quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A informação aos visitantes e a má informação de quem informa

Mais uma vez surge um caso onde é bem explícita a má informação de quem informa dada aos visitantes do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Já por várias vezes aqui referi o facto de que isto é um mau cartão de visita para quem escolhe as paragens do nosso único parque nacional para passar as suas férias e pelos vistos quem de responsável ou não liga ao problema ou então vira os olhos... ou então está simplesmente ignorante em relação ao assunto...

O relato seguinte foi-me enviado por um leitor devidamente identificado deste blogue e descreve o sucedido recentemente num dos postos de informação na área do Parque Nacional. Eu sou da opinião de que quem trabalha deve fazer um trabalho de excelência, pois no mais básico é pago para isso. Se não estamos satisfeitos no nosso trabalho devemos simplesmente de procurar um outro trabalho qualquer e assim deixamos de nos preocupar em atender pessoas (que devem ser) exigentes nas informações que pedem e por outro deixamos de prejudicar todos aqueles que dependem das informações que são solicitadas, pois em resultado destas pode depender a decisão de ficar ou não no território.

Assim, no texto a seguir, decidi apagar os indícios de quem possa ter feito este atendimento. No entanto, fica o apelo àqueles que lêem este blogue que no território do PNPG sejam exigentes com quem informa e não tenham dúvidas em reclamar se acharem que foram mal atendidos ou mal informados...



Há uns dias atrás, a quando da minha estadia no Geres, decidi ir em busca de informação junto de uma das Portas do PNPG.

Dirigi-me a porta dx XXXXXX. O meu objectivo era de procurar informação sobre o POPNPG (Plano Ordenamento Parque Nacional Penda-Geres). Quando lá cheguei deparei-me com uma funcionaria, não muito simpática. Dirigi me então ate ela e pedi lhe algumas informações. Acontece que vim ainda mais confuso do que quando lá cheguei. Para expor esta situação vou aqui relatar o dialogo que tivemos, que não deu em nada:

EU- Bom dia.

Funcionaria- Bom dia.

Eu- Será que me poderia ajudar?

Funcionaria- Diga o que deseja saber...

Eu- Queria saber se tem mapas com o plano de ordenamento do parque.

Funcionaria- Não, não temos. Para que quer isso?

Eu- Bem, eu gostaria de visitar algumas áreas do parque. mas constou me que existem aéreas que só com autorização é que lá se pode ir...

Funcionaria- Diga me onde quer ir e talvez eu o possa ajudar..

Eu- Eu gostaria de ir às Minas dos Carris...(nesta fase fui logo interrompido de forma abrupta)

Funcionaria- Proibido, E proibido visitar essa aérea. Não deve nunca ir lá!!! Nem pense em lá ir!!

Eu- Mas eu...

Funcionaria- Esqueça isso, opte por visitar outros locais. A serra tem muito mais para ver.

Eu- Desculpe, deixe me falar. Eu fui informado por pessoas que conhecem bem a serra e o seu plano de ordenamento, que as minas se encontram fora da aérea de protecção total. O meu objectivo ao vir aqui era de adquirir um mapa da área em questão, para poder traçar uma rota de forma a evitar passar por zonas as quais não estarei autorizado a passar.

Funcionaria- Mas você não precisa de mapa, pois todas as aéreas proibidas estão assinaladas por placas espalhadas pela serra. E se você quer tanto ter acesso a esses mapas terá de se dirigir à sede do parque nacional em Braga. Hoje não, pois como e fim de semana eles estão fechados...

Eu- Então imagine se que eu venho passar aqui um fim de semana. Como e que faço para aceder a este tipo de informações?

Funcionaria- Não sei. Eu aqui não disponho de informação suficiente para poder ajuda-lo mais...

Eu- Mas espere la! Diz-me que não tem informação, mas no entanto diz me que não posso ir aos carris!! Afinal tem ou tem informação que me possa dar??

Funcionaria- Se quer assim tanto saber sobre o plano de ordenamento terá de contactar a sede do PN em Braga. Posso lhe dar um contacto telefónico ou mail...

Eu- Deixe-me la então o numero, talvez eu entre em contacto nos próximos dias.

Funcionaria- Aqui tem o numero. Não vá aos Carris, pois está em zona proibida e também não deve ter la nada de interesse. Deseja mais alguma coisa?

Eu- Não, não. Acho que já sei o suficiente. Ou menos ainda do que quando cá cheguei. Tenha um bom dia. Obrigado.

Fiquei a saber o mesmo. Bem, fiquei a saber que se eu quisesse saber alguma coisa, teria de esperar pela Segunda-feira ou então ir à procura de um daqueles guarda florestais que por lá andam...


Mais uma vez caímos num problema que já foi aqui tratado e debatido noutros lugares e que é a formação que é dada a quem está nos postos de informação, sejam eles os postos de turismo ou as Portas do PNPG. Não quero acreditar que as pessoas que lá estão tenham ordem por parte de quem os forma de simplesmente «despachar» os visitantes das zonas que aparentemente não se podem visitar (e os Carris não é um desses casos). Será que a reacção seria igual se as pessoas pedissem informações sobre as lagoas no Rio Homem?

4 comentários:

joca disse...

Uma vergonha, já falámos sobre isto e quase que adivinho que até já falamos sobre esta pessoa. O problema é que eu já não sei se a culpa é dela, apesar de também achar que deveria ter mais curiosidade e brio. Dizer não sei não devia satisfazer ninguém.

Carlos M. Silva disse...

Olá
Sim,sim,uma vergonha absoluta.
Mas não me espanta absolutamente nada.Tendo a funcionária responsabilidade no que diz quando fala,a questão é mais grave pois um director(es) de qualquer coisa,pode em qualquer caso,apresentar-se como turista e constatar se obtém,na casa que dirige,a informação que pretende daqueles que deveriam informar e a quem alegadamente terá proporcionado formação.É portanto um assunto de cidadania e de direitos/deveres ..a que são omissos intencionalmente.
Portanto ..só intencionalmente e vindo de cima é que uma situação destas pode suceder,como aliás por aqui foi indicado logo,que sucederia:uma coutada privada de bem público.
E se ao menos este caso fosse caso único ..mas não é!
Cumprimentos e obrigado pela circulação de informação que proporcionam!
Carlos M. Silva

Diana disse...

Boa noite... Realmente é uma pena um sítio destes não ter informação, ou digo, pessoas suficientemente informadas sobre o que estão a fazer e a dizer a trabalhar no mesmo.
Qualquer das formas, a ultima vez que lá fui, também queria fazer esse trilho, dirigi-me ao posto de turismo, na Vila do Gerês, onde me foi informado que esse trilho só poderia ser feito mediante pedido de autorização ao parque e pagamento e cito "cento e tal euros, porque se os guardas vos apanham lá é um problema". E onde me foi disponibilizado um mapa de toda a reserva e zona circundante com os pontos de interesse, gratuitamente. Informações certas ou erradas não sei, mas é um sítio lindíssimo ou vale sempre a pena voltar!
Muito sucesso!

Alberto Pereira disse...

Olá Rui;
É uma daquelas situações recorrentes. Pessoas colocadas em locais de atendimento publico por 'cunhas', sem qualquer tipo de formação e depois dá nisto! Que pensarão as pessoas que vêem de todo lado para visitar o Parque e depois dão de caras com uma 'expert' destas?
E isto leva-me ainda mais longe:
É por causa de gente deste tipo que o nosso país se está a afundar. Gente incompetente e arrogante! Haja paciência.
Alberto Pereira