Localizando-se em plena Serra do Gerês e numa das suas áreas mais acidentadas, o acesso à Mina do Salto do Lobo era inicialmente feito por trilhos de montanha localmente designados como “carreiros”. Porém, para um melhoramento das infra-estruturas mineiras que trouxessem o consequente aumento de produtividade seria necessário recorrer à abertura de uma estrada até ao local de mineração.
A opção mais óbvia seria abrir o caminho tirando partido de um percurso de montanha que percorria o Vale do Alto Homem desde o Vale de S. Miguel, beneficiando da ligação já existente ente a Portela do Homem e a Portela de Leonte, e depois até Braga passando pelas Caldas do Gerês. Este caminho iniciava-se junto de uma velha ponte de madeira que atravessava o Rio Homem perto do denominado Curral de S. Miguel. Esta ponte era já na altura erradamente referida como Ponte de S. Miguel, ponte esta que estava localizada várias centenas de metros a jusante da ponte de madeira e que havia sido destruída pelas populações serranas aquando da Restauração. O caminho percorria o Vale do Alto Homem até ao local chamado Água da Pala e aqui atravessava o Rio Homem para a sua margem direita que era percorrida até alguns metros acima do Cabeço do Modorno, voltando para a margem esquerda e continuando até à Chã das Abrótegas.
Era através deste caminho que Manuel Lages, então com 8 anos, transportava barrotes de madeira com 2,5 metros de comprimento, “era uma vida muito dura, mas tínhamos de trabalhar. Em Albergaria, onde começava um estreito carreiro, carregávamos os barrotes e dali caminhávamos toda a manhã até aos Carris, regressávamos a Leonte e de tarde voltávamos a fazer o mesmo!” Muitas destas jornadas demoravam um dia completo, com os homens a pernoitarem no Palão do Concelho, onde cabiam dez homens, a meio do Vale do Rio Homem, junto às Curvas do Febra. O minério era trazido em mulas desde as explorações nos Carris até Albergaria, onde era colocado em camionetas que o levavam para o Porto. A sociedade possuía vários estábulos nas Caldas do Gerês, mais precisamente em Pedrógo, que serviam de abrigo às mulas.
Em princípios do século XXI ainda eram vulgares as histórias do minério pela oralidade dos mais idosos. As gentes de Fafião, Cabril, Pincães, Outeiro ou Pitões das Júnias, contam as histórias dos dias de miséria a calcorrear as serranias entre as aldeias e as minas (Carris e Sombras) a “carregar pedras de minério num cesto de verga a cabeça, pela serra sozinha e com os filhinhos pequeninos”, tal como se recordava Fernando de Matos, natural de Fafião, contado pela sua avó.
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