Como já referi por várias vezes, visitei pela primeira vez as Minas dos Carris num dia de nevoeiro no já distante Setembro de 1989. Naquele dia, e com a percepção de uma distância física que mais tarde se encurtou, como que decorei cada recanto e cada pormenor daquelas ruínas.
Na altura eram escassas as histórias que se contavam do local. Uma aldeia perdida num Portugal desconhecido; um guarda misterioso aprisionado entre as serranias; histórias da guerra cada vez mais distante; ...tudo contos de uma memória turva e enevoada como aquele dia de Setembro.
Para além das ruínas, visitamos as galerias. Como sempre todos os cuidados nos pareceram poucos, mas a ideia de não molhar as botas e deixá-las na boca mina, pareceu-nos uma óptima ideia... as coisas que a adrenalina e a vontade de explorar fazem. A água parecia como facas a penetrar na pele e a estilhaçar os ossos das pernas, e a sensação de sentir a lama e madeira podre a passar entre os dedos dos pés é algo que jamais me esquecerei e tonar-se-á mais claro quando a doença chegar.
Regressado a casa, foi de memória que desenhei dias mais tarde uma planta dos locais por onde tinha andado nas entranhas da Terra...
As fotografias foram obtidas a 3 de Maio de 2009.
Fotografias © Jorge Cardoso
1 comentário:
Fantástico, sem palavras.
Obrigado Rui.
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