Por breves monentos conversei com Daniel Rocha no final da 3ª sessão de esclarecimento do POPNPG que teve lugar nas Caldas do Gerês. Falamos da forma como as pessoas invadem os seus terrenos sem autorização quando vão para as cascatas que insistem erradamente em chamar de 'Tahiti'.
O texto que o Daniel Rocha leu no decorrer da sessão de esclarecimento foi talvez um dos momentos mais marcantes dessa sessão. Não sei como contactar o Daniel Rocha para lhe pedir a sua permissão para reproduzir aqui o seu texto, mas vou colocá-lo aqui para que todos possam ter um pouco a noção de como é em parte a relação entre os residentes e o PNPG.
O texto será retirado se por ventura o Daniel Rocha assim me disser para o fazer...
"Esta intervenção vai no sentido dos interesses das vezeiras, uma vez que estas ocupam, por usos e costumes, parte de uma zona da serra que será, classificada pelo P.O., como zona de protecção total. O conteúdo, desta, tem como função sensibilizar, quem de direito tem o poder de resolver esta afectação. Apresentando inclusive algumas soluções.
Sr. Director; o que nós temos a dizer é tão e só isto: QUE SEJAM CONSAGRADOS E INTOCÁVEIS, no plano de ordenamento do P.N.P.G., os nossos direitos, usos e costumes e, da parte das Vezeiras estará o problema resolvido.
Sr. Director; poderá o senhor ou alguém dos que o acompanham neste processo pensar que a nossa presença é destrutiva, mas não o é. E a prova está na nossa ocupação destes espaços ao longo dos tempos, em não termos destruído o que hoje serviu para as várias certificações do P.N.P.G.
Sr. Director; no meu ponto de vista, só não há solução para a morte, porque de resto se houver vontade os problemas serão ultrapassados. Para exemplo do que falo: - se não se poder queimar para renovação dos pastos, como é costume, tem-se alternativa que é por parte do P.N.P.G., roçar a zona – a – zona consoante a necessidade, se a roça não resolver com satisfação a abundância das pastagens, a engenharia genética poderá ajustar a semente de erva existente, a esta zona, sem interferir com a vegetação presente nestas áreas, ajudando a combater a erosão e resolvendo de uma forma abundante as pastagens. De uma atitude natural e sem desgaste para a natureza, consegue o P.N.P.G. proteger o meio ambiente, (que é como diz o Sr. Director) a sua função e, satisfazer-nos ao mesmo tempo a nossa necessidade. Continuamos e até de uma forma mais responsável, levar a cabo a nossa sustentabilidade económica, preservando e protegendo ao mesmo tempo este património.
Sr. Director; nós, não somos Bichos! Também temos sensibilidade e, também erguemos a cabeça, olhamos para um lado e para o outro. Sabemos que o que hoje preservar-nos será o que as gerações futuras encontrarão.
Sr. Director; nós não temos: ponte Vasco da Gama, teatros, cinemas, aeroportos, expo, universidades, não discutimos o T.G.V., no entanto contribuímos, como todos os cidadãos deste Pais, para estas infra-estruturas. Só temos isto! Só isto, se o País quiser beneficiar destes espaços terá de compreender, que esta gente é só isto que tem. Logo terão de nos tratar com dignidade e igualdade, até porque dois terços da área do P.N.P.G. são propriedades privadas das quais pagamos os devidos impostos. Esta gente contribui para a criação deste País, defendeu as suas fronteiras ao longo dos tempos, em Brufe, há uma placa com o seguinte dizer: - (em 1700 Brufe não dava Homens para a guerra, mas honrava o País na luta contra o invasor), pois este é o País. Que os nossos antepassados, com a sua bravura, sangue e sacrifício defenderam. E que hoje sem escrúpulos nos quer invadir.
Sr. Director; poderão ganhar esta batalha, mas não vão ganhar a guerra….
O senhor Director comentou, – “ que para rasteiras não contem comigo”. Pois o que lhe apresentamos, e que leve como informação a quem tem o poder de decidir é a humildade de um povo, que mesmo na altura de defender o que é Dele, ainda tem a honradez de encontrar o consenso. Para que quem tem o poder, saiba, nos trinta e sete anos de existência do P.N.P.G. na nossa área, nunca houve por parte deste a hombridade de: dialogar com a população, de explicar porque aqui estão, quais as suas intenções, porque muitas vezes proíbem sem dar uma razão, que benefícios temos com a sua presença, em que nos poderiam ajudar. Mas nada, nada, nada, …. Se for necessário provamos isto facilmente.
O que faria quem nos houve, se tivesse que conviver com um parceiro destes, com que ideia ficaria das suas intenções.
Invocamos aqui o nosso passado, para que sejamos compreendidos neste presente.
Esta intervenção está toda ela direccionada ao senhor Director, porque entendo que através dele, o fará chegar a quem tem, o poder de ainda resolver estes problemas, que são de muita gravidade. Isto para que possamos vier as duas partes em harmonia, salvaguardando os seus interesses."
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