segunda-feira, 13 de maio de 2013
De volta à temática do Laspedo (III)
Já por várias vezes escrevo sobre esta temática com o objectivo de tentar definir a verdadeira localização do Laspedo. As anteriores publicações sobre o assunto podem ser encontradas aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
Durante a subida da vezeira tive a oportunidade de conversar com várias pessoas de Vilar da Veiga e da Ermida, conhecedoras da Serra do Gerês, que me ajudaram a definir onde fica o Laspedo. Curioso é o facto de mesmo essas pessoas serem da opinião que os nomes e por vezes a localização dos locais serranos pode variar de aldeia para aldeia, de vezeira para vezeira.
Assim, a localização do Laspedo é-nos de novo dada no actual Junco e Junco será o nome do curral acima do Camalhão, tal como já sabíamos. Ora, esta localização, como já havia mostrado, vai contra aquilo que é dito em mapas antigos que foram desenhados tendo por base testemunhos não de pessoas que não pertencem à serra do Gerês, mas sim com um grande conhecimento da serra pois serviram de guias e de «consultores» para esses mapas. Por outro lado, uma conclusão de pode tirar, e esta é a de que as actuais (e possivelmente) antigas cartas militares têm por base testemunhos escritos relativamente recentes e de que a precisão dos mesmo depende dos trabalhos de campo realizados em cada área. Em conclusão, talvez as cartas militares devam ser os últimos documentos a ser consultados para termos a certeza dos orónimos serranos... isto pelo menos na Serra do Gerês.
Fotografia: © Rui C. Barbosa
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2 comentários:
Não me espanta que encontres testemunhos contraditórios e os autores dos mapas também terão tido o mesmo problema. O importante é manter sempre uma postura crítica em relação às fontes. Há ainda uma outra questão, a toponímica, mesmo onde há uma ordenação, é dinâmica. Os nomes mudam com as gerações, com a mudança de função, etc. Só que há topónimos com uma força cultural própria que acabam por ser reciclados ou recriados. Basta pensares na evolução da designação das ruas, praças e avenidas de qualquer cidade. Agora imagina a dinâmica onde ela não é ordenada como nas serras. Mais quando se trata de um nível micro como a designação de prados, outeiros, pequenas ribeiras, etc. Também é relativamente normal que haja dupla designação ou que a mesma designação seja atribuída a lugares diferentes de acordo com o nosso interlocutor. O que a meu ver até reforça o interesse em fazer o levantamento tal como tens feito. Pelo menos recolhe-se e disponibiliza-se informação. É que um dia destes corre-se o risco que, por maior notoriedade, os novos, e abastardados, topónimos façam esquecer os antigos. Como exemplo disso temos as famosas cascatas "Dulce Pontes" e "Tahiti". Aliás, basta fazer o teste de perguntar pela segunda nas Caldas sem ser por este recente topónimo. Em 10 pessoas quantas saberiam dizer onde ficam? Ou então perguntar pelos dois topónimos, o antigo e o dos “turistas”, e ver quantas saberiam explicar que designam o mesmo local? Ou fazer um outro teste, ainda mais simples, e procurar no google por “cascatas do tahiti” ou por “fecha de(as) Barjas” para reparar na diferença de resultados. Não nas Caldas, mas numa unidade hoteleira dentro do PNPG, recentemente prestaram-me uma informação completamente errada que teria tido a consequência de me meter numa enorme enrascada. Apesar de ter perguntada por um local onde pudesse ir com uma criança. Tudo porque as pessoas começam a não conhecer a serra e não terem fontes que transmitam a memória da serra.
Tens toda a razão. O tahiti e a dulce ponte (com letra minúscula de propósito) ainda irão merecer uma publicação brevemente.
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