Carris, 24 de Janeiro de 2009
Já por muitas vezes aqui escrevi sobre o estado de conservação dos edifícios das Minas dos Carris. Já foram tantas as vezes que corro o risco de me tornar repetitivo para os leitores deste blogue. Se assim é, peço já imensas desculpas... Faço-o porque infelizmente quem deveria ler estas linhas não o deverá fazer, mesmo que ste blogue provoque certos olhares por parte de quem é responsável... Se por um lado é curioso saber que nos vigiam, por outro é uma pena saber que pagamos esse tempo o qual não é aproveitado para fazerem algo de extraordinário. Porém, para se fazer algo de extraordinário é necessário haver pessoas extraordinárias que o façam e tal não me parece ser o caso das pessoas que têm o poder (palavra forte!) de o fazer.
A quando da minha mais recente ida às Minas dos Carris no dia 24 de Janeiro de 2009, notei algo de diferente mal me embrenhei pelo meio dos seus edifícios. Para muita tristeza minha, a fachada do que em tempos terá sido a oficina de veículos do complexo ruíu por completo... o que resta está num amontoado de tijolos vermelhos corroídos pelos elementos e num emaranhado de ferro retorcido. Para ser sincero comigo mesmo e com vocês, digo que isto já era há muito esperado. Na realidade são já poucos os edifícios mais recentes que se mantêm periclitantemente de pé nos Carris. Como que num último grito de socorro, só as paredes mais antigas resistem.
Nunca consegui encontrar registos escritos relacionados com a construção dos edifícios mais recentes. Não se iluda o leitor quando falo em «mais recentes», não! Na realidade estaremos a falar de paredes com mais de 40 anos, enquanto que os edifícios mais antigos rondaram já os 50 anos. Estas paredes aguentaram 40 anos de invernias rigorosas e de calor extremo no Verão.
Infelizmente nesse dia não foi a única alteração na paisagem urbanistica (coisa fina!) dos Carris que acabei por notar. Também o que restava da paredes frontais do antigo dormitório acabaram por ruir... o Inverno tem sido muito rigoroso com as antigas instalações mineiras, numa aliança obscura com uma organização semi-secreta... Mais uma vez tratava-se de um dos edifícios construído em tijolo que não resistiu à cadência das estações...
Temos agora sem dúvida uma paisagem mais próxima do natural, mesmo quase prontinha para o turismo do PAN park. É sem dúvida demonstrador dos cuidados e da nossa forma de preservar, o turista norueguês vai ficar satisfeito por saber que algures naquele país do Sul alguém deixou degradar ao ponto de não se poder recuperar um património que ninguém soube cuidar...
...ai Portugal!, Portugal!... de que é que estas à espera?!
Fotografia: © Rui C. Barbosa
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