais por onde tinha andado nas entranhas da Terra...

As fotografias foram obtidas a 3 de Maio de 2009.














Fotografias © Jorge Cardoso

1 comentário:

CHEIRO DA MONTANHA disse...

Fantástico, sem palavras.
Obrigado Rui.