Carris, 3 de Maio de 2009
Uma das caminhadas mais impressionantes que se pode fazer na Serra do Gerês é a travessia entre Pitões das Júnias e a Portela do Homem. Existem vários trilhos que podem ser utilizados para percorrer a serra. Já anteriormente havia feito esta travessia por duas vezes, mas esta vez teve um gosto especial pois o grupo que me acompanhava era composto por pessoas que gostam de desfrutar de tudo o que a Natureza tem para dar e são verdadeiros amantes da Serra do Gerês, a mais bela de todo o nosso país.
Chegamos a Pitões das Júnias vindos de Braga, Barcelos, Vila das Aves, Guimarães e Chaves, com os primeiros a pernoitarem na aldeia de 30 de Abril para 1 de Maio e evitando-se assim um despertar demasiado cedo. Na noite, fomos descobrir o sabor das fantásticas Bolas de Berlim de Pitões das Júnias, um verdadeiro pitéu dos deuses que permanecia escondido na secular aldeia. Foi um sabor que nos acompanhou de dia e de noite nos nossos sonhos, e que certamente nos fará voltar um dia...
O dia em Pitões das Júnias nasceu frio e com muito Sol. As nuvens do dia anterior haviam desaparecido e o dia prometia!! Aguardamos a chegada do último membro do nosso grupo e pouco depois rumamos para o horizonte composto pelos picos do Gerês. A serra esperava por nós... Saindo de Pitões das Júnias iniciamos a descida para o Porto da Laje e atravessamos o Ribeiro do Peredo. À nossa frente a paisagem desenvolvia-se em torno das Fragas de S. João e o olhar abarcava desde a Barragem da Paradela, passando pelos Cornos de Candela e chegando aos imponentes Cornos da Fonte Fria. Seguimos os velhos caminhos passando pela Ponte de Pereira e entramos nos seculares trilhos da montanha que nos guiaram para lá da capela que fica lá no alto como um farol guia para os que percorrem os caminhos medievais do Gerês.
Com curtas paragens para pequenos descansos e momentos de orientação, passamos o Ribeiro de Teixeira antes de nos embrenharmos em caminhos que queríamos ver nas encostas dos Cornos de Candela que foram vencidos com algum esforço. No seu topo quase que conseguíamos ver o nosso objectivo para aquele dia e o Castanheiro limitava o horizonte. Baixamos para o Outeiro de Cervas à sombra do Compadre e aí retemperamos forças.
Depois do almoço prosseguimos pelo Corgo das Lamas do Compadre até chegar à extremidade do Corgo de Lamelas altura em que decidimos prosseguir pela margem direita do Ribeiro de Biduiça até atingir o Ribeiro das Negras. Por uma questão de poupança de esforços passamos ao lado da Matança e dirigimo-nos para os Prados das Negras de onde já avistávamos a parede da represa dos Carris. A etapa havia sido longa e os corpos e a mente já pediam o merecido descanso, mas estava ainda reservada a sublime surpresa quando uma cabra selvagem nos veio saudar no alto das escarpas na extremidade da Garganta das Negras.
A caminhada prosseguiu no dia seguinte com uma passagem pela concessão da Corga das Negras n.º 1 e com a descoberta de umas novas escombreiras que certamente estarão relacionadas com a velha mina ali existente. Prosseguimos em direcção ao objectivo do dia, o Pico da Nevosa, ultrapassando a Garganta das Negras. Mais uma vez o dia estava fantástico e a fresca brisa da manhã disfarçava o Sol que já se sentia bem nas peles vermelhas do dia anterior.
Antes de iniciarmos a ascensão final para a Nevosa, aguardamos a chegada do Zé Moreira, da Guida, do Rebelo e do valente André que se juntaram a nós para conquistar o ponto mais alto da Serra do Gerês. Enquanto aguardávamos íamos contemplando a paisagem que ainda guardava em alguns lugares as últimas neves do Inverno. A subida à Nevosa foi feita pelo longo grupo e cumpriu-se assim um objectivo que alguns já há meses haviam traçado. No topo do Gerês a paisagem é indescritível e o olhar abarcava até as neves do que pensamos ser a Serra da Sanábria.
Depois de vários 'momentos Torga' de profunda contemplação, parti à procura de algumas cartas de cume ali deixadas por montanhistas. Encontrei uma que será certamente enviada para o respectivo clube de montanha. Descemos então para iniciar o regresso após as usuais fotos de grupo e rumamos em direcção aos Carris onde acabaríamos por almoçar e preparar a etapa seguinte.
A caminhada final para a Portela do Homem foi feita seguindo o velho estradão pelo Vale do Alto Homem, revisitando assim mais uma vez as paisagens que já me são familiares.
Foram assim três dias que marcam o início de uma nova etapa na vida e o cimentar de novas amizades com aqueles que compartilham todos os fins-de-semana as sensações que o caminhar e a montanha nos proporciona de uma forma única e plenamente saudável.
Fotografias: © Rui C. Barbosa
3 comentários:
Só de olhar dá umas saudades...
por acaso não passaram por tês caminheiros entre pitões es saão da fraga????
é que cruzei-me junto de vários caminheiros nessa manhã do dia 1 de maio eram vocês???
Viva Pedro!
Eu recordo-me de ter passado por três ou quatro caminheiros já depois dos Cornos de Candela, mais precisamente no Outeiro de Cervas por altura do nosso almoço nesse dia. Não sei se estarias nesse grupo.
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