Carris, 24 de Janeiro de 2009
A primeira subida a Carris em 2009 acabou por ter lugar neste dia dado a impossibilidade de acesso à Ermida de Na. Sra. do Xurés devido à queda de árvores na estrada que dá acesso ao local.
Com uma Sexta-feira atormentada por ventos fortes e chuvas intensas, cheguei a ponderar o adiamento da actividade prevista para o sia 24. No entanto a vivência com um grupo interessante de pessoas e uma grande vontade de caminhar e poder visitar as Minas dos Carris pela primeira vez em 2009, falaram mais alto. Havia também a confiança de que o estado do tempo melhorasse e isso veio mesmo a acontecer.
A primeira concentração teve lugar pelas 6h45 no parque de estacionamento da antiga Bracalândia onde já se encontrava o Carlos Daniel Rego e pouco depois chegou o Rebelo (http://trilhoseazimutes.blogspot.com/). Aguardamos um pouco mais e seguimos em direcção à Portela do Homem. Ao longo do caminho, mas mais evidente na descida das Cerdeirinhas para as pontes de Rio Caldo, encontravam-se os restos de um dia e uma noite de temporal com restos de ramos e folhas, árvores tombadas, toda a espécie de detritos espalhados pela estrada. A subida para as Caldas do Gerês apresentou o mesmo cenário com árvores e postes de electricodade caídos ou seguros pelos próprios cabos eléctricos (no final do dia estes postes haviam sido já destruídos para evitar acidentes mais graves). Não houve a oportunidade de se fazer a usual paragem no Café O Ramalhão e seguimos directos para a Portela do Homem. A estrada para a fronteira apresentava o cenário já habitual mas não menos surpreendente. Na Mata da Albergaria e já a caminho da ponte sobre o Rio Homem (não a Ponte de S. Miguel) tivemos de efectuar uma paragem para remover uma árvore caída. Quem por lá passou antes teve o cuidado de cortar a copa da árvore o minimo para que o seu carros passasse, agora remover a árvore por inteiro já dava muito trabalho (no final do dia os restos da árvore que havíamos colocado na berma estavam assinalados com uma fita da GNR daquelas intransponíveis...). Quando paramos para remover a árvore parou logo atrás de nós um outro carro e do interior saíram o Paulo Figueiredo (http://www.no-geres.blogspot.com/) e o Mário Faria que se encontravam na companhia da Paula Ferreira e com os quais nos íamos encontrar na Portela do Homem. Removido o obstáculo prosseguimos para o nosso terceiro encontro com o Zé Moreira que já nos aguardava junto de Vilaméa.
Após nos encontrarmos com o Zé Moreira prosseguimos para a Ermida de Na. Sr.a do Xurés junto da qual se iniciaria o trilho que nos levaria até às Minas das Sombras. Infelizmente, a nossa viagem foi interrompida por um pinheiro de grande porte que, tombado, bloqueava a estrada. Na impossibilidade de o remover decidimod optar por um plano alternativo de caminhada e seguimos para Portugal, estancionando os carros na Portela do Homem e percorremos o Vale do Alto Homem até às Minas dos Carris.
Enquanto preparavamos o nosso equipamento para a caminhada que se avizinhava, escutei uns latidos provenientes das eternas obras do antigo edifício da fronteira da Portela do Homem. Os latidos intrigaram-se e fui ver de onse se originavam. Por detrás da vedação que cerca as obras pude ver um cão a tremer de frio quase abandonado naquele lugar. Muito provavelmente será o forte cão de guarda, mas só a perversa e ignorante mente de alguém é capaz de colocar um cão de pequeno-médio porte a fazer guarda num local tão ermo e já por várias vezes assaltado. Só de imaginar que alguém foi capaz de pensar que aquele animal é capaz de afugentar possíveis ladrões, é tão ridículo e caricato que merecerá sem dúvida uma acção posterior pois é uma situação de abandono e mau trato animal.
A caminhada até às Minas dos Carris teve uma duração de aproximadamente 3 horas. Ao longo do percurso notou-se o frio da montanha, mas estivemos livres de chuva exceptuando alguns minutos de granizo que começou a cobrir de branco a paisagem. Por alturas das Abrótegas já se notava a neve fresca e os restos dos nevões anteriores... queles fora do normal que provaram que a nossa Protecção Civil fica bem nas fardas que hostenta... mas só fica mesmo bem aí!
A chegada às Minas dos Carris é sempre diferente e a paisagem glaciar que nos brindou lembrou o porquê de tantas saudades daquele lugar e realçou as sensações que sempre proporciona ao visitante.
Ao percorrer os primeiros metros por entre o Edifício para Casais e a antiga Cantina, reparei que este Inverno tem sido implacável com as estruturas dos Carris. Quase toda a fachada da Oficina Mecânica caiu vítima da neve e do gelo, e também dos fortíssimos ventos que certamente se terão feito sentir nos últimos dias naquelas paragens. Assim, este é mais um edifício que agora só existem na memória e nas fotografias do local.
Prosseguimos para a zona habitacional e como é usual procuramos refúgio na única zona onde é possível encontrar algum abrigo do vento, da chuva e do frio. Logo ao entrar foi fácil de notar que ainda existe muito palerma a visitar aquelas paragens, pois mesmo após a actividade de limpeza realizada em Carris em Setembro de 2008, o lixo já se começa a acumular de novo nos recantos mais abrigados. São garrafas de vinho, roupas, pacotes plásticos de todas as formas e feitios. Certamente é a reduzida percentagem de oxigénio no ar da montanha que leva estes inergumenos a deixar o lixo por lá espalhado. Possivelmente serão estes os mesmos que advogam o encerramento total da montanha para a sua preservação, mas que não são capazes de trazer de volta a garrafa de vidro que tanto prazer e saber lhes proporcionou. Eu sei um sítio onde vocês podem guardar a garrafa da próxima vez que lá forem...
Após o almoço de montanha notamos que as condições atmosféricas iam piorando (ou melhorando, depende da perspectiva) e no ápice começou a nevar intensamente em Carris o que proporcionou a oportunidade para uma boas fotografias. Foi notada a descida da temperatura e decidimos deixar as nossas mochilas no abrigo e ir visitar alguns pontos de interesse no complexo mineiro: os antigos poços de mina e locais de abatimento, as velhas instalações de processamento de minério, a entrada para a grande mina, o magestoso edifício da lavaria e a paisagem da Lamalonga e a zona de lamas poluidoras (mas que os doutos dizem que não fazem mal). Regressamos de volta ao nosso abrigo por debaixo da antiga Casa do Pessoal Superior da Mina e após mais algumas fotografias rumamos para a represa dos Carris, local de visita quase obrigatória. Fico a passagem pela varanda sobranceira à Garganta das Negras, mas o intenso nevoeiro que entretanto caira impediria qualquer vislumbre da paisagem.
A antiga represa estava açoitada por ventos fortes que originava uma forte ondulação como há muito já não via naquelas águas. A neve também se acumulava por aqueles lados, mas a água da represa não estava gelada. Após mais algumas fotografias regressamos. Ao passar junto do velho edifício do Dormitório noto que mais uma parede caiu vítima dos elementos e agora já pouco resta em pé das paredes deste edifício...
Mais algumas fotos e várias tentativas para se obter uma fotografia de grupo à entrada dos Carris, iniciamos a nossa descida com a satisfação de ter atingido mais um ponto alto e a gratificação de um dia bem passado em grupo.
Fotografias: © Rui C. Barbosa
4 comentários:
Um grupo fantástico com uma paisagem soberba só podia resultar num dia cheio! Espero poder voltar a repetir a experiência.
Parabéns a todos por este dia fantástico, Rui um obrigado especial por esta verdadeira aula de história ao ar livre. Fico a aguardar a data para a ida as sombras.
Saudações montanheiras
Paulo Jorge
Obrigado pelas vossas palavras. É sempre um prazer vos poder acompanhar e mostrar a história das Minas dos Carris.
Um bem haja para todos.
Que as botas sequem depressa para mais uma.
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