Depois de assistir a um concerto de Mão Morta, só podia dar nisto...
(Baseado em "Tiago Capitão", letra de Adolfo Luxúria Canibal, Música de António Rafael; Mão Morta)
esta é a história do pastor tiago que foi maoista no tempo da revolução e negreiro quando passou a confusão, o seu poder subterrâneo edificou-o ao acaso das férias pela serra do gerês, das caldas a pitões, onde encantava com o seu ar ladino os turistas mais ávidos de agitação. quando soprava o vento suão organizava escabrosos carnavais, onde virgens de enigmáticas origens, manancial de carne fresca que desembarcava em misteriosas camionetas da empresa hoteleira, eram sacrificadas ao cruel manejo dos bacantes inflamados de desejo. nas noites de lua cheia formava pretendidas epopeias por casas do guarda que sabia desocupadas, e que eram então arrombadas, profanadas e mesmo incendiadas, numa volúpia de destruição que lhe ia firmando a reputação, criou assim uma horda de veraneantes unidos por um mesmo brado viciante: vamos em frente, olho por olho, dente por dente, ó pastor! vamos em frente, olho por olho, dente por dente, ó pastor! vamos em frente, olho por olho, dente por dente, ó pastor! vamos em frente, olho por olho, dente por dente, ó pastor! mas tudo tem um fim. e o fim chegou. apesar de tiago, o pastor, depois de incutir o gosto pela devassidão e assegurar um seguidor para a sua substituição, ter o cuidado de sempre mudar de lugarejo e assim despistar a sua identidade, o seu nome acabou nos registos do sepna, que esperava uma ocorrência propicia para lhe deitar a mão. E chegou o fatídico findôr em que tiago o pastor foi encurralado como um cão danado e, antes mesmo de poder esboçar um gesto de protesto, condenado por uma saraivada de balas a uma morte sem galas. mas o seu exemplo manteve-se presente e não deixou indiferente que com ele aprendeu a amar o verão com a lasciva da transgressão, e ainda, hoje por noites de lua cheia, em lugarejos espalhados pela montanha do gerês, das caldas a pitões, se podem ouvir os ecos malditos do clamor de tiago, o pastor. vamos em frente, olho por olho, dente por dente, ó pastor! vamos em frente, olho por olho, dente por dente, ó pastor! vamos em frente, olho por olho, dente por dente, ó pastor! vamos em frente, olho por olho, dente por dente, ó pastor! vamos em frente, olho por olho, dente por dente, ó pastor! (oiçam a canção) vamos em frente, olho por olho, dente por dente, ó pastor! (é a canção do pastor) vamos em frente, olho por olho, dente por dente, ó pastor! (oiçam a canção) vamos em frente, olho por olho, dente por dente, ó pastor! (é a cançao do pastor) vamos em frente, olho por olho, dente por dente, ó pastor!
Fotografia: © Rui C. Barbosa
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