Carris, 18 de Agosto de 2007
Muitos analistas e outras pessoas bem falantes costumam queixar-se do país 'que temos' quando se têm de referir a alguma situação ou apresentar algum queixume. Bom, não sou analista e muito menos penso ter o dom da palavra... Sou simplesmente alguém que tem as suas paixões, aquilo que caracterizamos por 'hobbie'... gosto de lhe chamar passatempo, já que temos uma palavra para isso...
Quando alguém tem um passatempo procura formas de o diversificar... Para mim, as Minas dos Carris são um dos meus passatempos. Tenho gosto no que faço e faço isto porque gosto de o fazer.
As Minas dos Carris ficam integradas no Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) com as suas áreas de protecção total e integral. É por elas que não podemos lá ir... Porém, e de cada vez que lá tenho ido nos últimos meses, nota-se que o nível de degradação avança de uma forma exponencial! Talvez seja pelo facto de a minha formação académica não ter nada a ver com a área protegida (pois sou Físico de formação), mas por muito esforço que faça não consigo entender o porquê de aquela memória do passado se encontrar no estado em que está.
Felizmente consigo entender que o PNPG tem outras prioridades e que o nosso país tenha prioridades infinitamente superiores à recuperação da memória passada. Outras prioridades importantes foram atendidas no passado em detrimento de outrasnão tão importantes... agora temos bons estádios de futebol, bem apesar de nos faltarem hospitais e centros de saúde... mas isto são pormenores de menos importância. O parque nacional é imenso e cada região do parque tem os seus problemas particulares muito mais importantes do que a zona dos Carris. Não consigo compreender é como passados mais de 30 anos do encerramento das minas a degradação seja já irrecuperável... foi algo que se perdeu, que se deixou perder que nunca mais voltará... finito!
Inseridas na área do PNPG, este nada fez para preservar a memória dos Carris. Com o passar do tempo esta vai-se apagando... talvez seja essa a estratégia, vancer pelo cansaço... deixar as coisas apagar, a memória apagar aos poucos...
Entretanto vai-se mantendo o costume pidesco de se vigiar quem deseja fazer algo pela nossa memória... Talvez amedrontando com coimas e multas o se consiga afastar os amantes do local... Talvez com os agentes no terreno, velhas memórias dos ratos cinzentos e barrigudos, se consiga afastar os amantes do local... No entanto, é degradante para mim como cidadão pagante de impostos (e desculpem o velho chavão..) ver como a memória do meu país se vai perdendo... degradando... degradante...
Não me queixo do país 'que temos', queixo-me de quem o governa... queixo-me de quem nomeia e de quem é nomeado... queixo-me das pessoas não terem a capacidade de ver mais ao longe, de ansiar por mais... Mas pronto, é o que temos e talvez seja mais útilpara o intelecto nos dedicarmos à seborreia diária dasnovelas televisivas do que ousar desejar mais...
...paro por aqui, não tenho o dom da palavra...
Fotografias © Rui C. Barbosa
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