Carris, 20 de Dezembro de 2005
Ao chegar às Minas dos Carris a característica que mais nos impressiona é o estado no qual se encontram os edifícios que constituíam uma verdadeira aldeia mineira na Serra do Gerês. Ao caminharmos por entre as ruínas podemos tentar adivinhar qual a função de cada edifício, mas as paredes nuas que lá existem tornam esse exercício muito difícil.
Mesmo antes de passarmos pelo pequeno muro que marca o limite das minas deparamos com vários edifícios dos quais sobressaem quatro casas situadas à nossa esquerda numa pequena não muito longe do marco geodésico de Carris a 1506 metros de altitude. Estas quatro casas possuíam duas divisões que seriam ocupadas por pessoal superior da mina. De notar que estas quatro casas não surgem no plano original de construção de edifícios nas Minas dos Carris apresentado pela Sociedade Mineira dos Castelos, Lda., tendo provavelmente sido construídas mais tarde. As últimas referências mostram que estas casas foram ocupadas pela última vez nos anos 70.
Abaixo destas quatro casas e ligeiramente para a direita encontra-se um edifício que era um dormitório. O plano original apontava para um edifício no qual estariam incluídos o dormitório e refeitórios. Provavelmente este plano terá sido alterado, construindo-se separadamente um dormitório para os mineiros e um pouco mais afastado um refeitório. Este refeitório será o grande edifício de pedra que encontramos do lado esquerdo após passar o limite marcado pelos dois pequenos muros no final do caminho até aos Carris. Em frente ao refeitório foi inicialmente construído um bloco de casas para casais. Era composto por nove compartimentos, sendo sete quartos, uma sala de estar comum e um balneário comum. Mais tarde terão sido construídos dois anexos a este último edifício e nos quais funcionaria uma espécie de oficina mecânica.
Aspecto do interior do edifício destinado aos casais. É agora difícil de imaginar que este edifício estava dividido em vários compartimentos (27 de Janeiro de 2007).
O interior da cantina (27 de Janeiro de 2007).
Passando estes edifícios e dirigindo-nos em direcção ao chamado Penedo da Saudade, encontramos uma nova série de construções. À nossa esquerda surge um edifício nos quais funcionavam escritórios e uma pequena cantina. Era neste edifício onde se faria a entrega e o depósito de minério, sendo composto por uma arrecadação, um gabinete técnico, dois escritórios, uma secção para a entrega do minério e uma outra para o seu depósito. Neste edifício estava também localizado o gabinete da administração das minas, uma cantina e um escritório da cantina. Por detrás deste edifício localizavam-se oficinas e uma enfermaria composta por um hall de entrada, um pequeno quarto e um quarto maior de para serviços de enfermagem. Estes edifícios ajudam hoje a formar o que muitos designam como a 'avenida principal dos Carris'.
O antigo edifício onde estavam os escritórios e uma pequena cantina (19 de Maio de 2007).
Ao longo desta 'avenida' existiam novos edifícios sendo na altura a casa de habitação para o pessoal superior da mina no qual estava incluída uma cozinha exterior, casas de habitação e um armazém (imagem inicial desta entrada no blogue). A casa de habitação para o pessoal superior da mina era composta por sete quartos, sendo um deles de maior dimensão, uma sala de jantar e uma varanda exterior. A cozinha era ligada a este edifício e era composta por uma despensa e pela cozinha propriamente dita. Não muito afastado deste edifício existia ainda um balneário com quatro chuveiros e... retretes!
O que resta dos balneários das Minas dos Carris (18 de Março de 2007).
Do edifício para o pessoal superior da mina hoje somente restam as fundações e a cozinha que na imagem está localizada no centro à direita do edifício dos escritórios. Ao lado deste vê-se o pequeno edifício que servia de oficina (19 de Julho de 2007).Fotografias © Rui C. Barbosa
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