De novo, as ruínas das Minas dos Carris foram alvo de actos de vandalismo. Por muito que queira tentar, não consigo compreender como é possível percorrer 19 km por um caminho difícil só com o único intuito de fazer o que as fotografias mostram.
Quem fez estes graffitis foi aos Carris já com a intenção de os fazer e o mais incrível é que para além de tinta de lata de spray (tinta preta) foi também utilizada tinta de lata (cor amarela).
Será que se pode tentar identificar quem terá feito estes actos de vandalismo?
Fotografias: © Rui C. Barbosa
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9 comentários:
Não acho que este caso seja vandalismo. Percebo a posição, mas aqui há uma preocupação mais profunda que o simples escrevinhar x ama y (que já vi por lá) ou as vazias tags.
Um graffiti alusivo aos anos de mineração ficaria melhor, mas o da primeira fotografia nem está de todo deslocado da paisagem.
(Não tenho nada a ver com esses graffiti; sou apenas um leitor habitual que desta vez decidiu comentar.) ;)
Só existe uma palavra para descrever aquilo (da mesma forma que só existe uma palavra para descrever os actos que destruíram parte das ruínas): vandalismo.
Eu gosto de ver os graffiti no lugar deles, não a danificar património público, seja ele protegido ou não.
Opiniões. Pode não se gostar, mas neste caso há uma preocupação artística que os distingue de todas as outras inscrições nas ruínas.
Embora considere que o correcto é deixar a natureza reclamar as minas, de um ponto de vista civilizacional o esquecimento a que foram votadas é um acto de vandalismo maior.
Concordo com o segundo parágrafo do comentário, aliás todo este blogue é a prova disso.
Resta a satisfação de saber que em poucos anos pouco ou nada restará daquilo.
A existência ou ausência de preocupação artística não anula o facto de isto ser o que é: vandalismo!
Podia ter sido a Paula Rego a pintar lá, não deixava de ser vandalismo.
E se quem fez esta bela bodega não consegue perceber isso, então não passa de um palerma que não merece pisar um local destes.
É a preocupação artística que me faz aceitar - e apreciar - estes graffiti, ao contrário de outros riscos nas minas; existindo, ela implica carinho pelo lugar, transformando os graffiti num acto de humanização.
As ruínas nada têm de sagrado que as impeça de serem tocadas até pela genialidade da Paula Rego. O mais importante é a montanha, mas a beleza das minas também passa pela memória civilizacional que evocam, e a arte da Paula Rego é capaz disso.
Peço desculpa se ofendi alguém com o meu comentário, mas senti-me inclinado a fazê-lo porque se pode amar a natureza e os Carris e apreciar esta intervenção.
Não há qualquer ofensa inerente no comentário, aliás se houvesse não seria publicado.
No entanto as opiniões sobre aquele acto de vandalismo divergem profundamente. Considerar que "ela implica carinho pelo lugar, transformando os graffiti num acto de humanização," é uma forme muito enviesada (a meu ver) de ver a questão. Um carinho pelo lugar é sim mantê-lo e preservá-lo o mais possível, é limpar o lugar, não destruir as ruínas, preservar a sua memória.
É óbvio que existirão manifestações artísticas que tenham um impacto mínimo no lugar. Ainda há tempos existiu a ideia de se criar ali uma estátua, utilizando elementos do local, que homenageasse aqueles que ali trabalharam e viveram em duras condições. Esta estátua não seria vista como um elemento de alteração das ruínas ao contrário do que aconteceu com aqueles graffiti.
Ali, não existe um elemento de preservação. Assim um elemento de afirmação pessoal feito à revelia das regras de preservação e que por si só constitui uma contra-ordenação ambiental. O próprio facto de o graffiti não ser assinado indica o dolo com que foi feito e a falta de coragem em assumir um acto de vandalismo.
Talvez seja idealismo a mais, mas, sabendo que a muitos está subjacente o que escrevi, é-me difícil encarar a intervenção de outra forma. Pelo menos até saber algo mais (que neste caso parece pouco provável.)
A despersonalização da não-assinatura faz mais pela ideia defendida do que os que lá estão assinados e com o óbvio intuito de se afirmar (as , a praga do , . . .) Também é útil para não assumir responsabilidades, mas isso não os torna mártires nem criminosos.
Não há necessidade de me alongar muito mais, queria apenas partilhar o ponto de vista de alguém que ama a montanha mas consegue conviver com isto. Prefiro os Carris sem ruínas, prefiro as ruínas sem e a ideia da estátua utilizando elementos do local aproxima-se mais do meu ideal, mas não consigo considerar este acto como vandalismo.
Faltam algumas palavras nos dois primeiros parágrafos do meu comentário das 20:22 (nabice minha a utilizar as tags HTML. Aqui vai como deveria ser:
Talvez seja idealismo a mais, mas, sabendo que a muitos graffiti está subjacente o que escrevi, é-me difícil encarar a intervenção de outra forma. Pelo menos até saber algo mais (que neste caso parece pouco provável.)
A despersonalização da não-assinatura faz mais pela ideia defendida do que os que lá estão assinados e com o óbvio intuito de se afirmar (as tags, a praga do x esteve aqui em -inserir ano-, . . .) Também é útil para não assumir responsabilidades, mas isso não os torna mártires nem criminosos.
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