Regente Florestal durante vários anos, a presença de Tude de Sousa na Serra do Gerês iria terminar em 1915, sendo-lhe atribuída pelo Governo outras tarefas longe destas paragens...
Em finais de Fevereiro de 1915, era dada a ordem para Tude de Sousa se apresentar em Lisboa, onde a sua presença era então determinada pelo ministro do Fomento, sendo solicitado pelo Ministério da Justiça. À equipa que o acompanhava seria dado o encargo de estudar as condições de apropriação a uma Colónia Penal Agrícola, da Quinta do Bom Despacho e anexas, onde funcionara até Outubro de 1910 uma escola agrícola dos padres da Congregação Missionária do Espírito Santo e da qual Tude de Sousa viria a ser futuro director.
Após realizada a visita e após envio do relato verbal do que consideravam sobre o trabalho que lhes seria mais tarde atribuído, regressava ao Gerês por breves semanas, voltando posteriormente para Lisboa de forma definitiva. A 17 de Abril de 1915 era nomeado director da Colónia e a 1 de Maio tomava posse desse cargo, desligando-se assim definitivamente dos Serviços Florestais na Serra do Gerês.
Os relatos de Tude de Sousa sobre os Serviços Florestais na Serra do Gerês, nos quais se basearam estes textos, após esta data, são escassos. Porém, felizmente, ainda nos relatou alguns factos ocorridos em 1915, nomeadamente a "Festa da Árvore" realizada neste ano.
Desde que a Festa da Árvore fora instituída, esta não havia sido deixada de se fazer na Serra do Gerês. Assim, a 7 de Março de 1915 fez-se na serra em conjunto com as crianças da Escola Primária, a plantação de 50 árvores (cedros do Buçaco e cupressus macrocarpa) - na encosta de Vidoeiro, junto e por cima da estrada para a Pedra Bela.
Pouco depois, a 5 de Abril, a revista Ilustração Portuguesa fazia o relato desta iniciativa, "A festa da árvore, no Gerês, teve este ano uma feição caracteristicamente florestal: a 2 quilómetros da povoação, em plena montanha, fizeram as crianças a plantação de 50 árvores, no mesmo terreno onde a Mata Nacional fazia as suas plantações de ano corrente.
Desta maneira a escola primária do Gerês contribuiu com uma parcela do seu trabalho educativo para o enrequecimento da sua terra pela árvore.
A romagem para a montanha, a que não faltou nenhum dos requisitos que criam o entusiasmo, deu à festa todo o ar e animação de verdadeira romaria minhota, onde acudiram com carinho muitos devotos do amor de que a árvore tanto carece ainda."
Texto adaptado de "Mata do Gerês - Subsídios para uma Monografia Florestal" (Tude Martins de Sousa, 1926)
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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