Carris, 26 de Abril de 2009
A caminhada que levei a cabo neste dia sempre na companhia do Zé Moreira (http://www.bordejar.com/), tinha por objectivo tentar percorrer aquilo a que eu chamei de 'Trilho dos Contrabandistas' devido a várias referências sobre a utilização desse mesmo trilho por contrabandistas que utilizavam a Serra do Gerês para essa actividade. Quem sobe o Vale do Alto Homem em direcção às Minas dos Carris, tem a oportunidade de observar em certos locais o contraste na coloração da vegetação que indica a presença do trilho. De antigas fotografias e referências verbais de várias pessoas, existiu de facto um trilho que percorria a margem direita do Rio Homem entre a Água da Pala e possivelmente os Carris.
Na figura seguinte retirada da Folha 31 da Carta Militar de Portugal com trabalhos de campo de 1949, pode-se constatar a existência de um trilho de pé posto entre aproximadamente a Água da Pala e o Modorno. De facto, o trilho indicado termina no Modorno.
No terreno existem vários indícios da sua continuação pelo vale para lá do Modorno. Os mais atentos já terão notado a presença de um abrigo em pedra solta muito próximo das Águas Chocas numa zona íngreme. Este abrigo só terá explicação pela passagem por aquele lugar de um caminho em direcção aos picos serranos. Outras explicações serão possíveis, no entanto esta parece-me óbvia tendo em conta que o estradão para os Carris só foi aberto em 1943 e o abrigo encontra-se na margem oposta.
Assim, foi com uma certa determinação que preparamos esta pequena mas interessante expedição para tentar desvendar a verdadeira localização deste trilho e assim conseguir marcar toda a sua extensão em GPS. Chegados perto da Água da Pala descemos a margem esquerda do Rio Homem e facilmente transpusemos as suas águas para a margem oposta. Antes de atravessar tive o cuidado de seleccionar um ou dois pontos de referência com os quais conseguiria fazer uma triangulação e colocar-me perto do trilho. Porém, mal chegamos à outra margem facilmente constatamos que a tarefa seria árdua devido à intensa vegetação que impedia uma progressão mais rápida.
Após alguns minutos e depois de subir a uma cota mais superior do que seria desejado, aproximei-me novamente do rio com as indicações do Zé Moreira e acabei por encontrar sinais do trilho. Através de um GPS no qual estava já previamente referenciado o trilho tendo por base a folha 31, conseguimos percorrer alguns metros do trilho sempre por entre densa vegetação até concluir-mos que não era possível progredir mais devido a este facto. Assim, decidimos adiar a exploração para outra data e regressar à margem esquerda do Rio Homem e ao estradão e empreender mais uma subida às Minas dos Carris aproveitando assim o resto do dia.
Chegados às proximidades da Corga da Carvoeirinha e à Corga do Salto do Lobo, decidimos abandonar o estradão e seguir pelo Salto do Lobo. Ficou na ideia uma descida futura ao Salto do Lobo (um projecto já pensado desde Abril de 2008 durante a Iª Arqueoexpedição às Minas dos Carris) numa altura do ano na qual o caudal de água que por ali corre seja menos intenso. Após apreciar a imensa paisagem da Lamalonga e de ver os antigos vestígios das primeiras explorações mineiras no local, seguimos em direcção às Minas dos Carris passando não muito longe da lavaria no topo da Corga de Lamalonga e junto à entrada para a mina da concessão do Salto do Lobo.
Almoçamos junto da antiga casa do pessoal superior da mina e assistimos à chegada de um interessante grupo guiado pela Dorita (http://www.almademontanhista.blogspot.com/). O regresso à Portela do Homem fez-se pelo estradão. A distância total percorrida foi de 16,7 km.
Ficam as fotografias...
Fotografias: © Rui C. Barbosa
1 comentário:
Só fui lá duas vezes...só consegui sentir o silencio que nao se descreve duas vezes...mas espero volta muitas vezes...para que a minha alma nao morra nua, mas se possa encher de todos os pedaços de vida que esse lugar tem...
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