sexta-feira, 11 de abril de 2025

Paisagens da Peneda-Gerês (MDCCCXV) - Carris (panorama)

 


Uma panorâmica dos pontos mais elevados da Serra do Gerês obtida desde as proximidades do marco geodésico dos Carris, abrangendo o Altar de Cabrões, Pico do Sobreiro, Cabreirinha, Pico da Nevosa e os Cornos da Fonte Fria.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Programa das XIV Jornadas Galego-portuguesas de Pitões das Júnias

 


E aqui está o cartaz do programa das XIV Jornadas Galego-portuguesas de Pitões das Júnias que terão lugar a 10 e 11 de Maio de 2025.

Previsão meteorológica para Nevosa/Carris (11 a 18 de Abril)

 


Os próximos dias serão de instabilidade atmosférica com chuva e trovoadas localizadas e de difícil previsão. Nota para a possibilidade de queda de neve nos pontos mais altos da Serra do Gerês entre 14 e 16 de Abril.

quinta-feira, 10 de abril de 2025

Paisagens da Peneda-Gerês (MDCCCXIV) - Branda (do Poulo) da Seida

 


Memórias da transumância na Serra de Soajo e dos dias de batida ao lobo, são os velhos abrigos da Branda (do Poulo) da Seida. 

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

O Salto do Lobo e a Corga de Lamalonga nos mapas OSM

 


Este pequeno texto tem como objectivo tentar corrigir um erro que é comum em todos os mapas OSM que são utilizados por muitas aplicações de orientação nos dispositivos móveis.

Os mapas OSM (OpenStreetMap) definem-se como "um mapa do mundo, criado por pessoas como tu e de uso livre sob uma licença aberta." Assim, é baseado na contribuição que cada um de nós pode dar para que esses mapas acabem por ser o mais completo possível. Porém, e em muitos casos, o facto de muitos contribuidores quererem ser «os melhores» ou mesmo acabarem por ser «enganados» pelos mapas oficiais, acaba-se por introduzir erros que se vão propagar como fogo num campo de erva seca, sendo depois complicada e demorada a correcção desses mesmos erros.

Além de outros, um erro comum que tenho observado no OSM relativamente à toponímia da Serra do Gerês, é a designação de "Salto do Lobo" surgir mal assinalada, nomeadamente no topo da Corga de Lamalonga.


O que nos mostra a Carta Militar de Portugal do Instituto Geográfico do Exército? A seguir mostro um excerto da Folha 31 com trabalhos de campo de 1949. A localização do Salto do Lobo está bem definida e a referência à Corga de Lamalonga segue o curso de água que a define. 

O Salto do Lobo foi a localização inicial da descoberta do filão de volfrâmio que mais tarde daria lugar às Minas dos Carris.

De notar que o manifesto mineiro de pedido de concessão datado de 24 de Junho de 1941, refere a designação de "Corga do Salto do Lobo"...

Por outro lado, as fotografias da época mostram o interior do Salto do Lobo. Por exemplo, a fotografia a seguir, possivelmente datada de Junho ou Julho de 1942, mostra a extremidade Este do Salto do Lobo (a seta referenciada como ‘Continuação da Corga’ assinala a passagem para o vale / corga de Lamalonga) e a extremidade Oeste do Salto do Lobo na direcção das Lamas da Carvoeirinha.


A fotografia seguinte mostra a zona antes de se aceder ao Salto do Lobo. De notar que algumas das notas na fotografia estão erradas; por exemplo, onde se lê "Corga do Salto do Lobo" deveria estar "Corga e Lamas da Carvoeirinha," por onde meses mais tarde seria aberta a parte final da estrada de acesso ao complexo mineiro.


Assim, o que temos nos mapas OSM? A imagem a seguir foi obtida no dia 11 de Abril de 2025 através do computador (ver aqui). Onde está "Corga da Carvoerinha" deveria estar "Salto do Lobo"...


As duas imagens seguintes foram obtidas nas aplicações 'Gaia GPS' e 'Mapy.com', com a terceira imagem sendo extraída ‘on-line’ do sítio web da aplicação Outooractive. Baseadas no OSM, mostram o Salto do Lobo no topo da Corga de Lamalonga (tirando partido da localização da Lavaria Nova das Minas dos Carris situada no extremo Norte da Corga de Lamalonga). 




Mas, de onde virá o erro? Voltamos à Carta Militar de Portugal do Instituto Geográfico do Exército. A imagem a seguir mostra um excerto da Folha 31 com «trabalhos de campo» de 1996. De facto, o "Salto do Lobo" vem assinalado junto das ruínas da Lavaria Nova (que ainda não existia em 1949), o que com a limitação da escala da carta topográfica e a sua incorrecta colocação, leva a que este erro seja propagado não só nos mapas OSM, mas também em quem utiliza a versão mais recente da Carta Militar.


Assim, temos aqui o resultado da utilização destes dispositivos em detrimento das Cartas Militares e estas, na sua versão mais recente, são baseadas em "levantamento, digitalização, processamento e desenho por meios automáticos executados pelo Instituto Geográfico do Exército."

Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Excertos da Folha 31 da Carta Militar de Portugal © Instituto Geográfico do Exército (Todos os direitos reservados)

quarta-feira, 9 de abril de 2025

45 resgates nas praias portuguesas num só dia

 


Num dia, resgataram-se mais pessoas nas praias portuguesas do que num ano no Parque Nacional da Peneda-Gerês.

"45 resgates nas praias portuguesas num só dia", ai se isto fosse na montanha!

Não vimos Presidentes de Câmara "cheios de soberba e de rei na barriga" a dizer que é necessário cobrar os resgates.

Não vimos comentários idiotas sobre os resgates e resgatados.

Não vimos os insultos sobre quem pratica actividades de montanha.

Não vimos ideias mirabolantes e peregrinas de construir miradouros e passadiços para «diminuir os acidentes».

Muitos, calados, criam epopeias como os Lusíadas.

"A Estátua-Menir da Ermida"

 


O livro é quase ele mesmo uma descoberta! "A Estátua-Menir da Ermida" é um magnífico pequeno livro que nos conta sobre a descoberta e estudo da estátua-menir da Ermida, Ponte da Barca, e um belo acrescento para a biblioteca de temas sobre o Parque Nacional da Peneda-Gerês.

O livro foi uma edição da Câmara Municipal de Ponte da Barca e do Parque Nacional da Peneda-Gerês... quando o dinheiro do Estado não servia para salvar os bancos.

Paisagens da Peneda-Gerês (MDCCCXIII) - Narcisus triandus L.

 


O Narciso (Narcisus triandus L.) é uma das plantas que embeleza o Parque Nacional da Peneda-Gerês nos dias primaveris.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

terça-feira, 8 de abril de 2025

Serra do Gerês - Entre a Portela de Leonte e a Pedra Bela

 


A jornada não foi muito extensa, levando-me a calcorrear as paisagens da Serra do Gerês entre a Portela de Leonte e a Pedra Bela com passagem pelo Vale de Teixeira.

O dia surgiu temperado com uns tons de ar frio, sinal de que a Primavera já cá está, porém, ainda meio-estremunhada. Romagem à Portela de Leonte e as explicações sobre os primeiros dias do Parque Nacional da Peneda-Gerês que foi inaugurado naquele lugar. Sim, explicações para o casal que acompanhei neste dia, pois a caminhada foi guiada no âmbito da RB Hiking & Trekking em serviço para a Explore Iberia.

Já com alguns dias de caminhadas ao longo da Grande Rota da Peneda-Gerês, o Gary e a Isobela não deixaram de se maravilhar e dizer maravilhas deste tesouro natural no Norte de Portugal. Paisagem incógnita por entre a promoção turística de actividades de montanha, talvez - na sua opinião - se deva manter assim mesmo; apenas a conhecer para quem quer desfrutar de uma Natureza que, apesar de humanizada, não deixa de ser única e por esta razão mereceu a classificação que a caracteriza.

Num concelho onde a promoção das actividades de montanha é quase inexistente para além dos resistentes, goza-se de uma sazonalidade que existente e da qual muitos se queixam, não deixam de a promover. Venham-se as festas e as animações do estio que o povo quer, é isso mesmo... siga a rusga!

Pois então, o Parque Nacional da Peneda-Gerês seria inaugurado com a pompa e na circunstância que quiseram no dia 11 de Outubro de 1970 com a presença do então Presidente da República (Américo Tomás), acompanhado pelo então Presidente da Assembleia Nacional (Carlos Monteiro Neto), Ministro do Interior (António Manuel Rapazote), Secretários de Estado das Obras Públicas (Rui Sanches) e da Agricultura (Vasco Leonidas), Governadores Civis de Viana do Castelo (António Simões Pinto), Braga (António Santos da Cunha) e Vila Real (Manuel da Silva Almeida), e outras autoridades nacionais, além - naturalmente - do primeiro Director do Parque Nacional da Peneda-Gerês (Lagrifa Mendes).

De notar que, curiosamente, o Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) só seria estabelecido por Lei a 8 de Maio de 1971, sendo esta considerada a data da sua criação.

A Portela de Leonte, que então era prevista ser uma porta de encontrada para o PNPG, é ponto de início de muitos percursos que nos levam a diferentes pontos da Serra do Gerês. Subida muitas vezes calcorreada para o acesso ao «maciço central» geresiano, a Costa do Morujal é percorrida por um carreiro que após algumas dezenas de metros se transforma num magnífico percurso rudemente lajeado, mas que nos deveria lembrar das agruras e dificuldades da vida serrana de há um século ou mais. É por aqui que ainda nos nossos dias podemos testemunhar a subida da vezeira vinda dos lugares mais abaixo no Vale do Rio Gerês.

Tendo dificuldade em datar os trabalhos que transformaram parte daquele caminho num acesso lajeado em granito, não deixa de ser impressionante o trabalho ali existente para facilitar o acesso às pastagens de altitude na transumância que ainda se vai fazendo por estas paragens.

Ziguezagueando costa acima, o caminho leva-nos à Chã do Carvalho enquanto o Pé de Cabril se avoluma e afunda na paisagem. A Primavera chegou a estas paragens e a profusão de flores vai-se fazendo sentir; depois dos crocus (açafrão) que anunciaram a chegada da estação, os recantos vão-se preenchendo com os narcisos, noselhas, margaridas, ervas-das-sete-sangrias, arenárias (Erythronium dens-canis), etc., ao mesmo tempo que as árvores se vestem a preceito para os dias que se avizinham. Não tarda e a paisagem irá receber as abrótegas e os fugazes lírios-do-Gerês, anunciando o Verão.



O caminho leva-nos a passar algumas varandas sobre a Mata de Albergaria com a sua nova folhagem que vai preenchendo o espaço, enquanto os cumes apontam aos céus. Por entre a paisagem granítica, somos chegados ao Prado do Vidoal com o seu peculiar abrigo pastoril. Aqui, uma breve paragem para falarmos da ocupação milenar dos espaços serranos e daquele espaço em particular, assinalando o que penso ser três fezes distintas testemunhadas com a presença de tímidas ruínas de velhos abrigos pastoris.

Tendo como tela de fundo a Roca d'Arte e os cumes do Pé de Cabril e Carris de Maceira, o Vidoal é sempre ponto de paragem um pouco mais prolongado antes da romagem ao Colo da Preza, ladeando a face Norte do Outeiro Moço. Perscrutando as voltas da serra e as dobras na paisagem, desta vez as cabras-montesas foram astutas no disfarce. Por entre o constante chilrear da passarada e o fugaz voo de uma ou outra rapina, somente os garranos se dignaram com a sua presença. Raça ibérica autóctone, os garranos deambulam livremente pela paisagem e sendo nativos do Minho e Trás-os-Montes, acabam também por desempenhar o seu papel na prevenção desta paisagem e nos incêndios rurais.

Antes da chegada à Preza, uma curta paragem para assinalar a presença dos teixos em várias corgas não muito afastadas do Curral de Lavadouros. Sendo uma das árvores da flora portuguesa mais rara e ameaçada, o teixo é odiado por ser muito tóxico, mas é também esta toxicidade que o torna um importante activo no tratamento do cancro. "O teixo é conhecido desde a antiguidade, não só pelas características da sua madeira, mas pela sua toxicidade. Apenas o invólucro vermelho e carnudo da semente é comestível. A casca, ramos, folhas e sementes podem ser mortais, o que levou ao abate de teixos em muitos locais e a diversos mitos nas culturas antigas. Mas no que uns viram uma ameaça, outros encontraram uma solução: a toxicidade do teixo deve-se aos alcaloides que produz e que ganharam importância em medicamentos para o tratamento do cancro." (Fonte) No PNPG podemos observar interessantes núcleos desta árvore com alguns indivíduos que já deverão ter certamente ultrapassado os 1.000 anos.




Somos então chegados ao Colo da Preza que nos proporciona uma vista única sobre o Vale de Teixeira com os prados do Camalhão e de Teixeira. Lugar muitas vezes ventoso, é aqui onde iniciamos finalmente uma descida que irá terminar no Curral do Camalhão depois de se passar pelo Curral do Junco e de se percorrer a Garganta da Preza. Na Preza e um pouco mais abaixo no carreiro, são possíveis de observar dois dos antigos marcos que assinalavam o limite do perímetro florestal do Gerês estabelecido em Agosto de 1888. Este perímetro foi em vários pontos assinalado com marcos graníticos (tais como se pode observar na Preza, Junco, Lomba de Pau, Pedra Bela, etc.), com marcos semelhantes a marcos geodésicos (Escuredo), marcos triangulados (Pedra Furada) ou com cruzes gravadas em baixo-relevo (Pedra Bela, vários pontos da Encosta do Sol, Cruz do Touro, etc.). Muitas vezes estes sinais podem ser confundidos com os limites de freguesias, como se pode observar no Prado do Vidoal.

Descendo por entre carreiros e atravessando pequenos regatos que mais adiante se vão encorpar para dar volume ao Rio Arado, somos então chegados ao Curral do Camalhão para um já merecido descanso. Entretanto, o dia havia se tornado num prelúdio de Verão com o céu tingido de poeiras e nuvens a ameaçar uma intempérie que haverá de chegar dias depois.




Saciada a sede e aclamados os estômagos, seguimos então caminho percorrendo parte do Vale de Teixeira até que as velhas (e novas) mariolas nos levaram a atravessar o pequeno rio e nos conduziram pela Encosta da Boca do Suero até eventualmente chegarmos ao Curral da Lomba do Vidoeiro, seguindo depois para a Chã de Carvalha das Éguas ao percorrer já o traçado da GR 50 Grande Rota da Peneda-Gerês. Este é um muito interessante percurso que, iniciado na Ameijoeira (Castro Laboreiro) e terminado em Tourém, nos leva a conhecer a diversidade de paisagens do PNPG ao longo de cerca de 190 km dividido em onze etapas.

Deixaríamos a GR 50 um pouco mais adiante, tomando então a direcção do Curral da Espinheira e da Pedra Bela onde terminaria a caminhada com uma magnífica vista sobre o Vale do Rio Gerês.

Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Paisagens da Peneda-Gerês (MDCCCXII) - Penemeda e o Outeiro Alvo

 


Um magnífico enquadramento com a Penameda e o Outeiro Alvo (com a casinha de Alteiral), Serra da Peneda.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

XIV Jornadas Galego-portuguesas de Pitões das Júnias

 


As XIV Jornadas Galepo-portuguesas terão lugar a 10 e 11 de Maio de 2025 em Pitões das Júnias.

Brevemente será divulgado o calendário do evento.

segunda-feira, 7 de abril de 2025

Paisagens da Peneda-Gerês (MDCCCXI) - Cabanas Novas e as Casarotas

 


Um dos abrigos pastoris do Curral de Cabanas Novas, Serra do Gerês, tem como pano de fundo o alto das Casarotas, Serra Amarela, numa perspectiva que passa pelo Palão, vigilante do Vale do Alto Homem.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Festival Aldeia de Lobos 2025

 


O Festival Aldeia de Lobos regressa em 2025 nos dias 11 e 12 de Julho na aldeia de Fafião.

domingo, 6 de abril de 2025

Trilhos PNPG - Trilho das Brandas da Gavieira

 


Neste dia, as botas rumaram à Serra de Soajo para percorrer o PR16 AVV TRilho das Brandas da Gavieira.

Este é um percurso com uma distância de 9,3 km que se inicia em Rouças. Percurso linear, leva-nos a visitar a Branda de Gorbelas, a Branda (do Poulo) da Seida e o magnífico Fojo da Seida, ao longo de paisagens de montanha que nos fazem mergulhar num passado silencioso do Parque Nacional da Peneda-Gerês.

O folheto inicial do então denominado "Trilho das Brandas" pode ser encontrado aqui. A informação oficial do Trilho das Brandas da Gavieira (PR16 AVV) pode ser encontrado aqui.



Iniciando em Rouças, o percurso (linear) começa desde logo por testar as nossas capacidades físicas. Atravessando o casario por entre velhas construções, o traçado do PR16 AVV vai atravessar o Rio Gingiela na Ponte de Vervã, iniciando uma longa subida inicialmente pelo vale do Rio da Pedradona e tirando partido de velhos caminhos rurais que eram antigamente utilizados para chegar às brandas em altitude. Agora num estado decrépito, estes caminhos contam histórias das idas e das voltas quando as brandas eram ocupadas pelo gado nos meses de Verão (os animais subiam ainda antes da Páscoa e ali permaneciam até ao Natal).

Empinando serra acima, o caminho vai-nos levar ao Porto da Laje, continuando para a Branda Gorbelas. As brandas podem ser caracterizadas como espaços "de cultivo ou brandas de gado e localizam-se no planalto ou em chãs de altitude." Geralmente, "são núcleos habitacionais temporários cujos terrenos são usados para a agricultura ou alimentação do gado, durante a Primavera / Verão, quando essas áreas de montanha apresentam condições mais favoráveis a essas actividades humanas. Em contraposição às brandas surgem as inverneiras - núcleos habitacionais onde as populações passam o Outono e Inverno (daí o nome). Presentemente, nessa transumância imposta pelas condições agrestes do meio, nas aldeias que ainda mantém essa migração, as populações apenas transportam consigo o gado e alguns haveres." (fonte).




Chegados à Branda de Gorbelas mergulhamos num passado longínquo tanto em termos humanos como em termos geológicos. A branda está já descaracterizada pelas necessidades de se proporcionar um maior conforto de quem dela tira partido. Porém, não deixa de impressionar todo o trabalho ali realizado ao longo de séculos na criação e manutenção daquele lugar. Actualmente somente utilizada para o apascentamento dos animais, os campos eram em tempos cultivados com centeio ou batata, actividade agora abandonada. As velhas casas, a divisão dos pequenos campos e os muros que caracterizam a paisagem, leva-nos a um passado onde a resistência humana naquelas paragens era forma de vida.

Por outro lado, e recuando milénios no tempo, entramos num cenário onde os glaciares moldaram a paisagem. "Este local é uma excelente mostra de glaciação ocorrida durante o Pleistocénico, testemunhando a importância dos episódios de glaciação na Serra da Peneda e, no geral, nas montanhas do noroeste de Portugal. Aqui, é possível observar um grande conjunto de moreias laterais e de blocos morénicos dispersos e, a 900 m de altitude, a existência de till subglaciário com cerca de 3 m de espessura, de material com elevada dureza e compactação, cor clara e predomínio de uma matriz silto-arenosa envolvendo calhaus rolados de diferentes calibres. Este depósito (till) foi posto a descoberto em taludes aquando de trabalhos de recuperação e manutenção da estrada que liga a aldeia de Gavieira às brandas de Junqueira e de Gorbelas (...)."



Atravessando a branda, o percurso leva-nos por pequenos carreiros que nos conduzem à Corga da Seida e logo a seguir a uma chã onde encontramos a Branda (do Poulo) da Seida. Constituída por um interessante conjunto de construções (abrigos pastoris) de falsa cúpula, encontramos edifícios de tamanhos distintos. Caracterizados por um estado de ruína (na sua maior parte), não é difícil imaginar o local em pleno uso. Não é fácil tentar datar estas construções rupestres e chama-se especial atenção para uma pequena cruz granítica junto de um dos abrigos e para a sua nascente de água fresca.

Tendo como objectivo atingir o grande fojo, prosseguimos então para a Chã da Seida, à vista das Lamas do Vez, e aqui flectimos à esquerda, encontrando quase de imediato o muro esquerdo do grande Fojo da Seida. O muro desenvolve-se na face Poente do alto da Seida, fazendo a convergência com o muro direito que se desenvolve na encosta aposta ao pequeno vale.

O regresso foi efectuado na maior parte pelo mesmo traçado, fazendo um pequeno desvio para observar o Circo Glaciar do Ramisquedo (A glaciação Plistocénica do Alto Vez (PNPG): morfometria dos circos e espessura da língua glaciária).

Antes que façam os comentários sobre Serra de Soajo / Serra da Peneda, recomendo a leitura do artigo Serra do Soajo ou Serra da Peneda?































Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)