Campo do Gerês, antiga paróquia medieval, padroado real e, talvez pelo seu orago protector S. João Baptista, foi considerada por clássicos como comenda dos Cavaleiros do Templo. Nos tempos medievos, integrou-se S. João de Campo na circunscrição administrativa da “Terra de Bouro”, que segundo as Inquirições de 1220 aglutinava cerca de 70 freguesias.Trata-se de um território de importância histórica constatada pela sua posição excêntrica e raiana, pelas suas tradições comunitárias arcaicas e pelas suas antiguidades arqueológicas.
Situada na margem esquerda do rio Homem, em plena Serra do Gerês e no extremo NE do concelho de Terras de Bouro, confronta com a não menos antiga paróquia de Covide, com o concelho de Ponte da Barca e com a vizinha Galiza. Templário ou não, é povoado antigo com certeza porquanto são inúmeros os achados que testemunham uma arcaica, persistente e contínua ocupação humana do seu território, desde tempos pré-históricos até hoje, como evidenciam os túmulos megalíticos, também conhecidos por mamoas da Bouça da Chã, de Fundevila e da Bouça do Cruzeiro, ou como testemunha o Castro de Calcedónia.Instalado na vertente sudoeste do relevo da Picota, a uma altitude média de 630m, o lugar do Assento, principal núcleo populacional da freguesia de Campo, apesar dos excelentes exemplares de arquitectura rural de montanha que ainda exibe, encontra-se já bastante alterado na sua malha original.
Iniciou-se aqui, nas décadas de setenta e oitenta, como aliás no resto do país, a vaga de construção menos tradicional, constituindo uma alteração sentida quer ao nível dos materiais, estrutura e volumetria, quer na implantação dos edifícios, extravasando estes, por vezes, os limites interiores do tecido do povoado, ocupando lenta, mas inabalavelmente, terrenos de cultivo ou bosquetes marginais à estrada. Aqui e ali, ainda se descortinam, por entre os arruados estreitos, alguns canastros com as suas cruzes cimeiras, ou algumas varandas com madeiramentos costumeiros, abertas ao logradouro.
A Igreja matriz de Campo do Gerês, que teria sido edificada com materiais remanescentes do templo anterior, apresenta sobre a sóbria fachada, ao centro, um pequeno campanário e nas empenas tem as cruzes floreteadas da via sacra. Dentro, além do altar-mor, tem os colaterais de Nossa Senhora do Rosário, do Coração de Jesus, de Jesus Crucificado e o de Nossa Senhora de Lurdes.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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