sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Gerês - Amarela / Portela do Homem - Louriça

Sem exagerar muito, 15 anos separam duas caminhadas entre a Portela do Homem, na Serra do Gerês, e a Louriça, na Serra Amarela. Sim, 15 anos... não devo exagerar muito...

Mais uma vez, a ideia era simples: percorrer o estradão que, partindo da Portela do Homem, pretendeu um dia ligar e cruzar a Serra Amarela, fazendo uma ligação a Vilarinho da Furna. Parou com resistência daquelas gentes ao avanço de uma nova estrada pelas suas terras. A «vingança» surgiu uns anos mais tarde com a chegada das águas da barragem que submergiu a aldeia. A estrada pára nos muros que traçam a serra, seguindo-se depois pois velhos trilhos de pé posto até encontrar a «outra ponta» que desceria da base da Louriça.

As memórias que guardo daquela caminhada de há mais de 15 anos, seguramente (!), são poucas... o dia de calor num Agosto tórrido, a vegetação que invadia o velho estradão, a escassez de água nos cantis e a relutância do guarda no posto de vigia dos fogos em nos dar uma garrafa do precioso líquido, partes da descida para Vilarinho, um grande tombo (!) de fazer o pino e a Geira Romana no regresso a Albergaria.

Bom, neste dia foi diferente. Uma caminhada de cerca de 22 km (GPS) de ida e volta desde a Portela do Homem passando na parte superior da Mata de Palheiros, Cortado de Calvos e Chã. Aqui, o estradão é sobranceiro à fronteira... estamos na raia lusitana... Depois de atingir o muro dos Vilarinhos, o estradão transforma-se num trilho de pé posto que nos leva a passar perto da Cruz do Louro (eu irei utilizar este nome pois é o que está referido na Folha n.º 30 da Carta Topográfica de 1949, ou contrário da designação 'Cruz do Touro' que surge na Folha n.º 30 da Carta Topográfica de 1993). o pequeno prado do Azevinheiro surge logo a seguir. Aqui, decidimos «trepar» pelo vale ladeando as Ruivas pela direita e seguir pelo topo do Vale do Rio Cabril tendo por fundo a martirizada Mata do Cabril. Os efeitos do incêndio de Agosto de 2010 são mais do que visíveis e as cicatrizes difíceis de sarar num topo serrano despido de vegetação. A passagem pelo Ramisquedo permite uma soberba visão do vale e surge a vontade de lá entrar. Talvez um dia...


Daqui, foi seguir o muro concelhio e entrar no velho estradão que terminando junto de uma saibreira, entronca no estradão florestal do Lindoso e nos conduz à Louriça e às antenas do Muro.

Após, um rápido almoço e na possibilidade de uma brusca mudança das condições atmosféricas, regressamos sensivelmente pelo mesmo caminho fazendo umas derivações em algumas zonas que tornaram o regresso mais interessante e menos penoso.

De sublinhar a visão que se tem do Vale do Alto Homem que em partes do caminho é simplesmente avassaladora.

Algumas fotografias...
















































Fotografias: © Rui C. Barbosa

6 comentários:

Joao Dias disse...

Convínhamos dizer,Rui, que este é um trilho não sinalizado,de difiçil progressão após o fim do estradão, não aconselhável fazer sem cartas ou GPS,ou a pessoas que não tenham bom sentido de orientação,pois nós mesmo com cartas tivemos que recorrer à experiência e orientação das várias mariolas para ultrapassar o topo do Ramisquedo.
Penso que estás a ser modesto nos 22 quilómetros,o Gps do Zé deu 28!

Sim é de facto uma dos mais belos trilhos que já alguma vez fiz no Gerês e com uma perspectiva diferente da imensidão desta Serra que tanto amamos.
Obrigado a Ti e ao Zé Moreira pela companhia,
Abraço,
João Dias

Rui C. Barbosa disse...

Viva João,

Eu diria não aconselhável fazer sem a carta topográfica, pois o GPS não é bom companheiro na montanha. Não é um trilho fácil e por vezes a percepção da distância pode enganar o caminhante mais desprevenido.

Quanto à distância, foi o que me deu no meu GPS.

Para a semana estamos lá desta vez para desvendar mais um Trilho Secular!

Abraço!

José Carlos Callixto disse...

Este percurso é muito semelhante ao que percorri em Maio passado e que tenho no Wikiloc, em http://pt.wikiloc.com/wikiloc/view.do?id=1348483 e documentada no Picasa em http://picasaweb.google.com/jcarloscallixto/SerraAmarela
Só fui até à base da Louriça, no "estradão" da saibreira, não subi às antenas. O GPS marcou 18,8 km, pelo que os seus 22 km deve estar correcto. É uma caminhada espectacular.
Um abraço

Alice Lobo disse...

Olá Rui parabéns pelos 100.000 visitantes e pelo objectivo inicial do Blog Minas de carris. contudo sabes a minha opinião sobre a colocação das rotas/trilhos no blog, é uma aréa desconhecida e não é aconselhavél a pessoas sem experiência. e podes induzir ao facilitismo e ourtras consequências.

cumprs

Alice Lobo disse...

"Eu diria não aconselhável fazer sem a carta topográfica, pois o GPS não é bom companheiro na montanha."
concordo ctg ...

cumprs

joca disse...

Viva Rui,

Recentemente fiz uma caminhada muito parecida com a tua - estava curioso por ver com os meus olhos os efeitos do incêndio de Agosto - e aproveito para te dizer que usei um vídeo teu no meu blogue.

Fiquei curioso com a diferença de topóninos entre as cartas topográficas de 49 e 93, tens mais algum elemento sobre este topónimo? É que em todos os documentos oficiais e nas cartas espanholas aparece sempre como Cruz do Touro.

Concordo contigo sobre as vistas sobre o vale do Homem e acrescentaria pelo menos a perspectiva sobre a albufeira de Vilarinho da Furna e os recortes da serra do Gerês.

Quanto à dificuldade e quanto ao GPS e que não concordo nada. Todas as ferramentas de orientação são um auxiliar precioso, mas não podem substituir uma boa preparação prévia. Uma caminhada segura começa em casa. Ir para a serra sem preparação é ir à procura de problemas.

Qualquer ferramenta de orientação pode falhar mesmo uma carta e bússola em certas condições não servem de muito. No GPS aos erros de utilização acrescem os erros e falhas da tecnologia, mas bem utilizado é fantástico. Concordo contigo que pode induzir uma falsa ideia facilidade, mas essa é uma velha discussão.

Por exemplo, lembro-me de ter lido alpinistas a dizerem que as vias ferratas eram perigosas porque permitiam que pessoas menos preparadas fossem fazer coisas para as quais não estavam preparadas. Só que a questão é mais uma vez a preparação prévia. Não é o GPS ou as vias ferratas que são perigosas, é a falta de preparação. Eu por exemplo já há muito que defini os meus limites e não vou para além deles. Por muito que gostasse de subir ao Monte Branco sei que não tenho preparação técnica para o fazer.

Estas ferramentas devem é ser utilizadas com inteligência. Nesta eu tinha um trilho marcado que apenas segui parcialmente. Apesar de reconhecer o mérito do GPS, nas caminhadas gosto de continuar a fazer a orientação por outros métodos. O GPS serve-me para a orientação macro, no resto prefiro a leitura do terreno, cartas e as mariolas. As últimas serão sempre as minhas preferidas.