domingo, 26 de janeiro de 2014

O livro 'Minas dos Carris - Histórias Mineiras na Serra do Gerês' e o Parque Nacional da Peneda-Gerês


Tive a oportunidade de visitar o renovado sítio da Internet sobre o Parque Nacional da Peneda-Gerês e não pude mais uma vez de deixar de constatar a estranha relação de amor / ódio entre esta paisagem protegida e parte da história deste território.

Esta de facto só pode ser classificada como uma relação de amor / ódio, por um lado, porque por outro a atitude que o Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) continua a ter perante as Minas dos Carris só pode ser classificada como um acto de censura ou no seu extremo um acto fascizante no qual se esconde um património valioso ao nível da Arqueologia Industrial sempre negado desde a sua génese em 1971. As razões pelas quais isto vai acontecendo só podem estar relacionadas com a forma enviesada como a protecção ambiental foi pensada em Portugal.

Em todo o texto sobre o PNPG que está disponível de forma oficial na Internet, não existe uma única referência à actividade mineira em todo o território do parque nacional, território este que não esconde as cicatrizes deixada por aquela actividade não só nas Minas dos Carris, como na Mina do Borrageiro, na Mina do Castanheiro, na Mina de Cidadelhe e concessão do Cabeço da Cova da Porca, ou na Mina de Lomba-Cadeiró.

É incompreensível que de forma deliberada o PNPG queira excluir do seu território esta componente histórica importante a todos os níveis para a caracterização etnográfica e sócio-cultural da Serra do Gerês no Século XX. Em comparação, o Parque Nacional dos Picos de Europa, Astúrias - Espanha, dedica um largo espaço na sua principal sala de exposições à actividade mineira realizada no seu território no qual são exibidos diversos artigos, equipamentos, fotografias e documentos mineiros, utilizando assim este factor como um elemento de educação ambiental para os seus visitantes.

Neste contexto, a edição do livro 'Minas dos Carris - Histórias Mineiras na Serra do Gerês' vem preencher uma grande lacuna que já deveria ter sido ocupada pelo PNPG há 30 anos e que durante este período pouco ou nada fez para preservar um elemento da nossa memória colectiva.

Fotografias: © Rui C. Barbosa

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