E pronto, ao 13º dia do ano quebrou-se o enguiço do mau tempo e lá consegui caminhar no Gerês... podia fazê-lo aqui no quintal, mas acreditem que não era a mesma coisa...
Duas hipóteses: ou subia ao Cantarelo ou ia até à Matança. O Cantarelo pode ficar para outro dia... Depois do pequeno-almoço no Ramalhão, mochila abastecida e enjoado com o cheiro de alguém que não se deve lavar à meses (tive de ir com as janelas abertas até à Portela do Homem só para me tirar aquelas partículas no nariz!), lá comecei a subida pelo Vale do Alto Homem tendo como objectivo a Matança.
Nome singelo para uma característica geográfica na Serra do Gerês, bom de facto isso é o que existe mais na Serra do Gerês, mas matança intriga qualquer um. O Jorge Louro no seu blogue, presenteia-nos com a reprodução da explicação deste orónimo na sua entrada "O Nome das Coisas - Matança". Assim, algures por aquela zona, numa época afastada da nossa História, deve ter havido uma verdadeira chacina e o local sido «baptizado» com o nome de 'Matança'. Curiosamente, do local a vista abarca toda a Lamalonga, uma boa parte do Vale da Ribeira das Negras e parte dos currais perto da Garganta das Negras, e devido à geografia do terreno é um bom local para uma matança dos desgraçados que tentariam roubar o gado nacional...
Percorrido o Vale do Alto Homem e passado a Ponte das Abrótegas, segui até às Lamas da Carvoeirinha e daqui enveredei pelo trilho que bordeja o salto do Lobo pela esquerda para chegar ao topo da Corga de Lamalonga onde se encontram as ruínas da Lavaria Nova. Continuando pelas decrépitas escadas de pedra, tomei o velho trilho que me levou à Lamalonga.
A certa altura, ia eu muito concentrado na minha contemplação paisagística (...) quando de repente deparo, a pouco mais de 10 metros, com uma cabra selvagem que muito espantadamente fica estáctica a olhar para mim. Este encontro imediato teve igual efeito na minha pessoa, mas lentamente levei a mão à câmara fotográfica e tirei umas fotos. Só depios reparei que um pouco mais a baixo, estaria todo o clã reunido para o almoço, pois já eram uma da tarde. Toda a gente fica a olhar para aquela criatura com uma malota grande nas costas e de repente desata tudo a correr perante tal aparição. A minha «sorte» foi que correram, com a erva a cair das beiças, no sentido oposto caso contrário sentir-me-ia como que espesinhado por bisontes! Pronto, cabras!
Tomando conta do sentido da fuga, continuei o meu caminho que por acaso também seguia para aqueles lados já que o objectivo era o Curral de Lamalonga onde pretendia, descansadamente, petiscar qualquer coisinha e beber um cházinho! Para meu espanto, as criaturas, e eram dezenas delas (!), ficaram como que especadas ali, logo depois do pequeno vale, a olhar para mim! Pudera! Também eu ficaria perante tamanha coisa. Fiquei ali por momentos, como que num jogo de olhares fitando os animais. Estes de repente fizeram nova correria até à volta da montanha, perfilando-se todas para um par de fotografias final. E lá segui eu a minha vidinha, pois já se fazia horas.
Depois do almoço, lá subi finalmente à Matança e pus-me a imaginar tamanha chacina naquelas paragens. Certamente teria sido algo digno de se ver com o povo todo ali a juntar-se à espera do galegos e depois tudo a andar à porrada!!! Eh, eh... tenho quase a certeza que algures pelas bandas galegas haverá história igual...
Hora de regressar! Subir a Corga de Lamalonga e das um saltinho às ruínas de Carris. Ok! Estava tudo no sítio e, pasme-se, também a Nevosa lá estava. Sem mais contemplações, toca a descer o Vale do Alto Homem... e eu que ainda há pouco disse que não voltaria a desce-lo tão cedo... Pois, não tardo é a voltar lá!
Ficam as fotografias do dia e depois virão uns vídeos...
Fotografia © Rui C. Barbosa
5 comentários:
Olá Rui.
Então tiveste encontros imediatos, não é?
E eu que ando atrás dessas marotas há algum tempo e nem sinal delas!
Um dia...
Abraço,
Jorge Sousa
É pá! Rui! foi impressão minha ou mirastes as cabras novamente ao longe?!
Puxa a vida não tenho sorte nenhuma, nem por ser nem "Cabra do Gerês"
Por pouco encontrava-te,estive perto de ti...
Então João, por onde andaste?
Abraço!
Fiz um curto passeio,só de tarde,pela zona do Arado!
Até breve,
Abraço,
João Dias
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